CARTA FORA DO BARALHO
Ele repudiava qualquer tipo de ignomínia que fosse praticada nas ações humanas. Considerava o ser humano, em geral, corrupto e cheio de malícia para praticar o mal, capaz de afastar as amizades conquistadas. Não entendia, por exemplo, por que o homem, ingurgitado de sabedoria, inteligência e perspicácia, o bendito ser humano, feito á imagem divina é capaz de demonstrar o seu lado sombrio e obscuro de seu ser, uma alma negra e ofuscada pelos pensamentos pecaminosos. João, assim se chamava o homem que se achava diferente de todos e de todas e que não tinha, no íntimo de seu ser, qualquer animosidade diabólica, vivia às claridades do céu, com os seus modos lunáticos de aludir ao nome de Deus, peremptoriamente decidido a não praticar o mal, com o seu livro divino, a Bíblia, sobraçada, para espantar os olhos pestíferos e pecaminosos de seus inimigos!
João (inacreditável acreditar!) não se via nos jogos pecaminosos de certos indivíduos de seu mundo, portanto não se considerava um jogador de baralho que está ali, em maioria, apenas com a antevisão de seus próprios interesses por intermédio de pensamentos trapaceiros. Não, João não fazia parte dessa congregação de interesseiros. Não! Ele era bastante religioso e muito compenetrado com a sua fé fervorosa e persistente.
Um dia, ao chegar perto de sua igreja evangélica, para o culto habitual, ouvindo alguns rumores de vozes vindas de um grupo que estava instalado em frente à casa de Deus, discutindo as divisões pecuniárias entre os membros do grupo, João concluiu, de si para si, com o seu ar religioso e recalcitrante na palavra de Deus:
- Ainda bem, graças a Deus, que sou considerado CARTA FORA DO BARALHO, para o meu infinito e bendito bem!