A menina que queria ter uma avó
Quase todas as tardes a menina ia para casa daquela senhorinha que morava próximo a sua casa. Dona Bela, ou simplesmente, Bela, como ela a chamava, morava em uma casa bem pequena de apenas três cômodos. Lar simples, mas de limpeza impecável. Essa senhora morava com o marido e apenas uma filha. Quando a menina ia lá, geralmente o marido e a filha não estavam em casa, por isso, a menina se sentia bem à vontade para conversar. Dona Bela era uma senhora de baixa estatura e pele clara. Seu cabelo liso com muitos fios brancos ficava sempre coberto por um lenço. A menina tinha em torno, de onze anos de idade, era tímida, de corpo frágil, mas bastante curiosa e observadora.
A menina tomava café e comia uns bolinhos deliciosos. Dona Bela também fazia cavaco e geladinho. Como sabia que a menina gostava de feijão com abóbora e cortadinho de carne com quiabo, Dona Bela sempre que podia preparava essas delícias e guardava um pouco para ela.
No quintal da casa, Dona Bela criava patos e galinhas e a menina gostava de ver os bichinhos. Ela pedia a Dona Bela para jogar milho no chão, pois gostava de ver as aves se alimentando.
A menina gostava muito de conversar com Dona Bela. Era tanta conversa que a menina ficou sabendo que Dona Bela era da cidade de Maracás, interior da Bahia, ela foi trazida por uma família de Salvador para trabalhar como babá quando tinha 12 anos de idade. Bela perdeu contato com a família e isso era algo que ela tinha saudade e apartava o seu coração.
O tempo passou, a menina cresceu, foi morar em outro lugar, já não mais contatava com Dona Bela como antes, mas sempre que podia, ia visitá-la. Para Dona Bela, ela continuava a ser aquela menina.
Faz alguns anos que Dona Bela faleceu, tinha em torno uns 80 anos. Ou melhor, ela descansou nos braços do Senhor. Cumpriu a sua passagem aqui na terra.
Aquela menina, hoje é uma mulher madura, mas apesar do tempo, não apagou da sua memória a figura daquela senhora que ela a eternizou como a sua avó. Dona Bela permanece viva nas suas boas e felizes lembranças.
Verônica Almeida.
31 de maio de 2020.