Luke Dean
CAPÍTULO 1
Luke tinha os olhos fixos nas luzes da cidade, com uma taça de vinho na mão, e girando o celular na outra. Ele sempre gostou da noite, por causa das luzes. Amava quando estava em algum voo a noite e podia ver aquilo tudo de cima. Estava na sacada do prédio para o qual mudara há menos de um mês. Ainda havia algumas caixas pelo chão com alguns pertences que precisam ser arrumados. O que ele ia fazendo aos poucos durante a semana, entre a correria do dia a dia.
Ele estava pensando em como as coisas tinham mudado, não era mais o Luke de cinco meses atrás, quando tudo aconteceu. Sim, estava preparado para recomeçar. Não era isso que sempre buscou? O trabalho que queria, numa cidade que tinha muito pra descobrir e ainda sozinho, longe de tudo e de todos que conhecia. Era o cenário perfeito.
O interfone tocou e trouxe Luke de volta de onde quer que estivesse. Colocou a taça de vinho, ainda pela metade, na bancada da cozinha e atendeu:
- Sim?
- Sr. Luke, desculpe o horário, - Luke olhou no celular e viu que já era quase dez horas – mas chegou uma encomenda para você. Disseram que é importante. Pode descer aqui na recepção?
Uma encomenda? Mas de quem poderia ser, ou melhor, quem teria seu endereço novo? Bom, poderia ser algo do trabalho. Mas essa hora?
- Ok, vou descer. Obrigado.
E desligou.
Ao chegar no elevador e apertar o andar da recepção notou que tinha uma notificação de mensagem, de um número desconhecido. Luke franziu a testa.
“Nós precisamos de você.”, dizia a mensagem. Estranho, ele pensou. Quem poderia ser? Bem, as pessoas enviam qualquer mensagem hoje em dia.
O conhecido bipe do elevador indicou que ele havia chegado e as portas se abriram. James, que era o cara da portaria, estava ao telefone e fez sinal para que ele esperasse.
- Aqui – ele falou, colocando um pacote em cima do balcão.
Luke pegou o pacote. Era pequeno.
- James?
- Sim?
- Não tem remetente – ele notou, girando o pacote. Só tinha escrito “Ao Sr. Luke Dean”.
- Só pediram pra entregar, e que era importante. – James disse e voltou a atenção para o que quer que estivesse fazendo.
- Ok. Obrigado, James. Boa noite.
- Boa noite, sr. Luke.
Primeiro a mensagem e agora esse pacote. Não podia ser coincidência.
No apartamento, Luke pegou uma faca e começou a abrir o pacote. Dentro havia uma outra caixa, menor ainda, com um símbolo desenhado, parecia um pássaro. De dentro da caixa ele tirou um colar, com um pingente esculpido em madeira, com uma pedra pequena azul no meio. Ele levantou o colar até o rosto e de repente a pedra azul começou a brilhar. Luke, assustado, colocou de volta na caixa e ficou parado olhando enquanto a luz ficava fraca até sumir. “Mas o que é isso?”
Ele olhou novamente a caixa pra ver se havia algum indício de quem mandara. Nada.
Novamente um bipe no celular, mesmo número. “Só você pode nos ajudar.” O que estava acontecendo aqui? Devo ligar para polícia?
Luke pegou novamente a caixa e tirou o colar. Dessa vez a luz azul ficou mais forte, ele teve que fechar os olhos, até ouvir um grito. E apagou.