A Cidade dos Corvos - Uma Luz na Escuridão
-Então, amanhã iremos ir para encontrar o tal do espírito da morte? -perguntei curioso.
-Sim,vamos sim. Mas por hora, vamos dormir. -falou zoo se jogando na cama.
-E onde que vou dormir? -questionei olhando para as duas camas.
-Pode dormir na minha cama Tom, eu me viro. Nem durmo mesmo. -sorriu Boo.
E eu sorri para os dois e então me joguei na cama feita de palha e fechei os olhos.
-Você acha que vai conseguir vencer Tom? -perguntou Zoo.
-Eu sinceramente ainda não sei, quer crer que sim. Tomara que eu consiga libertar vocês. Ultimamente tem sido o meu maior objetivo na vida,espero não decepcionar nenhum de vocês. - falei suspirando e fechei os olhos, virei para o lado e dormi.
A noite passou rápido,e quando amanheceu, eu acordei com os sons de uma cantoria interessante:
"Sol e Lua dançam entrelaçar."
Dançam, beijam,cantam,
Se apaixonam, eles se amam.
"Eles se amam. Eles se amam."
Boo estava cantando enquanto colocava as frutinhas em uma panela e outras em um pote com uma massa roxa, e colocou no forno,eu levantei e então dei bom dia, e eles retribuíram o bom dia, eu senti um cheiro gostoso de massa,mais parecia torta. Eu estava curioso, eu queria logo ver se aqui nesse lugar tinha uma saída.
-Quando nós vamos? -perguntei olhando para Zoo.
-Assim que a torta estiver pronto, daqui a pouco fica. Não se preocupa. -falou Boo.
-Enquanto isso, vamos comendo as frutinhas para enganar o estômago. Ninguém deve lutar contra nada de estômago vazio. Inclusive, Tom tenho algumas coisas para te falar: a primeira é que quando chegarmos lá no espírito da morte,não saia de perto de mim. Lá é escuro, talvez, o lugar mais escuro da floresta, ou seja, não existe luz Tom,e é mega perigoso. E a segunda coisa é: Não olhe para os olhos deles, em nenhum deles. -falou Zoo.
-Certo, tudo bem. Então, não deve olhar nos olhos dele e não posso me afastar de vocês. E o que são esses espíritos da morte? -perguntei curioso.
Zoo e Boo se olharam, e não disseram nenhuma palavra. O forno apitou, e então, zoo foi correndo tirar a torta do forno, o cheiro era tão bom quanto a aparência,e aquilo me distraiu, comemos, e então nos preparamos para sairmos até o tal espírito da morte. Tomara que ele não me odeie! Monstros e espíritos sempre me odeiam e eu nem faço nada demais!.
Saímos pela porta da caverna, da mesma forma de sempre, Boo foi na frente e Zoo foi atrás, porém, não foi o mesmo clima da primeira vez que fomos caçar frutinhas, agora,eles sabiam exatamente do meu potencial, então pareciam mais tranquilos e confiantes.
Subimos em cima da casa deles, e prosseguimos naquela mesma direção, os passos com sons de pisadas nas folhas das árvores, o céu como sempre cinzento.
Continuamos os passos,e essa parte da floresta, era realmente mais densa, com fumaça escura,e o céu totalmente coberto com um cinza escuro dava a impressão que eu nunca sairia dali. Boo e Zoo diminuíram o passo, e ficaram mais silenciosos, diziam poucas palavras e davam passos com mais cautela, eu fui seguindo eles e repetindo os mesmos passos, eu podia perceber que ali era um lugar com menor número de visitas, e que, ali não tinha nenhum sinônimo de existência de alguém, percebi também, que eu estava mais triste, mais medroso, eu estava com pensamentos mais negativos, pessimista, e só percebi quando eu soltei a seguinte frase:
-Aqui esta ficando muito escuro, acho melhor retornarmos e deixar isso para lá. - dei meia volta e Boo segurou o meu braço.
-Ficou maluco?! Não. Quando entramos aqui, não tem volta. Ande! -falou Boo me olhando com um olhar ameaçador.
Eu concordei. Mas não estava feliz com aquela idéia.
Continuamos a caminhada, até que tudo ficou totalmente escuro, e Boo e Zoo ligaram uma lanterna, e eu fiquei próximo deles o tempo todo, o medo era inevitável, todas as sensações ruins havia na minha mente, tudo aquilo que estava acontecendo até agora ficou mais intenso,todo o medo, toda a confusão, todo o pânico, até mesmo toda a covardia. Continuamos a prosseguir, até que senti um cheiro ruim,um cheiro podre,um cheiro que não era nada agradável,cheiro de morte!.
-Tom, agora,fica em silêncio e atrás de nós, nos siga tá?-falou Boo segurando o meu braço.
-Está bem, eu vou ficar.- falei baixinho.
Eu vi Boo e Zoo e as lanternas, nada mais do que aquilo, de repente, eu senti uma respiração,estava atrás de mim, e eu virei devagar para trás, e eu vi os seus grandes olhos brilhantes o mim, e eu me assustei e dei um passo para trás, e gritei.
Zoo e Boo viraram rapidamente para mim, e todos nós congelamos, a figura falou com uma voz rouca e grave:
-O que estão fazendo aqui? - falou a figura.
Eu engoli a seco e não consegui nem ao menos falar, Boo que tomou a iniciativa mas antes limpou a garganta:
-Nós estamos querendo falar com o Supremo, trouxemos algo para ele, precisamos de uma ajuda…..de uma direção. -falou Boo limpando a garganta novamente.
A criatura chegou perto dela, cheirou, e me cheirou no chão e cheirou Zoo, e depois de uma lave suspirada ele apenas disse:
-Siga-me. -falou a criatura virando e indo em direção a escuridão.
Boo me ajudou a levantar, e quando minhas pernas firmaram no chão, eu percebi que eu estava todo me tremendo de mais puro medo. Boo e Zoo caminharam lado a lado e eu também, formando uma fila. A criatura andava lentamente, e não fazia o menor barulho, não ouvia um barulho de passos, nem respirada, e não dava para ver o que a criatura era, eu só sabia que me dava medo, um medo extremo, e a vontade era de sair correndo a procura de qualquer lugar para me esconder e chorar.
Continuamos atrás da criatura, até que chegamos em um portal, pelas luzes das lanternas, dava para enxergar um pouco o portal que mais parecia um arco, a criatura ergue os braços por cima do portal, falou umas palavras que eu não as conhecia, e então, as luzes se acenderam por volta do arco, Boo e Zoo desligaram as lanternas. O arco tinha umas escadarias que levavam até o alto, as únicas luzes na imensa escuridão era das tochas, talvez a única que existiu até hoje.
Quando chegamos no topo das escadarias, havia um caminho extenso e um trono,e havia um ser vestido com capas pretas, não sabia se ele estava de costas, ou estava de frente para nós, e conforme a criatura próxima a noite ia caminhando, as luzes iam acendendo,fomos acompanhando a criatura, até que, quando chegamos próximo ao trono, apenas a criatura se moveu, se encurvou e falou algumas palavras do idioma desconhecido, e então,o ser sentado no trono falou:
-Quem são? E o que desejam? - a voz era tão grave e forte quanto ao do outro ser.
Eu engoli a seco, mas não podia negar que eu estava tenso e com medo. Muito medo.