A Cidade dos Corvos - Buraco
Eu dei um passo para trás, ficar aquele lugar estava me angustiando,foi então que eu olhei para cima de mim, e vi que havia um cipó pendurado, eu não pensei duas vezes,fui a procura do início do cipó, e encontrei logo atrás de mim, e então, segurei e puxei para ver se estava firme, estava. Segurei o cipó, e fui correndo até a borda onde quase escorreguei e caí,e fechei os olhos e me segurei firme e senti os meus pés saírem do chão e o meu corpo balançar para um lado e para o outro e o lago atrás de mim, o frio na barriga foi forte, e me lembrou da vez que eu fui no "Barco Fantasma" do parque da cidade, era mês das crianças, e todos os brinquedos estavam gratuitos,lembro que eu havia repetido a ida no parque, até o parque se fechar. Aquilo me distraiu, e quando eu fechei os olhos, eu ainda estava balançando, firmei o meu corpo para balançar mais alto, e quando me senti seguro, ou para o outro lado do rio de fogo. Respirei fundo, e pulei, meus pés firmaram na terra molhada preta,e eu olhei para trás, o lago estava ali intacto, e eu também.
Continuei a minha caminhada, eu estava começando a ficar cansado, e o dia foi ficando tarde,o céu cinzento não era mais um cinza claro, estava escurecendo e parecia que acelerava mais rápido o dia, uma hora eu teria que parar, mas, onde? Será seguro? Um pio de corvo soou pela floresta, e mais um outro, e mais outro, e eu corri para ver o que estava acontecendo, e quando ficou mais próximo, eu dominou os passos lentamente,e eu percebi que havia um corvo no chão e vários outros em volta daquele corvo, e todos se olharam, e começaram a piar, não era como um pássaro comum, era mais parecido com um grito, era uma espécie de despedida. Os corvos piaram, e depois se olharam, e quando eu tentei me aproximar, alguns levantaram vôo e foram embora, e outros,permaneceram, e os que permaneceram,piaram fraquinho, e viraram homens, eu levei um susto, e dei alguns passos para trás, eles estavam me procurando.
-Procurem o moleque! Medusa quer ele! -falou um capanga com uma voz grave.
-Mas e se ele for perigoso?- falou o outro capanga com uma voz temerosa.
-Olha KJ eu nao gosto de ficar aqui, até limpar a cela é melhor do que isso aqui! - falou o outro capanga.
-E quem disse que a Sra Medusa está preocupada com a opinião de vocês?! Agora! Andem! Vasculhem a área! Ele não pode ter ido muito longe! - falou o capanga de voz grave novamente.
Eu dei alguns passos para trás, assustado, eles tinham vindo me buscar,mas como vou fugir? Essa floresta era enorme! Não daria para escapar, mas, não posso ficar aqui, eu tenho que partir. Dei mais alguns passos, e sai apressado, se eu corresse poderia tropeçar em algum galho, e chamar atenção para mim. Um capanga falou atrás de mim, e a sua voz fez um eco:
-Dizem que aqui tem criaturas malignas! Não acha melhor, retornarmos e deixarmos que ele sei lá…..morreu?! -falou o capaganga.
-Ficou maluco?! Medusa vai pedir as nossas cabeças cortadas e comer cada pedacinho! Esse moleque está por aqui! E não podemos retornar sem ter notícias dele. E sem drama! ANDEM! -Gritou o capanga.
Eu percebendo que eles estavam distraídos, sai correndo na direção oposta, meu coração estava na boca, eles eram capangas, conheciam o lugar certamente, mas eu?, Eu não. Estava escurecendo,não tinha a menor chance de sobreviver aqui, eu precisava achar a saída logo, não podia ficar aqui por mais nenhum minuto. Ainda correndo, tropecei em um galho de árvore, e fui rolando terra molhada e cai em um buraco fundo,minhas mãos e meu corpo estavam cheios de Lamas, eu estava dolorido, não tinha mais chance nenhuma, até que eu ouvi uns passos, e a minha respiração parou, e só pude ouvir o barulho do meu coração batendo que foi ofuscado pelas vozes que vinham ali de cima.
-Você não sabe? Há um garoto perdido por aqui!,Há sim….. há sim!......-falou a voz temerosa.
-De quem está falando? -falou a voz feminina meia firme.
-Ha um garoto na floresta, e o mais, vivo!. Um garoto VIVO! dá para acreditar? - falou a primeira voz meia baixinho.
-Então é por isso que os soldados da Medusa estão aqui?! - falou a voz feminina desconfiada.
-Sim….. sim….. sim….é por isso…...pobre garoto!.....pobre garoto! - falou a primeira voz novamente com um tom de pesar.
Era a minha chance! Eu tinha que pedir ajuda. Talvez, a minha única chance.
-Ei! Socorro! Me ajudem! Eu estou aqui! Preso! -falei sem parar para respirar.
-Ta ouvindo essa voz? - falou a voz masculina.
-Sim…..estou. mas de onde vem? -falou a voz feminina.
-Será que os espíritos estão nos dizendo algo? - falou a voz masculina.
-Nós somos espíritos -falou a voz feminina desdenhando.
-Ei! Pshiu! Eu estou aqui! No buraco! Será que podem me ajudar?- falei o mais alto que eu puder.
-Essa voz parece estar vindo desse buraco aqui e…….SANTA MÃE DAS LÁGRIMAS! -Falou a voz masculina que eu tentei reconhecer fisicamente o que era impossível porque ficou escuro.
-O que houve?! -falou a voz feminina.
-Tem um garoto vivo aqui dentro! -falou a voz
masculina tensa.
-o que? - mais um cabeça apareceu e aquilo me deixou furioso.
-será que podem me tirar daqui? Respondo quantas perguntas quiserem! Não sou um artigo no museu antigo não! - falei bravo mas já estava esgotado.
-Será que devemos ajudá-lo? -perguntou a voz feminina.
-Eu acho que sim. Podemos fazer perguntas depois você não ouviu?! - falou a voz masculina.
E ambas as cabeças se afastaram.
E logo em seguida, uma corda foi jogada para mim e eu subi e os dois me puxaram, e eu caí no chão respirando fundo, e fechei os olhos, por um minuto eu pensei que eu ficaria ali para sempre.
-Então! Quem é você?! -abri os olhos e tinha um cajado na meu peito, e a garota estava me olhando fixamente.
Eu olhei para ela e falei:
-Sou Tom,Tom Rivers. - falei fixamente retribuindo o olhar.
Ela ergueu a sobrancelha e eu fechei os olhos….
Estava cansado de ser questionado o tempo todo!
Eu só queria sair dessa maldita floresta!