A Cidade dos Corvos - Capturado
-Enfim…..chegamos! no bairro Místico, na rua Sombria….ela disse o número? - perguntou Lindsay piscando para mim.
-Ha! -falei revirando os olhos - porque a rua se chama Sombria? - perguntei curioso.
-Piadas do Destino. -falou ela rindo. - Como se chama a tal mulher?- perguntou Lindsay.
-Eva. - falei olhando a rua.
-Então, vamos encontrar a Eva. -falou Lindsay caminhando, e eu a segui.
Eu estava nervoso, meu coração acelerado, para variar eu sempre fico nervoso quando eu conheço outras pessoas, acho que minha timidez me impede de prosseguir, sempre foi assim, até quando tinha festas de família em casa, e nas ações de graças, e em apresentações de escola, e até nas igrejas, enfim, eu tremia sempre que precisava me comunicar com os humanos.
Fomos caminhando até a calçada da loja,a rua estava tranquila, e não havia carros, e nem ninguém andando pela rua. A cidade em si era muito calma e serena, mas, somente o centro que era movimento e mórbido, caminhamos até chegarmos a loja, a placa da loja ficava em cima, e o slogan da loja era um "G" com duas espadas entrelaçadas no próprio "G",os vidros eram diferentes das outras lojas, eram limpos, mas havia uma cortina vermelha que cobria todo o interior. E na porta, havia a plaquinha escrita: "Aberta." e toda a loja, tinha cor de vermelha, portas, em volta, exatamente tudo. Eu respirei fundo,e então, entrei a porta rangeu, e o sininho em cima da porta tocou.
Sinal de cliente chegando.
Ouvi um cantarolar, e assim que eu entrei na loja, eu senti um cheiro peculiar, era doce, mas ao mesmo tempo forte, e ao mesmo tempo cítrico, eu não sei o que é, eu só sei que era um cheiro gostoso no começo e ia se tornando enjoativo conforme o tempo que ficava lá dentro. O cantarolar veio se aproximando e a porta atrás do balcão se abriu, e eu vi Eva pela primeira vez. Eva tinha um turbante na cabeça, mas o turbante não cobria o seu cabelo todo, e os cabelos nos ombros morenos cheios de cachinhos, ela tinha sardas pretas nos rostos, não tinha óculos, sua veste era como uma gueixa,com panos largos e longos vermelhos, e uma faixa preta em volta da sua cintura, que para mim parecia que ela estava sendo sufocada com o tal tecido. Eva me olhou e depois olhou para Lindsay, e abriu um largo sorriso:
-Ora ora….o que os belos jovens vem fazer na minha loja?! O que desejam? - falou ela sorridente.
O seu sorriso era brilhante de tão branco.
-Ahm…..Olá….eu sou a Lindsay e esse é o Tomás, nós estamos procurando um escudo e uma arma para ele. - falou Lindsay apontando para mim.
E eu sorri nervoso, eu estava tremendo.
-Certo….certo…..e que tipo de escudo? E que tipo de arma? - perguntou ela me olhando fixamente.
"Fala Tom!." - cochichou Lindsay no meu ouvido.
-ahm…..e-eu…..preciso de uma arma e armadura certa para mim…..eu sou…..ahn….um Porta-voz. - falei meio gaguejando.
A mulher ergue os olhos surpresa, certamente não esperava por um Porta-voz entrando na loja dela, e precisando do seu material.
-Ahm….um porta-voz!.....interessante. Bem Tom, Louise me encomendou três armas e 5 escudos para um tal de Tom, presumo que seja você certo? - A mulher sorriu para mim.
-Certo. Isso. Sou eu. - falei firme.
-Então,espere um instante, eu vou lá dentro buscar. - falou ela e os seus olhos brilharam.
A mulher foi entrando pela porta, e cantarolou mais alguma canção, uma que eu consegui ouvir. A canção era assim:
"1…… venha cantar com a gente"
*2…….Venha falar com a gente"
"3……..Não minta para gente"
"4……. não gostamos de mentir"
"5…….. nós vamos te pegar"
"6……..Mentirosos vão pagar!"
E a mulher repetia o mesmo trecho várias e várias vezes sem parar. E eu não estava muito certo de que era apenas uma canção, de repente, não me pareceu ser uma simples canção boba. Me pareceu um aviso.
A mulher demorou bem mais do que eu acreditei que demorasse,mas eu compreendi de que, era porque era 3 armas e 5 escudos, mas porque tudo aquilo de armamento? Não sabia nem usar uma, imagina 3? Louise deve estar me zombando só pode! Será que ela acha que não sou capaz de lutar? Que palhaçada!.
"não acha que ela está demorando muito?" -cochichei para Lindsay.
"não…..deve ser normal fazer isso." -cochichou ela de volta.
"Será? Porque…...ela não deveria….." -fui interrompido pelo sininho da porta, um cara igual ao que sequestrou Carlos entrou pela loja, eu e Lindsay viramos a cabeça rapidamente no mesmo tempo, e tudo ficou em câmera lenta,
Eva era impostora.
Nesse mesmo momento, Eva saiu com um sorriso no rosto de triunfo, ela havia ligado e chamado os capangas, só podia ser. Ela colocou a arma em cima do balcão e um escudo também, e eu no impulso, peguei a arma e Lindsay vendo a minha deixa, pegou o escudo, o cara gritou urrando para cima de nós,e só deu tempo de eu enfiar a espada desajeitadamente na cintura dele e ele gritou de dor e saímos correndo da loja, passando por cima de tudo e de todos. Eva gritou de raiva e veio logo em seguida, e quando saímos pela porta, fomos surpreendidos por mais capangas.
-E agora?- o que vamos fazer? - falou Lindsay desesperada.
-Eu não sei…..eu não sei mesmo!.... - falei com medo.
-Nós precisamos arranjar uma solução. - falou Lindsay.
-Não tem solução! Ou nos rendemos ou um foge!...eles estão atrás de mim! Lindsay foge e pede ajuda! -falei para Lindsay.
-O QUE? FICOU MALUCO?! - Gritou ela.
-Vai! Vai logo! - falei não dando ouvidos a ela.
Os capangas vieram até mim, e Lindsay saiu correndo para a casa onde a gente veio, passou pelos capangas dando um chute no meio das pernas,e saiu correndo feito maluca, foi a última vez que eu vi Lindsay. Os capangas vieram atrás de mim, e me pegaram.
-Acho que você foi abandonado garotinho! - a voz rouca e o bafo podre de um capanga.
-Não mesmo! Pode ter certeza! -falei fixando o olhar para ele.
Ele mexeu no bolso, e tirou uma espécie de corda do bolso, e então, amarrou os meus punhos e outro capanga veio e segurou os meus braços e eu senti como se eu estivesse sendo puxado para dentro de um ímã, e quando olhei para os lados, não eram mais homens, eram corvos grandes e fortes, com garras por todos os lados, estavam afiadas na minha roupa, e eu estava sendo carregado pelas garras e os meus pés estavam no ar. Embaixo de mim só havia escuridão, nada mais, nada menos que escuridão.
Eu já esperava por esse momento, só não sabia que seria tão cedo assim.