A Cidade dos Corvos - O Caminho de Volta
-Tom, aqui fica exatamente o Get's , é a única loja da rua inteira. - falou Lindsay mostrando no mapa onde Get's ficava.
-Certo, você vai querer me treinar? - perguntei curioso.
-Sem escudo? Não….Acho uma burrice. É melhor pegarmos o escudo e aí então treinarmos com ele, e se rolar uma arma também, melhor ainda. - falou Lindsay.
-Certo. E quando vamos? - perguntei curioso.
-Eu estava pensando em irmos hoje ainda,quanto antes melhor. Precisa acabar logo com isso Tom,eu quero saber como isso vai acabar. - falou Lindsay toda tensa.
-Ei também quero, acho que preciso de férias. - falei suspirando.
-Ferias…..piada né?! - ela riu e dobrou o mapa - então, vamos agora. - falou ela colocando o mapa no bolso.
-Achei que saberia o lugar sem precisar de mapa Lindsay - falei curioso.
-Ah sempre bom dar uma conferida, nunca podemos confiar no nossos próprios conhecimentos, eles podem se confundir. - falou ela.
-E James? Ele já sabe? -pergunto curioso.
-Não, mas tudo bem. O velho nunca se importa, não será dessa vez que ele vai se importar. - falou Lindsay erguendo os ombros.
-Certo. Então vamos. -falei levantando da cadeira e indo em direção a porta da cozinha.
-Uhum…...vamos. só vou pegar dois casacos, nunca se sabe. -falou Lindsay.
E eu fui caminhando até a porta da saída da casa, Lindsay veio logo atrás, e ela fechou a porta colocando a chave dentro de um vaso de uma planta esquisita e murcha.
Caminhamos fazendo a trilha que ligava a estrada da casa até o início da campina, começamos a descer a campina, com uma certeza dificuldade, mas pelo visto, era o único caminho. A descida era complicada, por vezes faltava ar nos pulmões, mas eu permanecia intacto, não iria demonstrar fraqueza para Lindsay.
-Não me lembrava desse caminho, parece que estou séculos na casa do James. -falei suspirando.
-Realmente parece, mas já já estamos chegando na cidade. Não se preocupa. - falou Lindsay.
-Certo. Você deve ter tido muitas coisas na vida….. experiências. Onde estão seus pais? -perguntei curioso.
Lindsay sorriu.
-Meus pais estamos vivos. E eu …...morta. - ela ergueu os ombros.
-Então….do que você morreu? -perguntei intrigado.
-É…...uma longa história Tom. Mas basicamente foi em um assalto, eu, estava participando dele. -ela sorriu fraquinho.
-Porque estava fazendo isso? Não sabia que era ruim? - perguntei sem entender.
-Eu sabia…..óbvio que eu sabia!....mas sabe como é, estava viva, queria curtir, ser descolada, fazer o que a galera fazia. E roubar era divertido, confesso. Mas ó, nada de retornar e querer fazer o mesmo! - falou ela apontando o dedo para mim enquanto desviamos a ladeira.
-Certo…..não farei. E o que aconteceu naquele dia? - perguntei prestando atenção em cada passo que eu dava.
-Nós éramos quase profissionais, estávamos prestes a nos formar na escola, então não queríamos nos preocupar com nada,apenas curtir. Naquele dia, havíamos jurado que seria o último dia que roubávamos, e tinha uma lojinha de doces e sobremesas que nos amávamos. E ela fazia parte da nossa lista, a última loja que entraríamos para roubar, o que não esperávamos era que o dono da loja estava mais avançado,chamou a polícia, e eu reagi, levei um tiro e morri. E aí vim para cá, eu não sei o que tenho que fazer ainda o ata vazar daqui, mas eu sei que algo tenho que fazer, foi quando encontrei Carlos, e ele me disse tudo. E montamos o nosso negócio juntos. - falou Lindsay e o vento passou por nós e bagunçou o cabelo dela e ela pôs a mecha por trás da orelha.
-Puxa…..falando nisso, você nunca me disse que negócio era esse. - falei intrigado.
-Bom porque talvez não seja da sua conta! -falou ela tranquilamente. - mas não se preocupe, você vai saber. No tempo certo só preciso achar Carlos logo. - falou ela apressando os passos.
E caminhamos ainda mais, e me lembrei de que, quando vim para cá, eu andei muito também. E aquilo me aliviou.
Continuamos a caminhada até acharmos os primeiros prédios e casas, não havia muro, não havia cerca, nada que dizia que tínhamos chegado finalmente na cidade. Mas tudo indicava que, estava na cidade, mas tudo indicava que estávamos na parte de trás da cidade, Lindsay abaixou e ficou entre as árvores, e eu fiz o mesmo que ela e cochichando eu perguntei:
-porque estamos aqui agachados? - cochichei.
-Bem, porque não sabemos exatamente como entrar sem sermos vistos. - falou ela cochichando novamente.
-Que tal um de cada vez? -sugeri.
-Acho uma boa idéia. -falou ela cochichando. - vá por aqui e contorne a casa,pule a cerca branca e estará na rua. E eu vou pela rua do lado, assim ninguém suspeita. Só cuidado com os cachorros eles fazem o maior barulho! - falou ela e foi logo se afastando de mim e indo para dentro dos arbustos.
Eu segui em frente, aquela situação me deixava tenso, mas eu respirei fundo, não sabia se eu estava na rua certa, mas fiz aquilo que Lindsay falou. Devagarinho, realmente não tinha muro, e eu cheguei por trás da casa,ouvi um som de televisão ligada, e pela janela eu vi o cachorro ajoelhado ao pé do dono, o dia estava nublado, nunca chovia por aqui, isso era estranho. Continuei caminhando devagar, sem levantar suspeita,e do outro lado, Lindsay já estava prestes a chegar no início da casa, eu decidi apressar o passo, e fui caminhando lentamente, e quando cheguei na metade do caminho, ouvi um rugido de cachorro, eu virei lentamente para o cachorro e ele começou a latir.
-Jim? O que foi? - falou a voz masculina lá de dentro.
O cachorro tremia e era um fantasma mas não falava a boca.
-JIM? O QUE FOI? O QUE VOCÊ VÊ AÍ? -gritou a voz de dentro da casa e eu ouvi passos.
Virei a cabeça para a rua e Lindsay estava acenando alguma coisa que eu estava tão nervoso que não pude decifrar.
O cachorro latia mais alto.
-JIM! MAS QUE DROGA! PARA DE LATIR CACHORRO! -Gritou o homem e os passos foram se aproximando.
Eu contei até 3 e comecei a correr e o cachorro veio atrás de mim freneticamente, louco para morder minha canela, eu pulei a cerca e atravessei a rua e me escondi nos arbustos que ficavam do lado da casa onde Lindsay estava.
-JIM! JA NAO FALEI PARA NÃO QUERER BANCAR O HERÓI? O SEU TEMPO PASSOU!CACHORRO MALUCO! -gritou o homem e o cachorro parou de latir rápidamente.
-Você estava com medo de um cachorro fantasma? - falou Lindsay rindo.
-Eu fiquei com medo de ser descoberto. - falei retrucando.
-vem! Vamos! A rua fica aqui atrás. - falou Lindsay.
E eu saí atrás dos arbustos, e fomos caminhando para a rua naquele céu feio e triste.