A Cidade dos Corvos - Um Café da Manhã Amargo
Amanhã nasceu ensolarada, com pássaros cantando e o cheiro de brownies e panquecas da minha mãe irradiaram a casa inteira.
Ah!!!!!... era maravilhoso estar em casa!.... Com esse cheirinho de comida de mãe, com esse leve toque de……….
O quê?! Que voz é essa?! Porque o cheiro de amor e afeto, de repente, se transformou em cheiro de desgraça e triste?? Quem estava em casa?! Corri apressadamente descendo as escadas,ainda meio confuso,era uma voz Masculina, mas não era reconhecível, eu não sabia de quem era, diminui os passos da escada, e fui me aproximando da cozinha, e a voz foi ficando mais grotesca e medonha.
-Então Sra Rivers, Tomas ficou muito tempo longe da escola, não acharia melhor já que ele está em alta e liberado retornar com as suas atividades acadêmicas?! - e um barulho de quem estava provando algo realmente muito quente.
-Então Sr Collins, eu não acho sensato Tomas ir no colégio ainda,talvez, essa pressão de colégio com a classe, e colocar o ano letivo dele em dia,talvez, isso o prejudique. Por isso, não sei se é bom ainda que ele retorne. - falou minha mãe tentando ser doce e sutil.
"Boa Mãe! Você é top mesmo! Acaba com ele!."
-Eu entendo Sra Rivers, mas o Tomás ele perdeu muito conteúdo e matéria, não seria melhor que ele tivesse tempo para colocar tudo em ordem?! - perguntou o Diretor com uma voz um tanto diferente.
-Olha, honestamente não. Acredito que a escola, no caso do Tom, abriria uma exceção até porque, ele se afogou no lago daquela maldita cabana fazendo um trabalho para a escola não é mesmo?! - minha mãe estava ficando irritada.
-Mas aquilo foi um acidente e também Tomas sabia que não podia chegar perto do lago. - o diretor estava tranquilo.
Minha mãe deu uma respirada profunda, e ela sempre dava aquela respirada antes de me bater.
-Escuta aqui! A obrigação da escola era ficar de olho nos seus alunos, muita classes juntas, muitas pessoas, era óbvio que alguma coisa daria errada! - bateu ela na mesa da cozinha.
"Shhhh….Agora o Diretor dançou!."
-Então a Sra está culpando a escola por fazer trabalhos estudantis?! - questionou o diretor.
-Se depender de mim sim. Inclusive, Tomas só vai pra escola quando ele se achar pronto, e a escola vai ter que aceitar isso. Querendo ela ou não! - firmou minha mãe com voz bem medonha.
-Bem, então,tá. Se a Sra quer isso….eu não vou discordar. Quando tom estiver pronto ele volta. - falou o Diretor e ouvi um barulho de cadeira arrastando. - obrigada pelo café Sra Rivers. Tenha um bom dia. - falou ele sério.
-Igualmente. Vou te acompanhar até a porta. - falou minha mãe.
Boa mãe! A Sra arrasa!
Minha mãe retornou para a cozinha logo após fechar a porta, e com um suspiro de tensão el retornou a cozinhar os brownies que ainda faltava, fingindo ter levantado agora, eu me espreguicei e fui para a cozinha na maior falsidade..
-Bom dia mãe! Que cheiro maravilhoso! - falei terminando de me espreguiçar e eu sentei na mesa já colocando mais uma panqueca no meu prato.
-Bom dia Filho, seu café favorito. - ela me beijou na cabeça e eu sabia que ela estava irritada.
-a Sra dormiu bem? - perguntei fingindo.
-Dormi. Até o Sr Alexandre bater na nossa porta. - falou ela sentando na cadeira e colocando cinco Brownies no prato dela sem dó.
-O que ele queria? - falei meio fingindo estar surpreso.
-Pra encher o meu saco e perturbar o meu dia - falou ela revirando os olhos. - ele queria que você voltasse para a escola. Mesmo eu dizendo que o seu caso foi a parte, ele não quis ouvir, e eu senti no tom de voz dele que ele vai ferrar você no primeiro dia que pisar naquela escola. E tom, se um dia, alguém te perturbar você me fala tá?! A mãe quebra aquela escola mas que isso na fica barato não fica. Não pari você para alguém vir te encher o saco não. - falou ela com as veias saltando do pescoço.
Eu concordei, Deus me livre discordar dela, sou tonto mas não burro.
-Mas, então, ele quer que eu retorne? - perguntei sabendo da resposta que era óbvia.
-Sim, quer dizendo que você vai perder o ano, como se aquele monstro se importasse!. - falou minha mãe irritada.
-Monstro? Porque chamou ele assim? - perguntei curioso.
-Ahm…..coisas do passado. - falou ela e logo mudou de assunto -. Jenny e Bart e Fábio virão aqui depois da escola, querem te mostrar alguma coisa do clube de você, mas não vou ficar aqui hoje, tenho que voltar ao trabalho filho. O patrão já está pegando no meu pé, então, toma cuidado viu?! E quando eles saírem, tranca a porta. - falou ela mudando o tom pra mãe autoritária.
-Vai voltar tarde hoje?! - perguntei ainda comendo o brownie.
-Vou, não me espere. Vou pedir pro Edgard trazer pizza pra você, mas nada de ficar até tarde vendo Netflix. - falou minha mãe bancando realmente a mãe.
-ta bom mãe…..a Sra precisa de férias sabia? - falei brincando.
-Sei sei….. mãe não tem férias meu filho. Agora, eu vou para o trabalho tá? Deus te abençoe filho. - ela beijou novamente a minha cabeça.
E pegou as chaves e foi embora para o emprego.
Minha mãe era em meio período,corretora, e no outro Enfermeira, o objetivo era fazer faculdade de Medicina, ou seja, minha mãe não parava em casa. Eu havia me esquecido dessa realidade, eu fechei os olhos, e respirei fundo, e quando eu os abri, Anna apareceu na minha frente,e eu tomei o maior susto.
-Anna! Que susto! Garota não faz isso comigo mais não! - coloquei a mão no peito e senti o pulsar do meu coração acelerado.
-Me desculpe.. não consigo me acostumar com isso. - falou ela colocando o cabelo por trás da orelha e ela me parecia bem serena.
-Tom…..continuando de ontem…..Eu estava devendo a minha vida - e ela pegou uma pedra que parecia rachada e ela brilhava.
-Essa é a sua vida? - perguntei curioso e me lembrei da pedra que eu tinha comigo no bolso e mostrei a minha a ela.
-Puxa…..a sua é tão brilhante!.... A minha era assim também, até Medusa querer pegar ela. - falou ela.
-Como você enganou Medusa? -perguntei curioso.
-Bem,foi moleza, ela aparecia sempre que eu dormia, e aí quando tinha o jantar no hospital, eles traziam talheres e eu cortei antes de aparecer,coloquei em um saquinho e esperei Medusa aparecer. - falou ela erguendo os ombros.
-Você foi esperta,pena que não deu certo. Mas porque exatamente Medusa precisa de vidas das almas? - perguntei me fingindo de bobo.
-Bem, Medusa se alimenta de almas, vidas,quando elas morrem, a vida delas estão intactas e brilhantes, mesmo se morreram antes da hora ou depois do tempo previsto, continuam lindas, redondas, e muito poderosas. o que acontece, é que, quando Medusa recebe a vida de alguém, ela fica forte, capaz de dominar todas as coisas em Ravens City, e capaz de ser invencível para não perder para a Tia Louise, como se isso fosse possível. Medusa é fraca vai sair do poder já já. - falou ela rindo e certamente imaginando alguma coisa.
-Pera….tia?..... Louise? Como assim?! Garota, não estou entendendo nadinha. - falei totalmente perdido. - Quem é essa? Quem é sua Tia? E tem mais, porque ela te prendeu? Porque você mentiu?! - Perguntei erguendo a sobrancelha.
-Vamos lá, então, não foi exatamente porque eu menti, foi claro. Mas, não foi. Não foi exatamente entende? Na verdade, Medusa não aceita receber pouco ou pela metade, ela quer tudo. Sempre e sempre tudo. Então, ela acha que me prendendo aqui,vai conseguir obter toda a minha vida, o que é um absurdo porque vou resistir até o fim da minha vida!. - falou ela sorrindo com um sorriso de vitória.
-Oh Lara Croft…. - estralei os dedos para ela chamando a atenção dela. - será que dá pra focar? O perdido aqui sou eu. - falei comendo mais um pedaço de Brownie e tomando um gole de suco.
-Certo…..muito bem…..ok… então...ela acha que me prendendo e me castigando aqui pode me "matar", o que bem, isso já aconteceu né?! Então, eu ficarei aqui até a minha Tia aparecer e acabar com a raça dela. - ela deu um soco na mão.
-Certo… mas deixa eu te falar…. Porque tua Tia não te salva logo?! Não seria mais fácil?! - questionei e Anna fez cara de "Óbvio meu Querido."
-Porque ela não pode!... Ela é esperta….cautelosa…..ligeira….não vai indo nas ondas da escuridão assim à toa, de repente, ela vai te contactar não se preocupe. - falou ela enfraquecendo novamente como da outra vez.
-Espera….você está sumindo de novo…antes de sumir pode me explicar como faz isso? - perguntei irritado.
-Certo…… O sinal só fica forte aqui na sua cidade,quando está na cidade dos vivos e não dos mortos. Não faria sentido se funcionasse ne?! Eu ja te expliquei isso Tom, não seja burro. - falou ela revirando os olhos e enfraquecendo novamente como ontem.
-Certo….. só queria confirmar. Será que dá para avisar quando for aparecer, meus amigos podem te ver, ou me chamar de maluco! - falei pensando na cara de assombro deles.
-Infelizmente não Tom, mas vou procurar manter caute-la. Agora….eu te…Nh…o….que…..I…..r….be….ij….os - e novamente ela desapareceu.
Solidão.
Até a minha campainha tocar, tomei um susto, e olhei para o relógio, era 11:30. Faz 4:30 que minha mãe saiu de casa para o trabalho, como é possível?
Fui indo até a porta, e a abri no segundo toque da campainha, era os três mosqueteiros, prontos para mais um batalha, prontos para me divertir.
-Ola Tom - falou Jenny corando
-Oi Jenny. Trouxeram novidades? - perguntei sorrindo.
-Claro né meu chapa, sempre temos novidades. - falou Bart batendo no meu ombro.
-Cara….você está com bigode de suco. - falou Fábio fazendo o nosso toque de mão.
Não acredito que eu me lembro disso.
-Ué tom, está sozinho? -perguntou Jenny procurando minha mãe em casa.
-Ah….minha mãe foi trabalhar….. alguém tem que ir. Ela disse que vocês viriam antes. - falei normal.
-Uuuuuuu…. Brownies!... - falpu Bart vendo a mesa com um prato cheio e um olhar brilhante. - posso pegar? - falou Bart como se fosse uma criancinha.
-Claro! - sorri para ele.
-Ah eu também quero cara,deixa pra mim! - falou Fábio.
-Esses meninos…. -cruzou Jenny os braços como mãe faz - e então, o que pensou em fazer hoje? - ela me olhou com um olhar brilhante novamente.
Porque será que ela faz isso?
-Bem, eu pensei em uma Reunião do nosso grupinho, também tenho novidades para vocês. - sorri olhando Bart atacar os brownies.
-Tem? Quais? -perguntou Jenny curiosa.
-Contarei quando os comilões pararem de comer - sorri vendo os dois sujos de Brownies.
-Isso vai ser impossível! - falou Jenny sorrindo.
-Então vamos até eles. - falei olhando para ela e o meu coração disparou.
E eu fui até a mesa e sentei na cadeira e Jenny veio atrás.