A Cidade dos Corvos - Coisas Inexplicaveis
-Vamos treinar amanhã -falou James - está tarde. Garoto e garota vão para o sótão, não quero vocês dois aqui. -falou James.
-Você é tão sutil James -Lindsay Revirou os olhos.
-O que há de errado com vocês dois? Porque brigam tanto? - falei curioso.
-Ah não….é nada não…..- falou Lindsay evitando o assunto.
-ah mas agora você vai falar!.-falou James.
-Eu não quero falar! - retrucou Lindsay.
-Falem logo! - falei irritado e também bastante cansado de toda aquela birra dos dois.
-Está bem, está bem... eu falo!.... -falou Lindsay
- Eu acabei roubando alguns artigos da loja do Sr James. - falou ela apontando para o Sr James.
-E porque fez isso Lindsay? - perguntei curioso.
-Ah…..bem…. é porque eu estava precisando. Ou melhor,minha irmã Lara,estava. - falou ela passando a mão nos braços.
-E ela está bem? - perguntei sem saber se era a pergunta certa.
-Ela morreu. -falou Lindsay com os olhos cheios de lágrimas.
-Eu sinto muito Lindsay, eu não sabia…. - falei rapidamente com pressa.
-É...é uma pena garota. Mas não justifica roubar a minha loja!... você me deve!....você me deve! - falou James levantando do sofá e indo para longe no outro cômodo.
-Não liga para ele não Lindsay, ele não sabe o que é isso. - falei segurando no braço da Lindsay mas mantendo a distância pessoal dela.
Lindsay levantou,e então, sacudiu a cabeça como se isso afugentasse as lembranças, foi caminhando até a porta do porão que ficava no corredor, e então, eu fui logo atrás. O porão era um lugar escuro, e cheio de pó, e eu não sabia como iríamos dormir ali, só havia dois sofás, e nenhum colchão, se eu fosse menor, certamente eu iria achar que aquele porão era um abrigo de algum demônio maluco.
-Você dorme nesse pequeno, e eu no grande. Questão de proporções. - ela sorriu.
-Lind…..sobre a sua irmã….eu….- mas ela me interrompeu.
-não quero falar sobre isso Tom, e se prepara, amanhã vamos treinar logo cedo. Quanto antes,melhor. - falou ela se jogando no sofá e soltando a poeira do sofá.
Ouvimos uns passos, James estava vindo aí.
-Garoto, Garota, aqui está! -ele me entregou uma muda de roupas.-
Travesseiro....Cobertor….coisas básicas.- e eu fui pegar as coisas. - moleque vê se dorme,amanhã precisa treinar direito. Não vejo a hora disso tudo acabar - falou ele.
-Boa noite. - falei sorrindo fraco para ele.
-É…...Tanto faz. - ele ergueu os ombros com indiferença e subiu as escadas e fechou a porta.
Lindsay apagou a luz do porão e tudo ficou escuro.
Era na escuridão que você descobre que está em um lugar onde não deveria estar, quando as luzes se apagam, você descobre que é totalmente um intruso. E em meio aos roncos de Lindsay, consegui pensar nos possíveis riscos que eu iria enfrentar nessa missão,um pensamento que não me veio na mente logo quando Beto me contou a verdade. A princípio, eu não quis acreditar. Mas eu não tinha outra opção, a não ser, acreditar que aquilo tudo estava acontecendo, ainda existiam dúvidas na minha mente,muita coisa ainda não processava, eu ainda não compreendia, eu só queria entender…...eu só queria saber…..para mim havia algo muito mais além do que eu já sabia, eu precisava encontrar respostas, precisava encontrar alguém que me dissesse exatamente o que era tudo isso.
*De Manhã*
-Tom…..acorda…..está na hora de levantar. - era a voz de Lindsay.
-Hmmm…..está bem…...já vou… -falei murmurando.
-Você vai perder o café, James não espera ninguém. - falou Lindsay levantando e escutei seus passos subindo na escada do porão.
Respirei fundo, tirei as remelas dos olhos, e fui subindo devagar até o primeiro andar da casa.
Chegando lá, estava Lindsay,e James sentados na cozinha, para variar, estavam discutindo sobre alguma coisa que eu não prestei atenção, só conseguia prestar atenção, na fome que gritava dentro de mim. Na mesa, havia pães, bolos, uma jarra de café e um leite com achocolatado, tudo era muito simples, mas era o suficiente, nessa altura do campeonato tudo era muito bem aceito.
-Tom, você vai treinar hoje, se alimenta bastante porque só vamos voltar a tarde. - falou Lindsay comendo um pão francês.
-Pega leve com ele garota, se não ele vai desmontar - gargalhou James.
-Ha!....Ha!... Ha!...Sr James, muito engraçado!....pois fiquem vocês sabendo que eu não sou fracote. Vou treinar bastante. -falei tomando um gole de leite.
-Pois quero ver se você realmente vai conseguir moleque! - falou James - mas,é uma pena que não vou poder ver, a loja precisa ser aberta. -falou James levantando da mesa e dando o último gole de café.
-Onde vamos treinar Lindsay? - perguntei curioso.
-Oras…..lá fora. É um belo dia para isso, atrás de casa de preferência….pelo menos, os corvos não vão nos atrapalhar. - falou Lindsay.
-Como Você sabe?- questionei.
-Bem,Os Corvos tem mais coisas para fazer Tom, só vem no final do dia. Por isso, é o tempo perfeito para treinarmos. - falou ela sorrindo e dando o último pedaço no pão e levantou da mesa.
-Nós já vamos?! - falei ainda meio confuso comendo mais um pedaço de pão.
-Ué….vamos. Anda, pega a mochila com os antídotos vamos precisar. - falou ela colocando os copos na pia e lavando rapidinho.
-tudo bem…..-levantei da mesa e fui para o porão pegar a minha bolsa.
Quando voltei,Lindsay já tinha terminado e estava na porta. Coloquei a mochila nas costas, e a procure na cozinha, e nada de encontrar,a porta estava aberta, e eu fui para fora da casa, e ouvi um barulho de móveis arrastando no chão, fechei a porta,e fui caminhando de encontro ao barulho,lá estava ela, Lindsay estava arrastando um móvel pesado e grande, e eu fui correndo ajudar ela a arrastar.
-O que vamos fazer com isso?- questionei.
-Nós vamos praticar. Sua missão é: Derrubar essa prateleira com a sua magia de porta-voz, terá ajuda dos antídotos,mas lembre: uma tampinha basta,muita pode fazer mal. - falou Lindsay.
-E como vou fazer isso?! Eu não tenho magia. - falei teimando com ela.
-Se concentre Tom, você tem algo dentro de você. Será que nunca fez algo que não queria fazer? Algo que não conseguiu entender?! -falou Ela.
E como um flashback, eu vi que realmente havia acontecido algo, há muito tempo atrás. Eu estava me achando o máximo por saber andar de bicicleta sem rodinhas, minha rua era íngreme, daquelas que crianças adoram subir e descer de bicicleta e jogar futebol, mas elas também são perigosas, e sempre que podem, elas nos faz cair.
-Tom!.....duvido você conseguir ir mais rápido que eu…..eu te pago 100 dólares! - era Bart na minha frente pedalando.
-Ah não vale! Você começou primeiro! -gritei logo atrás dele.
-Não….vale sim. Cada um com o seu possante! Cada um com a sua nave. -gritou Bart.
-Você está se achando! Duvido você conseguir descer a ladeira então! - gritei.
-Eu desço!. - gritou Bart.
-Então vai! Se você conseguir eu te pago 100 dólares! -gritei.
Bart ficou na posição mas hesitou e nesse hesitação eu não perdi tempo algum.
-Frangote! - gritei para ele.
E acelerei a bicicleta descendo a ladeira, a sensação era de liberdade, como se eu estivesse voando, mas a realidade me puxou para a Terra, e eu não vi, lá em baixo estava um ônibus, vindo na minha direção, o ônibus buzinou com toda a força, mas eu não tinha como parar, estava muito rápido e eu só pude perceber que eu iria me dar mal,quando eu ergui os braços e de repente, tudo fico em câmera lenta,tudo parado, era como se eu controlava o tempo e o espaço tudo junto. Era como se eu tinha super poderes, e instintivamente, com uma mão erguida ainda, me joguei da bicicleta, e abaixei as mãos e tudo voltou ao normal.
-CARA…..-Ouvi passos vindo na minha direção - VOCÊ ESTÁ BEM? -pergunto Bart desesperando vindo até mim.
Eu coloquei a mão no bolso, e entreguei 100 dólares para Bart.
-E então?! Nunca fez algo que simplesmente não soube como explicar?! - falou Lindsay me olhando meia estranho.
-Tem…..existe sim. - falei sorrindo para Lindsay.