A Cidade dos Corvos - Lindsay
Continuei andando apressadamente só que sem olhar para o mapa e sem olhar para frente e quando me dei conta…..
BAM!
Eu bati em alguma coisa dura, e cai para trás, abri os olhos, e vi um jovem sentado no depósito de lixo bem ao meu lado, e na minha frente, uma rua sem saída, eu havia batido em uma parede.
-Você sabe que não pode atravessar as paredes né?! - e uma risada ecoou pela rua deserta e fria.
-Q-Quem é você?! - falei preocupado.
-Alguém que certamente você não conhece. -falou a voz.
Ah! Eu estava cansado disso, todos bancando os misteriosos….
-Será que dá pra falar logo quem você é? E parar de enrolação?! - falei mas a minha voz falhou e eu falei o resto da frase com voz fina e coloquei na minha boca as duas mãos tampando.
-O que foi isso?! - falou a voz.
-O que?! Tem uma pessoa atrás de mim e… -falei tentando disfarçar.
-Não isso…..mas o que houve com a sua voz?! -falou a voz ainda.
-Ahm….nada..nada…-falei desmentindo e finalmente levantando.
-Oh céus! Quantos anos você tem?! - perguntou a voz.
-12!- a voz afinou novamente.
-Oh céus! - a voz gargalhou. -O que há de errado com você?! - falou a voz.
O sangue esquentou,não era a primeira vez que eu havia passado por aquilo, desde que completei os meus 12 anos, a voz simplesmente fazia aquela parada, e eu morria de vergonha sempre que acontecia.
-Isso se chama Puberdade O.K?! -Gritei em minha defesa - todos os garotos passam por isso,só a forma de expressar que é diferente. -falei na minha defesa.
-O.k…….o.k…... - falou a voz rindo.
-E você quem é?! - falei indagando mesmo.
E a pessoa tirou o capuz e eu me surpreendi, eu achei que era um rapaz, mas na verdade, era uma garota, alta, magra, com cabelos ruivos e eu fiquei paralisado ali vendo ela arrumar o cabelo,o meu queixo caiu.
-Sou Lindsey. E você é o Tom. - falou ela.
-O-oi…..-falei sorrindo.
-Fecha a boca se nao vai começar a babar. - falou ela sorrindo.
-Como você sabe que eu sou eu? -Falei sem entender.
-Você é o porta-voz! Todos sabem sobre você. Mas na verdade, eu vi você na lanchonete com o Carlos, somos…..ahn….. sócios…. E eu estava procurando por ele. Então? Onde ele está? - falou ela me olhando erguendo a sobrancelha.
-Bem...eu não sei…..os corvos o levaram…-falei hesitando com medo dela.
-O que?! Filhos da P….. não acredito que eles fizeram isso…...como foi? - falou ela se aproximando.
-Eu não sei…..ele estava caminhando junto comigo depois da lanchonete, e começo a apressar os passos, e então, ele entrou em uma rua e ele saiu correndo e quando eu fui atrás dele ele estava preso com dois corvos que se aproximaram dele e o levaram. - falei respirando fundo. - eles entraram pela parede inclusive. - falei olhando para baixo.
-E o que você fez? Foi atrás dele? - falou a Lindsay.
-Não! Eu não sou Harry Potter! Não posso atravessar as paredes como os fantasmas de lá! infelizmente, não sei para onde foram - falei suspirando.
-E o que você fez? Para onde foi? Para onde vai? - falou ela séria.
-Bem, antes, Carlos me mandou para o Jame's e eu fui, e lá eu conheci o Sr James e ele pediu para mim ir na casa dele e eu estava indo antes de ouvir você me perseguir. - falei olhando para ela. - porque fez isso? - falei firme para ela.
-Primeiro: não te segui, eu estava te protegendo. Segundo: Não se abandona um parceiro nem com risco de vida. E terceiro: o que você achou que era? Um corvo? Corvos não andam. - sorriu ela para mim e eu percebi a cicatriz na boca dela que se seguia até a bochecha do outro lado do rosto.
-O que houve com o seu rosto? - falei tocando no lugar da cicatriz.
-Nada. Nada. - falou ela. - vamos….precisamos encontrar o Carlos…- falou ela dando as costas para mim.
-Não! - ela me olhou arregalando os olhos - quer dizer…..eu não posso Lindsay, não posso deixar um parceiro na mão. E agora, James é um deles. - falei firme.
E ela sorriu para mim quando ouviu eu disse aquilo.
-Você até que não é tão burro quanto parece ser. - falou ela - então vamos, vamos até o Jame's. O que é isso? Um mapa? - falou ela pegando da minha mão o mapa.
-Pode me levar até lá? - falei sorrindo fraquinho.
-Vamos, é por aqui. - apontou ela para frente e indo na frente.
E eu fui caminhando atrás dela e não resisti de perguntar:
-O que você e o Carlos fazem? - perguntei.
-Bem…..um assunto nosso….você não é o único com missão importante por aqui. - falou ela. - nós prestamos pela calmaria nesse lugar. - falou ela por fim. - e você? O que você fazia antes de descobrir que era porta-voz. - Falou ele.
-Bem, eu era um garoto normal,apaixonado por Aliens e coisas fora da terra -sorri.
-Ah…..e você ainda acredita nisso? - perguntou ela.
-Bem, sim. Acredito sim. Mesmo vendo tudo isso aqui e vendo o quão bobo é essa ideia agora. - falei abaixando a cabeça.
-Sim…..bem bobo né? Mas não tiro a sua hipótese, pode ser que haja vida fora da terra mas eu te garanto que eles não vão se interessar por aqui ou pela terra - falou ela sorrindo.
-Ué mas porque?- perguntei.
-Porque os seres humanos,são egoístas, e egocêntricos, acham que só porque vivem aqui e ninguém veio de fora, que os de fora vão querer visitar vocês. Como se não existissem coisas maiores e melhores para fazer. - falou ela olhando o mapa.
-Pensando por esse lado, realmente você tem razão. Com tantos milhares de planetas porque eles vão querer ficar aqui?- questionei.
-Exatamente. Existem coisas melhores para pesquisar, coisas que realmente valem a pena…..- falo ela.
-Tipo?! - perguntei.
-Tipo….porque as pessoas morrem? Porque elas são presas nessa cidade imunda?! - olhou ela para mim e aquilo me fez gelar.
Eu não sabia as respostas, e de repente, tudo ficou mais confuso, eu não sabia o porquê existia a morte, nem o porquê, as pessoas vinham para cá eu só sabia que elas vinham e essa pergunta se segui até dobrarmos mais uma esquina e eu não consegui segurar mais.
-Como isso aqui existe? Porque vocês estão aqui? - perguntei.
-Bem, somos apenas almas perdidas, Tom, almas que não resolveram as suas pendências, algumas, decidiram ficar, outras, são passageiras. E você, serve para abrir a porta do trem para elas finalmente alcançarem a sua paz. - falou ela como se fosse um texto decorado.
-E você faz o que? Você decidiu ficar? - perguntei.
E Lindsay paralisou.
Respirou fundo e disse:
-Finalmente chegamos, você vai na frente, vou atrás. James já deve estar te esperando, e não por mim. - falou ela.
E eu concordei.
E fui caminhando até a porta dele e bati, o papagaio cantou, e eu sabia que ele estava em casa, a porta se abriu e ele estava com cara de sono e quando me viu Falou:
-Ah garoto! Graças a Deus! Finalmente você veio mas o que diabos aconteceu? - perguntou ele fazendo menção para mim entrar na casa. - ah….. houve um….imprevisto - falei olhando para Lindsay e ela veio caminhando até nós.
-Imprevisto chegando -Falou Lindsay.
-O que faz aqui garota?! - pergunto James.
Um corvo piou e então todos nós olhamos para trás.
-É melhor entrarmos. - falou James e todos nós entramos.
James fechou a porta.