A Cidade dos Corvos : A Cidade dos Corvos

Cinza……

Era tudo que eu via…

A única cor que eu enxergava,a única cor que eu via com frequência,era irritante, era um verdadeiro saco, mas eu não tinha outra escapatória. Tudo estava escuro, para variar, porém, aos poucos foi clareando e não deixando a cor cinza de lado, eu estava caminhando, lentamente, até um caminho,era uma estrada, eu sentia a minha respiração ofegante enquanto fui caminhando,era como se eu respirasse fumaça,e a imagem foi se abrindo, olhei para os lados, e percebi que na verdade, eu não estava em uma estrada, eu estava em uma rua. E quando eu vi a rua,vi um farol vindo na minha direção e um som de buzina bem alto.

-Sai da rua moleque! - gritou a voz dentro do carro e eu me esquivei.

Ofegante… sem saber o que diabos estava acontecendo, eu me levantei, e então,continuei o meu caminho procurando por alguma coisa.

Havia lojas,casas, prédios, tudo cinza e mórbido, haviam pessoas, sim, haviam. Mas elas caminhavam com passos firmes e lerdos, e não era nada parecido com passos confiantes,e sim, passos de desespero, me lembro desses passos, eram parecidos com os meus quando um gorila na escola tentou me afogar na privada do banheiro feminino, quanta humilhação! Me lembro até hoje de dar esses passos depois de chutar o palito que ele tinha debaixo das pernas.

Ah aqueles passos…..

E conforme minha visão e meu cérebro se acostumou com aquela visão de tudo cinza, eu fui enxergando muito melhor e mais claro e até mais nítido, e enquanto caminhava, as pessoas me olhavam como se eu fosse uma estrela de cinema.

era bizarro! totalmente bizarro!

Então, fui tentando localizar alguma pessoa que em aparentava confiança, ou seja, nenhuma pessoa aparentava isso,continuei a minha caminhada, até que alguém segurou o meu braço, a mão era firme, forte, pesada e eu me virei para ver quem era que estava me segurando daquela forma.

-Você é Tom Rivers não é? - falou um cara alto e magro mas ele era muito alto -o porta-voz -cochichou ele agachando no meu ouvido.

-S-Sim….mas o Senhor está me machucando….poderia me soltar?- falei meio tenso.

-Ah….sim….sim….claro….claro. - falou ele e logo me soltou.

-O que o Senhor precisa?- perguntei.

-Que você o porta-voz faça alguma coisa por nós. - falou ele suspirando.

-O que? Como assim? Que coisa?-falou ele.

-Tirem os corvos. - falou ele indicando a cabeça para cima.

E eu olhei para onde ele estava indicando, e descobri o que ele tinha dito, em cima de nós, haviam mas de 4 corvos nos olhando,atentos,curiosos, pareciam estar de olho em nós e aquilo de certa forma me angustiou.

-Certo. E o que eles fazem? -perguntei sem saber de nada.

O Homem, não me respondeu, muito pelo contrário, agachou e disse na minha orelha:

-Continue a caminhar, eles não gostam de pessoas paradas.- falou ele que se virou e continuou o caminho.

assenti com a cabeça, e continuei a caminhar, os corvos, ainda me olhando curiosos,foram se dispersando e um a um foram voando no céu tranquilamente, pelo visto, era alarme falso para eles.

-Então Senhor…..- dei ênfase para ele completar a frase.

-Carlos Sr Tom. - falou ele com todo o respeito.

-O que são esses corvos? E onde é aqui? - falei intrigado ainda caminhando porém reduzi a velocidade.

-Jura?! O senhor não conhece aqui? Oras vejam só! Aqui é Ravens Place, a melhor cidade dos mortos que possa existir. Muito cordial,e receptiva. - falou ele como se estivesse fazendo um comercial da cidade.

-Certo - falei intrigado -mas o que o Senhor gostaria que eu fizesse? - perguntei curioso.

-Que o Senhor,Senhor Tom,nos livre de tudo isso que está acontecendo. A filha do governador está em perigo meu Senhor, ela está presa pela Medusa, uma mulher muito ruim,uma mulher muito sagaz, se ela conseguir fazer aquilo que ela tem em mente, ela vai matar todos nós. Mas os corvos meu Senhor, os corvos não deixam ninguém parado nas ruas Senhor. - falou ele desesperado.

-Tudo bem, então, como posso fazer isso?! Preciso de alguma arma? - falei sem saber.

-Oras! Você é o porta-voz! Tenho certeza que saberá o que fazer. - falou ele me olhando sem entender.

-Eu fui convocado justamente para isso, ajudar vocês, mas preciso de ajuda, nunca estive na cidade antes. - falei erguendo os ombros.

-Não te culpo,vai estar um dia. - falou o Sr.Carlos.

-É…...espero que não seja tão breve assim -, falei meio tenso.

-Se for, será uma honra para nós, agora, venha, precisamos sair daqui Sr Tom. Os corvos não vão nos deixar em paz. - falou Carlos apressando os passos e olhando fixamente para frente.

-Certo. Tudo bem. Não tem problema. - falei respirando fundo.

Caminhamos até a esquina chegar, de um lado da calçada que estávamos havia uma loja de donuts e na outra rua a nossa frente, uma loja de artigos de construção que mais parecia abandonada. Foi então, que o Carlos dobrou a esquina, e então foi caminhando um pouco mais próximo a mim.

-Então, como vai a terra dos vivos hein?! - perguntou ele.

-Muito tecnológica. O Sr iria gostar. - falei sorrindo.

-Duvido muito que eu poderia gostar, na minha época estava em fama aquelas figurinhas de caderno e aquelas tv's que era em preto e branco e com chiados. - falou ele sorrindo como se aquela informação fosse a mais atualizada.

-Ah eu garanto ao Sr que apareceu novas TVs. Acredito que o Sr iria gostar com Certeza. - falei com convicção. -Sr Carlos, onde vamos?! - questionei.

-Bem, vamos em um lugar perfeito para conseguirmos conversar sem levantar suspeitas

- falou o Sr Carlos.

-E onde que é?-perguntei.

-Puxa…..você faz muitas perguntas né? - falou ele sorrindo.

-É…..um amigo vive reclamando disso. - falei e pensei em Bento.

Estava com saudades do Sr Bento.

Após caminharmos por alguns instantes, ele nos levou até um beco, que se ele fosse escuro ou não, por causa do cinza, era impossível de se ver, mas na minha cabeça,era totalmente escuro e medonho.

-Sr porque estamos aqui ?! - falei meio assustado e baixinho.

-Os corvos não passam por aqui…. - falou ele.

-Porque? - perguntei.

-Bem, por causa da proteção - falou ele erguendo os ombros e apontou para uma árvore brilhosa na parede.

A única coisa que brilhava ali naquela cidade, naquele universo.

-Então, essa árvore nos protege? - perguntei.

-Sim. Exatamente. Podemos falar exatamente tudo que precisamos por momento. - falou ele. - o que você precisa saber, é que,precisa de um armamento, não sei se por aqui tem, mas deve ter com certeza. Precisamos ir lá na Madame Bones que eu sei que ela vai te ajudar Tom.

-Mas e a garota que está presa? Eu não deveria ir direto salvar ela? - falei curioso.

-E não ter armadura? Não. Seria suicídio!. Não seja burro garoto. Não precisa ser burro! - falou o Carlos me olhando seriamente.

E pela primeira vez, eu senti medo.

Acho que eu estava lascado.

Thatty Santos
Enviado por Thatty Santos em 10/12/2019
Código do texto: T6815937
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.