A Cidade dos Corvos - Consequencias por Ser Porta-Voz

Um sono se apoderou de mim, eu me sentia tão cansado, tão exausto, como se todas as forças sumissem do meu corpo, eu não tinha forças para levantar.

-Ajude-me! Ajude-me! - era novamente o menino.

-Fique aqui, não se mova, tudo ocorrerá bem. Não grite. O monstro vai passar, e então, quando ele dar as costas você corre! Ele quer te pegar. - falei com ele.

-Quem é você? - perguntou o menino.

-Tom, o Porta-voz. - falei com tanta naturalidade que aquilo me impressionou.

-Vai me ajudar? - falou o garoto.

-Vou. - o bicho passou bufando -VAI! -Eu disse ao garoto.

-Obrigada. - falou ele e correu.

O bicho alto e musculoso, veio até mim, e bufando como um búfalo veio para me atacar, o que eu vou fazer? Eu não sei. Não pensei que seria possível eu lutar contra um monstro no meu sonho, é isso! É só um sonho…..apenas um sonho! Eu vou sobreviver. Não posso morrer.

O búfalo bufou no meu rosto, e eu senti o bafo quente e forte, não definitivamente não era apenas um sonho, era real, era de verdade.

E agora? O que eu faço? O que vou fazer?

"A Pedra."

Uma voz veio sobre o meu ouvido.

Eu coloquei a mão no bolso, e então, senti a presença dele dentro do meu bolso,e peguei e quando estiquei não era mais uma pedra,era um espelho, eu olhei e coloquei no rosto do bicho,ele se assustou e tombou para trás, ele estava paralisado. Ele havia se transformando em pedra. O monstro não estava mais a minha frente.

E eu acordei.

Eu estou deitado, em uma cama branca, e parece que tudo aqui é branco, seria o céu? Sacanagem morrer agora! Estive na cidade dos Corvos e até agora não morri e agora, vou morrer?. Não pera….tem alguém me olhando…. Um olhar conhecido…..quem era? Quem estava me observando?

-Tom? Querido? - falou uma voz feminina conhecida.

-M-mãe? - falei baixinho.

-Ah santo Deus! Graças a Deus você acordou meu amor. - falou ela se aproximando e me dando um beijo.

-Mãe!?.....O que aconteceu?.... Eu não estava na Cabana? - falei confuso.

-Estava meu bem, mas você está em casa agora, no hospital, mas em segurança. - falou minha mãe.

Bateram na porta, e então,minha mãe disse:

-Entre! - falou ela se endireitando na cama.

Era o Doutor.

-E aí? Como vai o guerreiro? - perguntou ele sorrindo simpática mente.

-Eu vou bem Doutor, Meio confuso. Mas vou bem. - falei ainda meio zonzo.

-Qual é o estado clínico dele Doutor? - perguntou a minha mãe tensa.

-Bem, ele engoliu muita água do lago, e pelo fato do corpo dele ter ficado tanto tempo submerso, somente o tempo pode nos responder. Por isso, gostaria de conversar com a Senhora a respeito do Tom ficar aqui por alguns dias no hospital, precisamos saber como que o corpo dele vai reagir estando agora acordado. - falou o Doutor.

-Claro claro, eu compreendo. Mas não vai demorar não é mesmo? - perguntou a minha mãe.

-Não,não. Prometo que serei o mais breve possível. - sorriu ele para a minha mãe.

-Doutor, quanto tempo que eu fiquei submerso naquele lago? - perguntei.

O Doutor e minha mãe se entreolharam e apenas a minha mãe respirou fundo.

-Tom,vou ser bem honesto com você está bem?, Você ficou dentro daquele lago por 6 meses e meio. Sua mãe e toda a cidade procuraram pistas do seu paradeiro. Os bombeiros, ,procuraram o seu corpo por todo o lago, e nada de te encontrar, com isso, achávamos que você tinha morrido. Mas eis que de repente, você aparece boiando para a superfície, e o mais intrigante que você aparece vivo. - falou o doutor.

-Vivo? 6 meses e meio? Mas doutor, como é possível? - perguntei confuso.

-Ainda não sabemos, o Delegado vai querer conversar com você filho. Mas não se preocupe, não se preocupe mesmo,você está aqui, e o mais principal, vivo. É o que queremos de você, vivo, saudável, e forte. - falou minha mãe segurando na minha mão.

-E em breve, você sairá desse hospital horrível. Não se preocupem. - falou o doutor olhando para nós dois.

E com isso, o Doutor se retirou, e então, minha mãe ficou ali comigo até o horário da visita acabar e por fim, eu estava sozinho novamente.

*A Noite*

-Por favor…...me ajude!.....por favor…...por favor. - era uma voz sussurrando de uma garotinha.

Estava tudo escuro, e ela estava na ponta da minha cama segurando os meus pés.

-Q-quem é você? C-como veio parar aqui?! - falei assustado.

Eu pude sentir os seus dedos segurando os meus.

-Sou Anna…..Anna Lidsey…...e eu preciso de você….me ajude!....por favor!......me ajude!....antes que venham me pegar…..antes que me levem. Me ajude! - falou a garotinha e então ela soltou os meus dedos do meu pé,e foi caminhando até a porta com os cabelos louros.

-Ei! Psht! Venha aqui! Não vai embora assim….garotinha…...Anna! - falei e coloquei os pés frios no chão e fui em direção a porta do meu quarto levando comigo a bolsa de soro.

-Venha! Por favor! Prometo que não vai demorar. Você precisa urgentemente fazer um favor para mim. - falou Anna baixinho.

-Está bem, mas que seja rápido, não posso sair do meu quarto. - falei baixinho.

Anna foi caminhando até o final do corredor, e tudo estava cinza,mas eu não me importava, Anna precisava de um favor meu.

O chão frio do hospital, e o cheiro de gaze inundava totalmente o ambiente, e devagar, e lentamente, fomos caminhando até o final do corredor frio, e de repente, Anna abriu a porta, e lá estava, um corpo de uma garotinha, toda entubada, loira, com os pés descalços, e um homem cochilando do lado dela sentada em uma poltrona.

-Anna….o que estamos fazendo aqui? - perguntei baixinho.

-Esse é o meu corpo, eu ainda não morri, porém, preciso que você diga ao meu pai algo que eu nunca disse para ele. - falou Anna.

Meu coração acelerou, e não parou mais, eu estava recebendo um pedido para ser Porta-voz de alguém, mas não de alguém qualquer, mas de alguém que estava prestes a morrer.

-Por favor Tom, não me negue isso, meu pai precisa disso…..não temos tempo. - falou ela olhando para o meu pai.

-E o que devo fazer? - perguntei.

-Toque nele, ele vai acordar. - falou ela.

-Certo. - falei e fui até o homem que estava cochilando e quando eu toquei nele, ele levou um susto.

-Rapazinho, o que está fazendo aqui? Está perdido? - ele falou com voz mole me olhando e olhando para a filha automaticamente.

-A sua filha…...ela…..ela me pediu…..para mim ver…..ahn….falar com o Sr. - falei gaguejando e tensa.

-O que? Minha filha falou com você? Mas como? - falou ele não compreendendo.

-Ahm….ela apareceu para mim Sr. Ela me pediu que eu viesse falar com o Sr. - falei eu meio tenso.

Anna apareceu do meu lado, e falou:

-Diga para ele que eu o amo - falou ela.

-Ela está aqui Sr, e pediu para mim dizer que ela te ama. - falei engolindo a seco.

-diga para ele que, eu não vou me esquecer dele,e que, eu só quero que ele case com a Marie - falou ela.

-ela disse que ela nunca vai se esquecer do Senhor, e que, ela só quer que o Senhor se case com a Marie - falei.

-e que ele tenha filhinhos juntos. E que construam uma casa na árvore como ele me prometeu e não cumpriu. Que agora, faça para esse filhinho. - falou Anna emocionada.

-Ela disse também, que, era para que vocês,Marie e O Senhor, tenham um filho juntos, e que, o Senhor construa a casa da árvore que o Senhor prometeu para ela. - falei engolindo.

O Senhor se derramou em lágrimas, começou a chorar.

-Diga para ele,que eu sempre estarei aqui, e que, mesmo não podendo abraçar, sempre e para todo o sempre o amarei. E o protegerei, e não o esquecerei. - falou Anna por fim.

-E ela disse agora que, ela sempre estará aqui, e que, mesmo não podendo abraçar o Senhor, ela sempre amara o Senhor. E que ela vai proteger e não vai esquecer. - falei por fim.

E o Senhor estava chorando muito, ele parou, enxugando as lágrimas disse:

-Ela está aqui? - perguntou ele.

-Sim….sim Sr, ela está. - falei firme.

-Diga para ela que eu a amo. - falou ele.

-ela pode te ouvir Senhor. Ela consegue te ouvir. - falei por fim.

E ele chorou.

-Chegou a hora, chegou a minha hora. Obrigada Tom, obrigada Tom - falou Anna.

-E -espera! Só isso? - falei confuso.

-Sim, era só isso. - falou ela.

-E o seu pai? -perguntei.

-Ele vai ficar bem, ele vai superar. Ele é forte. Vai ser muito feliz. Obrigada Tom, obrigada por fazer isso. A gente se vê. - falou ela e então uma luz veio muito forte, e ela foi para a luz e tudo ficou escuro.

"PIIIIIIIIIIIIIIIII."

O barulho dos maquinários começou a apitar.

-Filha…...filha! Filha! - falou o Senhor apertando a mão da menina.

Tarde demais. Ela já se fora.

Ela estava morta.

"Código Azul."

"código azul."

Várias enfermeiras gritando pelo corredor vindo em direção ao quarto de Anna, era hora de partir. Era hora de ir embora.

Eu apressei os passos, e lentamente o cinza foi se transformando em branco, e só ouvi passos atrás de mim de enfermeiras, e entrei no quarto, e quando entrei no quarto, minha cabeça começou a doer, e tudo ficou girando, e então, eu vomitei água do lago, era preta, e do meu nariz,escorria sangue, consequências de ser Porta-voz.

Thatty Santos
Enviado por Thatty Santos em 03/12/2019
Código do texto: T6810172
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