A Cidade dos Corvos - De Volta para Casa
Era estranho estar aqui nessa cidade cinzenta,com um fantasma do meu lado me conduzindo até uma casa desconhecida com uma mulher desconhecida, e depois de caminharmos muito tempo, finalmente uma casa no meio do mato apareceu, ela era alta, e tinha um telhado pontiagudo, e quando o Senhor Bento viu a casa, ele respirou fundo.
-Graças a Deus! Chegamos! - falou ele e entrou pelo caminho de pedras que havia, que ligava o asfalto até a entrada da casa.
Sr Bento foi na frente, em uma estrada com asfalto ele já caminhava lento, mas em uma estrada de pedras muito mais lento, mas não havia problema, se dentro daquela casa aquela mulher trazer problemas para nós, certamente vou me agradecer por esses passos lentos. E depois de muito tempo, conseguimos chegar nas escadarias da casa, e o Sr Bento tocou na campainha e depois de algum tempo, ouvimos passos se aproximando da porta, e ficamos em alerta.
-Quem é? - falou uma voz feminina meia rouca.
-Roberto e convidado. -falou o Sr Bento.
-Roberto?! É você?. - perguntou ela intrigada.
-Sou eu, Você poderia abrir a porta? - perguntou o Sr meio impaciente.
E as trincas fizeram um barulho de destrancado, e depois, a maçaneta girou e então, uma mulher sorridente com óculos redondos apareceu, ela estava com um turbante na cabeça, e os seus cabelos ruivos acobreados caindo no seu ombro, a mulher, parecia que tinha uns 50 anos,e muito magra. Ela abriu um sorriso largo, e estava até meio amarelado.
-BETO! Que bom te ver meu filho, vem cá, me dá um abraço aqui. - e ela puxou ele com força e abraçou o Sr Bento e eu ri baixinho atrás dele.
-É bom te ver também…..é…...mulher…..você está me esmagando….. - falou o Sr Bento com dificuldade.
-E quem é esse pirralhinho? - falou ela e olhou fixamente para os meus olhos.
-Esse é Tom,Tom Rivers. - falou o Sr Bento.
-É um prazer conhecer a Sra,Sra Laurent. - falei esticando a mão com medo dela me abraçar igual abraçou o Sr Bento.
-Oh não querido….Ah não…..você….está perdido! - falou ela meia térrea.
-O que? Eu estou? Como assim?! - falei confuso.
-Shh…….você fala muito ……muito mesmo….Deus! Você é uma bagunça. Por favor, entre e me diga o que está havendo. - falou ela com desdém.
-Laurent o Tom ele foi…..ahn…..vomitado pelo lago. - falou ele incerto se a palavra vomitado era a correta.
-Vomitado? Como assim Vomitado? - falou ela olhando para o Bento e para mim.
Os seus olhos não descansavam nunca.
-Eu bem….. hã….estava em uma excursão da minha escola, e eu e meus amigos estávamos procurando vidas extraterrestres e….
-Extraterrestres? - ela gargalhou - oh querido que bobagem! Que bobagem! Procurando a sua própria existência. - falou ela rindo.
-Hã?! Como assim?! - falei meio perdido. -
-A-Ahm.....continue…..continue. - falou o Sr Bento impaciente.
-Eu acabei caindo no lago, e de repente, acordei aqui, era como se alguém havia me puxado pela mão e me jogado aqui. - falei rapidamente.
-hmmmmm…... interessante…...interessante… bem, no seu caso, você é um porta-voz querido, uma ligação existe entre você e o mundo dos mortos. Tem uma missão impecável com você. E você só poderá diminuir essa ligação fazendo aquilo que você tem que fazer. Não se esqueça! Fale o que tiver que fazer. - falou ela seriamente.
-Mas eu estou morto? - perguntei olhando para as minhas mãos.
-Ahm…. ficará se não fizer aquilo que lhe é mandado. - falou ela.
-E quem vai me mandar? - perguntei curioso.
-Ele faz muitas perguntas né? - falou Sra Laurent olhando para o Sr bento.
-Não faz idéia! Um verdadeiro porre! - falou o Sr Bento irritado.
-Sua cabeça pequeno burro. - sorri ela - sua cabeça vai te comandar, exatamente para aquilo que você precisa fazer. E terá que vir aqui com frequência, mas não se preocupe, vai dar tudo certo. Vou providenciar tudo para você. - falou ela.
-Certo….mas porque eu? E como vou voltar? - perguntei curioso.
-Da mesma forma que você veio Moleque! O lago te vomitou,o lago te engole novamente. Não se preocupe não vai doer. Vão ter consequência disso, mas não posso te poupar sobre tal coisa, mas, fica em paz não vai dar nada de errado. - falou ela cética.
-Então, vou poder retornar para casa? - perguntei. - ver a minha família? - falei curioso.
-Sim moleque! Meu Deus! - falou o Sr Bento.
-então quando que eu vou? - perguntei.
-Ainda hoje, vamos te jogar no lago,mas não se preocupe, vai retornar em segurança. - falou ela.
E Sra Laurent levantou, então, me entregou uma pedra, ela era branca, e brilhante, e eu olhei intrigado para ela.
-Antes que fale, vou explicar para que serve, essa pedra vai te ajudar na sua caminhada, aqui não funciona só funciona lá quando você acordar. E lembre-se, não conte a ninguém.- falou ela fixamente me olhando.
-Esta bem, eu entendi. - fale firme.
-E tome cuidado viu?! As coisas não serão fáceis. - ela disse por fim e esticou a mão e eu dei a mão para ela,e ela me conduziu até a porta e o Sr Bento sorriu para mim.
-O moleque vai sozinho? - perguntou ele.
-Sim, ele tem que ir. Ele veio só, ele vai embora só. Não temos outra escolha. - falou ela.
-Tudo bem…. Até mais moleque! - falou o Sr Bento e eu o abracei.
-até mais Sr Bento, obrigada por me ajudar. - falei e sorri.
-Ta…..agora….vai moleque. Ande! - falou ele.
-Ande Tom, você precisa ir. - falou ela.
Eu assenti.
E eu passei pela porta.
-Fecha os olhos, vai estar no lago. - falou a Sr Laurent.
E eu fechei os olhos, e ela estalou os dedos.
E quando eu abri, eu estava diante do lago, as águas escuras e turvas, e cinzentas. Não via a hora de retornar, de reencontrar a minha família. Os meus amigos. Finalmente estava retornando para casa, segurei a pedra, e coloquei no bolso, e me aproximei do lago e de repente, eu senti o lago me puxar, e tudo ficou escuro, e as bolhas de água me abraçaram, e ficou fria, muito fria, e senti o baque do meu corpo bater na grama, um vento quente, uma sensação de luz, e tudo turvo, tudo lento, tudo em câmera lenta.
Será que eu retornei?!
Onde que eu estou?
E de repente, eu me senti pesado, e não aguentei, abri os olhos, e vi uma pessoa na minha frente, um garoto.
-Por favor, me ajude. - falou o garoto.
-Q-quem?! - falei ainda sem entender.
E tudo ficou escuro novamente, o garoto parecia miragem.
-Ele está acordando! - falou uma voz feminina la no fundo.
-O que? Impossível! - falou outra voz.
-Não, olhe! Os sinais vitais! Ele está voltando. - falou a voz feminina.
-Não! Não é possível! - falou a outra voz.
E de repente, eu senti uma enorme vontade de vomitar e um nojo veio do meu corpo, e eu vomitei e saiu água escura do meu corpo, muita água, e de repente, eu senti um frio, um frio terrível, e comecei a tremer. Fechei os olhos, e tudo ficou escuro novamente.
O garoto apareceu novamente, e então, ele disse:
-Por favor, me ajude! Me ajude! Me ajude a retornar! - falou a voz baixinha.
E novamente o enjôo, e eu vomitei águas.
-Ele está frio Doutor! - falou a voz feminina.
-Ele está com hipotermia. Cubram ele e leve-o para o quarto. Agora! Imediatamente! - falou a voz Masculina firme.
-Ele está vomitando! É uma água escura. Doutor nunca vi uma coisa dessas! - falou a voz feminina meio em desespero.
-Deve ser porque ele engoliu muita água. Deixe que o corpo reaja e tire toda a água, não se preocupe, isso é um bom sinal. - falou o Doutor.
-Aguente firme Tom, aguente firme. - falou a voz feminina.
E ainda na escuridão o garoto apareceu a mim.
-Por favor, diga o que eu tenho que fazer?! - perguntou ela.
E a escuridão se passou e eu vi um menino agachado, e um monstro procurando por ele, farejando como um urso, como um cão.
-Fique queiro! Não se mova! Ele não vai te encontrar. Não faça nenhum movimento. Fique quietinho. - falei baixinho.
-Só isso? - pergunto o menino.
-So isso, fique quieto e procure a calma. - falei por fim.
E de repente, tudo ficou escuro novamente, e a voz da mulher veio em minha cabeça.
-Doutor, ele está reagindo, mas esta tão frio. Já avisou a família dele? - perguntou a enfermeira.
-Não, não quero trazer falsas esperanças, ele está um fio da morte. Continue colocando os cobertores, e coloque na veia dele o medicamento. Ele está em observação. - falou a voz Masculina.
-Está bem, doutor. Ande Tom, ande! Reaja por favor! - falou a Enfermeira preocupada.
O que está havendo? O que está acontecendo…
Tudo está acontecendo tão rápido, e tão confuso…...