O Galo Pipa
O galo do Tonho se chamava “PIPA”. Não sei por que foi batizado com esse nome. Penso que seja pelo tamanho do bicho. Ele era bem grande desde pequeno. Tonho ganhou de um vizinho, por ter achado a ninhada de ovos no meio do mato. Foi um alarde que só. Pois não é que os ovos estavam descascando! Uma grande emoção para ele ver os pintinhos nascendo. Foi seu primeiro bichinho de estimação. Aonde ele ia o pintinho ia atrás. Era piu piu... pra lá, e piu piu..prá cá. Até que o bichinho foi crescendo e mudou para cocoricó pra lá, e cocoricó pra cá... Foi parar no cercado. Chamavam de galinheiro.
Esse cercado ficava atrás de um galpão onde era guardado um monte de bugigangas, atrás da casa onde Tonho morava. Era como se fosse um depósito.
O galinheiro era feito de ripas meio que pontiagudas. Todas meio que disformes. Eram refugos de madeiras que juntavam pelos matos. E ali, as galinhas cresciam, engordavam depois, para panela. E o enorme galo “Pipa” também foi morar lá.
Eles, Maria, Tonho e José, irmãos inseparáveis, se davam muito bem. Tinham pouca diferença de idade. Então, estavam sempre fazendo algumas tarefas e brincadeiras juntos, em especial quando iam catar lenha no mato e buscar serragem nas fábricas para aquecer o fogão a lenha. Levavam um carrinho de mão e se ajudavam para empurrar um pouco cada um. Ele era usado para quase todas as tarefas da casa. Puxavam roupas sujas para as lavandeiras, serragem e cavacos para queimar no fogão a lenha, carregavam as crianças menores, os cachorros e gatos dormiam encima... Enfim, era o meio de transporte mais usado pelas famílias do bairro. Enchiam tanto até quase não aguentarem com o peso. Iam se revezando. Uma quadra de cada um para empurrar aquele precioso carrinho.
E o galo do Tonho bem no topo do carrinho de mão. Todo pomposo! Parecia um rei...
Esse galo deu o que falar. Ele era imenso. Quando Tonho ganhou, era um pintinho, mas já bem grandinho e todos achavam que ele não ia cuidar direito. Mas Tonho alimentava, cuidava, dormia com o bichinho ao lado de sua cama até que ficou enorme e foi para o galinheiro atrás do galpão.
Era um tormento o barulho que o galo fazia quando cantava. Mal clareava o dia ele subia e descia do poleiro, esticava o pescoço e cantava, cantava... Acordava toda a vizinhança. Fazia um esparramo correndo atrás das galinhas o dia inteiro. O danado do galo tinha o hábito de pular para fora do galinheiro, e ciscar as hortas da mulherada. Estragava todas as verduras e os jardins das casas. Era um corre, corre, atropelando o danado.
Mesmo assim, em razão do afeto que Tonho tinha pelo galo, respeitavam o galo “Pipa”. As crianças adoravam dar farelos e comidas que sobravam para ele.
O tempo foi passando, e ele foi ficando cada vez mais gordo e velho, já não cantava mais com tanta pose como antigamente.
Até que um dia o danado foi pular para fora do galinheiro e ficou preso nas ripas e morreu sufocado.
Ninguém imagina o desespero do Tonho. A mãe dele queria imediatamente depenar o coitado antes que esfriasse o bicho e colocar na panela, para comerem com polenta. Ia ser um banquete naquele dia, pelo tamanho do galo, todo mundo iria comer um pedaço bem grande!
Mas... Quem diz que Tonho deixou.
A choradeira foi tanta que tiveram que fazer um enterro do galo lá no meio do mato, com toda a gurizada cocoricando atrás. O Tonho chorava e a gurizada rolava de rir.
A mãe do Tonho não se conformava em ter perdido tamanha refeição. Tentou de todo jeito depenar o danado do galo. Mas que jeito! O enterro foi com flor do mato e tudo.
No outro dia, “Tonho” acordou, lembrou-se do galo e foi levar flor no lugar onde havia enterrado o galo “Pipa”, mas sem querer acabou pegando um caminho diferente já não lembrava mais qual era o lugar certo. Foi então que ouviu um barulhinho e começou a abrir mais o mato, e acabou achando outro ninho cheio de pintinhos...
Adivinhem! Piu piu pra lá, piu piu pra cá...
Produção texto: Miriam Carmignan
Esse cercado ficava atrás de um galpão onde era guardado um monte de bugigangas, atrás da casa onde Tonho morava. Era como se fosse um depósito.
O galinheiro era feito de ripas meio que pontiagudas. Todas meio que disformes. Eram refugos de madeiras que juntavam pelos matos. E ali, as galinhas cresciam, engordavam depois, para panela. E o enorme galo “Pipa” também foi morar lá.
Eles, Maria, Tonho e José, irmãos inseparáveis, se davam muito bem. Tinham pouca diferença de idade. Então, estavam sempre fazendo algumas tarefas e brincadeiras juntos, em especial quando iam catar lenha no mato e buscar serragem nas fábricas para aquecer o fogão a lenha. Levavam um carrinho de mão e se ajudavam para empurrar um pouco cada um. Ele era usado para quase todas as tarefas da casa. Puxavam roupas sujas para as lavandeiras, serragem e cavacos para queimar no fogão a lenha, carregavam as crianças menores, os cachorros e gatos dormiam encima... Enfim, era o meio de transporte mais usado pelas famílias do bairro. Enchiam tanto até quase não aguentarem com o peso. Iam se revezando. Uma quadra de cada um para empurrar aquele precioso carrinho.
E o galo do Tonho bem no topo do carrinho de mão. Todo pomposo! Parecia um rei...
Esse galo deu o que falar. Ele era imenso. Quando Tonho ganhou, era um pintinho, mas já bem grandinho e todos achavam que ele não ia cuidar direito. Mas Tonho alimentava, cuidava, dormia com o bichinho ao lado de sua cama até que ficou enorme e foi para o galinheiro atrás do galpão.
Era um tormento o barulho que o galo fazia quando cantava. Mal clareava o dia ele subia e descia do poleiro, esticava o pescoço e cantava, cantava... Acordava toda a vizinhança. Fazia um esparramo correndo atrás das galinhas o dia inteiro. O danado do galo tinha o hábito de pular para fora do galinheiro, e ciscar as hortas da mulherada. Estragava todas as verduras e os jardins das casas. Era um corre, corre, atropelando o danado.
Mesmo assim, em razão do afeto que Tonho tinha pelo galo, respeitavam o galo “Pipa”. As crianças adoravam dar farelos e comidas que sobravam para ele.
O tempo foi passando, e ele foi ficando cada vez mais gordo e velho, já não cantava mais com tanta pose como antigamente.
Até que um dia o danado foi pular para fora do galinheiro e ficou preso nas ripas e morreu sufocado.
Ninguém imagina o desespero do Tonho. A mãe dele queria imediatamente depenar o coitado antes que esfriasse o bicho e colocar na panela, para comerem com polenta. Ia ser um banquete naquele dia, pelo tamanho do galo, todo mundo iria comer um pedaço bem grande!
Mas... Quem diz que Tonho deixou.
A choradeira foi tanta que tiveram que fazer um enterro do galo lá no meio do mato, com toda a gurizada cocoricando atrás. O Tonho chorava e a gurizada rolava de rir.
A mãe do Tonho não se conformava em ter perdido tamanha refeição. Tentou de todo jeito depenar o danado do galo. Mas que jeito! O enterro foi com flor do mato e tudo.
No outro dia, “Tonho” acordou, lembrou-se do galo e foi levar flor no lugar onde havia enterrado o galo “Pipa”, mas sem querer acabou pegando um caminho diferente já não lembrava mais qual era o lugar certo. Foi então que ouviu um barulhinho e começou a abrir mais o mato, e acabou achando outro ninho cheio de pintinhos...
Adivinhem! Piu piu pra lá, piu piu pra cá...
Produção texto: Miriam Carmignan