Ciuminho
Marine e Leonardo optaram por fazer daquela tarde no quarto dele uma página virada. Eram melhores como amigos. Sabia que a sua vida era marcada por perdas.
Não queria que o rapaz fosse mais uma.
“Quer dizer. – Ela soltou o lápis em cima da folha onde desenhava. – Ok. Ele não sente nada por mim amorosamente, mas como é que consegue mentir tão bem? É muito claro como ele se atrai por mim.”
Balançou a cabeça, indo contra seus próprios pensamentos.
“Não se atrai não.”
Cansada de pensamentos confusos, desisti de estudar e desce até a cozinha. Renan sentado na cadeira, comia uma maça enquanto mexia distraidamente no celular.
- Pensei que estava com o Leo. – Ele fala, ao vê-la passar. – Ele está em casa?
- Não sei. – A garota abriu a geladeira e tirou uma garrafa de água. – Não vi ele hoje.
- Eu também não. Leo só some assim quando está com mulher.
A água desceu cortante em sua garganta.
- Deve ser.
Guardou a garrafa de água na geladeira e seguiu o caminho até a sala quando sentiu Renan puxando-a pela cintura.
- Aproveitando que estamos sozinhos... – Ele deixou um beijo no pescoço dela. Marine surpreendentemente não sentiu reação alguma.
- Não.
- Por que? Está de TPM?
- Sem vontade de transar com você. Posso?
- Uau. Pode.
Marine se afastou, silenciosamente e voltou para o quarto. Sentia-se bem por ter rejeitado Renan, mas teve raiva ao perceber que só conseguira por causa de Leonardo.
Naquela noite dormiu pensando em como seria caso tivesse ido até o fim no quarto dele.
(...)
- Eu juro que não sei o porquê de você estar rindo. – Ela cruzou os braços depois que ajeitou o cinto em seu corpo. Leo ligou a chave na ignição, sem conseguir se conter. – PARA!
- Ok, parei. Não fica brava!
- Qual é o seu problema? Por que ainda recebe visitas daquela cadela ordinária?
- Ela foi me ameaçar. É como se soubesse que você descobriu sobre nós dois.
- E você?
- Eu não tenho medo dela.
- É. Deve ser.
Marine ficou em silêncio até chegarem a faculdade. Ela desceu do carro, rispidamente e ele a seguiu.
- Ei... Você é uma artista, não pode se estressar. – Ele a abraçou apertado e percebeu quando o corpo dela suavizou com o seu toque.
- Como você é cínico, Leonardo. - Os dois se olharam e Marine procurou pela mão masculina, até entrelaçarem os seus dedos aos dele. - Você me espera na hora da saída?
- Sempre! Se eu me atrasar, te ligo.
- Beleza.
O rapaz fez menção para beija-la na boca, mas calmamente desviou para a bochecha. O coração de Marine disparou dolorosamente.
- Boa aula.
- Obrigada. Bom trabalho.
Se foi a intenção de Leonardo ou não, ela não saberia responder. Mas aquela cena tão simples na entrada da faculdade atrapalhou a concentração dela durante a aula.
E mais tarde...
- Festa? - Leo balançou a cabeça, assentindo. Era a hora de voltar para a casa. – É longe?
- Nada. É tipo 1 hora e meia daqui. O Log é um velho amigo meu e me convidou!
- Velho tipo o Renan?
- Não, eu o conheci na faculdade. Até tentei apresenta-lo ao Renan, mas os dois não se deram bem. O Log disse que o seu primo não passa de um burguês arrogante.
- Nossa.
- É.
- Nem conheço esse Log e já concordo!
Leo deu uma risadinha.
- A festa é de aniversário?
- Sim. Ele vai fazer 25 anos. E aí topa?
- Claro, acho que vai ser legal.
- Bem, preciso te adiantar que as festas do Log são bem... Hã...
Marine se ajeitou no banco do carro e o olhou atenta.
- Bem como?
- Bem assim, no maior estilo filmes de adolescentes americanos sabe?
- Não sei, não fui para muitas festas.
- Bom. – Ele sorriu, apreensivo. - Em todo caso, fique perto de mim, ok?
- Certo!
(...)
Se Marine tinha alguma dúvida sobre ir a festa, após discutir com Renan, teve a maior certeza possível que estaria lá.
- EU VOU DIZER PARA MINHA MÃE INTERNAR VOCÊ, SUA MALUCA PSICOPATA! – A garota ouviu o primo gritar, depois que subiu para o seu quarto. Viu através da janela do quarto o momento em que ele entrou em um carro cinza e partiu.
- Imbecil idiota. – Murmurou, agressiva. – Como é que eu me sujeito a transar com alguém como ele? Por que o ser humano com tesão é tão burro?
Abriu seu guarda-roupa e tirou o primeiro conjunto de roupas que encontrou. Não queria estragar a noite com Leo, mas não sabia mais se tinha tanta vontade de ir à festa.
Ouviu o celular tocar e no visor indicava que era o vizinho procurando por ela.
- Oi Leo.
“- E aí?”
- Eu vou tomar banho e já te encontro.
“- Aguardando.”
Ela finalizou a ligação, jogou o celular na cama e seguiu para o banheiro.
“Eu espero que essa festa seja boa o bastante para compensar todo o estresse que passo desde que vim morar em São Paulo.”
(...)
- Uau! – Marine revirou os olhos, mas sorriu. – Você encostada assim no meu carro deixa essa noite ainda mais American Pie.
- Exagerado... – Ela vestia uma saia de tecido preta, na altura do joelho. A blusa era curta e na cor vermelha, mostrando o umbigo e as tatuagem na lateral do corpo. Os longos cabelos pretos estavam presos em um rabo de cavalo e fechando o visual, usava um tênis casual vermelho. – Você está lindo.
- Ah, bobagem! Pronta para partir?
- Com toda a certeza!