Os olhos de Luiza Cap 13

O medo de Inês

Os grandes olhos de Luiza se derramaram em lágrimas a espera de Otávio. Será que seu amigo não viria mais? Será que estava bem?

Seria normal se ele não viesse, mas para ela, ficar um dia sem ver Otávio era como se o tempo não passasse, a angústia invadia o peito de Luiza como fel num dia fúnebre.

Até que a mãe da menina chegou e em seguida ouviu-se palmas do lado de fora, por isso não deu tempo da mãe perguntar a filha porque ela chorava tanto.

A mãe de Luiza fechou o rosto quando ouviu as palmas e disse para a menina se esconder rapidamente.

Abriu a porta com desdém e olhou com os olhos cinzas para Lúcia e Otávio.

- Boa tarde, posso conversar com você um momento?

- Desculpe, mas não tenho nada pra falar com a senhora.

- É sobre Luiza, sua filha.

Nesse instante a mulher assustou-se e respondeu rapidamente:

- Acaso não sabe que moro sozinha? desconheço quem seja essa pessoa que está procurando.

Otávio a interrompeu com voz chorosa:

- Mamãe não acredite nela, tem sim uma menina que mora aqui, é filha dela. Apareça Luiza, apareça.

Nisso a menina veio correndo e abraçou Lúcia dizendo:

- A senhora que é a mãe de Otávio? Seu rosto é tão lindo.

Quando Lúcia avistou a menina seu coração pulso forte, sentiu um misto de sentimentos, bem como na hora que Luiza a abraçou.

A mãe da menina sentou na cadeira e desabou a chorar, um choro forte, denso, como se a tempos trancasse-o por dentro.

Lúcia aproximou da mulher colocou a mão em seu ombro e disse com voz doce:

- Ouça, eu te entendo, eu também sou mãe, não sei o que seria de mim se ficasse sem o meu filho.

A dona de casa ergueu os braços e a mulher a abraçou e desaguou todo choro reprimido.

Mais calma ela pos-se a dizer.

- Meu nome é Inês. Minha mãe me alertou sobre meu marido, mas eu fui teimosa, eu era muito nova e me iludi com as promessas dele, casei com 18 anos, logo engravidei, depois de um ano casados ele começou a beber, se transformou numa pessoa violenta e fria, me agredia com palavras e depois começou a me bater.

Eu fiquei com muito medo dele, principalmente depois que tivemos nossa filha.

Então eu não aguentava mais e pedi a separação, ele disse que até poderia me conceder o divórcio, porém eu teria que deixar Luiza com ele.

Então numa manhã que ele foi trabalhar, eu fugi com minha filha. Esta casa pertence a família da esposa do meu irmão, eles foram solícitos me deixando morar nesta casa, aqui pelo menos estou bem longe dele.

Eu sei que errei trancando minha filha. Mas pensa numa mãe desesperada, eu estava sozinha, minha família mora muito longe. Meu irmão me arrumou um emprego no asilo de auxiliar de limpeza. Não pensei duas vezes. Vim as pressas, querendo me libertar daquela vida sofrida e amargurada.

Quando Inês discorreu aquelas palavras, Lúcia compreendeu porque aquela mulher havia relutado em fazer novas amizades.

Era o medo, o culpado de suas reações. Por isso em caráter de defesa Inês se fez tão indiferente.