PRA SEMPRE
Jovem para sempre, até o fim de tudo, até os meus olhos pararem de brilhar.
Eu escrevi meu nome na parede da escola, perto do banheiro feminino. Decidi por um momento me importar com tudo isso. Uma música que ecoa dentro da minha mente.
Eu vou viver pra sempre. Eu não vou morrer pra sempre.
Um beijo inocente diante de uma plateia, olhos bem fechados como se isso fosse durar uma vida. Portas abertas para o início de tudo, como fumaça no vento, você desapareceu.
Adeus doce menina, adeus coração inocente. Agora você sabe como tudo funciona, agora você conhece os segredos da noite, a história da madrugada.
Maquiagem borrada nos olhos, o fim dos efeitos da bebida, dor de cabeça, gosto de vômito na boca, vazio de uma vida sem cor.
Eu vou viver pra sempre. Eu não vou morrer pra sempre.
Feche a porta do quarto, sua raiva vai passar daqui a pouco. Não machuque outra vez os seus braços. Não esmurre as portas do armário, ele não sente dor, ele não é uma pessoa. Só você sofre quando deseja morrer. Ninguém vê, ninguém ouve, ninguém precisa ouvir os seus gritos.
Através da grade eu vi você assentada olhando para o chão. Parecia triste, mas precisava estar ali. Você me salvou outra vez, me levou para o lado de fora, para perto de tudo outra vez.
Gritos no banheiro, voz rasgada de um adolescente bobo, o dono do mundo, o jovem mais popular da escola, apenas um menino vazio. Ele não era de ferro, nem mesmo bronze. Era apenas barro e fumaça. Você foi quebrado ao meio, espalhado pelos corredores, deixado para o lado de fora da festa.
Seja bem-vindo a selva onde todo mundo vai arrancar um pedaço de você, até não sobrar mais nada para devorar.
Ele era um jovem franzino, tinha espinha no rosto e nas costas. Era tímido como todos os outros. Eu não sei se ele sabia, eu não sei se ele apenas estava fingindo. Já era quase meia noite, ele saiu com tanta pressa que nem olhou para trás. Ele foi sumindo na noite até desaparecer na escuridão. Mas no seu coração ele foi iluminado.
Eu vou viver pra sempre. Eu não vou morrer pra sempre. Até o fim de tudo, até os meus olhos pararem de brilhar.
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