FORA DO PADRÃO

Há um desequilíbrio essencial ao mundo moderno,

supera o descolamentos dos ladrilhos, ralos e espelhos;

na frente dos chuveiros elétricos

sai uma estranha regulagem,

uma desarmonia

- que as toalhas repelem quando enxugam

a hora do teu banho, homem urbano -

a estação “inverno”

registra a queda da água quente

e é da marca estação “verão”

que vem o banho morno.

São dois sinais básicos e inusitados:

o “inverno” frio para o prazer da água quente

o “verão” quente para o encanto da água morna

e assim nessa incoerência nos lavamos,

sem notar o contrassenso máximo:

bem no meio dos registros,

está o acolá da água fria

e o chuveiro elétrico não a evita

deixa passar.

Pelo centro da resistência elétrica

surge o “desliga” da água fria

ponto absoluto fora do padrão.

Tal paradoxo após o shampoo

em minha cabeça diária

contraria a Filosofia

compromete o Imperativo hipotético

e ainda comprova,

são os inúmeros orifícios do chuveiro

que causam meus curtos-circuitos.

DO LIVRO: AS SONDAS AMAM

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 14/04/2019
Reeditado em 17/02/2020
Código do texto: T6622952
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