A felicidade de um pássaro
A vida é um pássaro que voa livremente pelos ares, livre, mas também solitário, sofrendo pela ausência de fatos básicos e, ao mesmo tempo, necessários para tornar sonhos reais. Ele sofre com a falta de atenção, sofre calado, não partilha nada, principalmente a dor, que por ela chora e sente angústia.
Certo dia, esse pássaro estava sentado refletindo sobre seus planos, lembrando o sofrimento que havia passado; já estava batendo na porta de seus últimos anos de vida, muito cansado, quase que não batia mais suas asas frágeis e ao mesmo tempo, lindas, azuladas, com vários tons mesclados. Ele era lindo!
Ainda cantava sempre. Seu pequeno ninho era sobre o topo de um simples jambeiro; ele adorava quando chegava o período em que começava a brotar flores e caía pelo chão uma ''chuva'' rosa: não existia cenário mais belo. Era ali onde começavam seu momentos de reflexão, apreciando a beleza da natureza.
Ele, na verdade, não possuía família, desde que nasceu não havia conhecido nenhum parente. Construiu seu ninho numa árvore próxima à cidade, onde habitava até agora. Era uma tarde chuvosa quando sua morada se desfez com a ventania (esse foi mais um motivo para abalar sua felicidade). Sem rumo , desamparado, resolveu pedir ajuda a um tucano que por ali passava, sem sucesso: ele falou que nada podia fazer. Estava chovendo muito forte. De repente, avistou outro pássaro chorando, aproximou-se e lhe ofereceu alguns grãos que havia guardado caso sentisse fome. Começou a conversar com o novo amigo e percebeu alguma semelhança, parecia que já se conheciam há anos.
Juntos resolveram refazer o ninho, só não sabiam como e onde. Logo parou de chover e os dois sobrevoaram a cidade em busca de uma árvore para poderem reconstruir um novo habitat. Construíram outra moradia e, alguns dias depois, os pássaros descobriram que eram irmãos.
A partir daí, aquele velho pássaro que não conhecia o sentimento ''felicidade'' passou a conhecê-lo, a alegria foi constante em seu belo ninho até seus últimos momentos de vida.