ESTRANHO
Acordado na madrugada fria, como se fosse mais um dia. Não há palavras, não há olhares, não há desejos de voltar atrás. Apenas um dia distante de tudo, distante da vida, distante de mim. É tão estranho ficar assim.
É bom sangrar, sangue quente, cheiro forte, apenas sem dor, sem reclamações, a vida vai embora. Não me acostume assim, não me acostume sem sentido, deitado de costas pra você, isso não vai acabar bem, isso não tem um fim desejado.
Vamos conversar um pouco, sem palavras, sem olhares, só o coração fala. Vale a pena morrer? Vale a pena deixar tudo para trás? Você não sabe mais o que quer. Você só está aqui porque não sabe mais para onde ir.
Eu acordei às quatro horas da madrugada, sem sono, sem nenhum sentimento, só vazio, só escuridão. Não era eu, não era quem realmente eu sou, eu queria voltar para casa.
Vou contar como me sinto, eu vejo os dias irem embora como o vento, meus olhos não são mais os mesmos, quem está por detrás desta máscara? Quem é você? Vá embora.
Meus anseios estão saindo por todos os poros, como fogo que consome a carne, assim ele vem. Corra para bem longe, corra para floresta, lá não há pessoas, lá não há o que desejar, o que odiar. Isso tudo te faz vomitar.
De longe eu vi seus olhos, pareciam não ter esquecido de tudo, pareciam desejosos, ainda queriam jogar esse jogo, jogo de morte, jogo de gritos, jogo de destruição. Era você, era a sua voz, chamando meu nome, gritando por um momento, somente alguns minutos no tempo, em um espaço vazio, só você e eu. Isso nunca vai acontecer.
Corra para bem longe, corra para floresta, lá não há pessoas, lá não há o que desejar, o que odiar. Isso tudo te faz vomitar.
Odeie, odeie, odeie, odeie. Uma prisão que está dentro da cabeça, que não pode se afastar, não há mais saída.
Eu ouço a chuva, o ruído no telhado, lembranças do passado, frio dentro do estômago, saudades de você. Aumente o volume da sua voz, eles não estão te ouvindo, eles nem ligam para o que você está dizendo, apenas fique de pé e feche seus olhos. Vamos encerrar essa conversa, vamos voltar pra casa.
Uma impressão no papel, vários convites para ver o fim de tudo, o fim do amor, o fim da amizade, o fim das mãos entrelaçadas, dedos nos dedos, olhos nos olhos, você e eu.
Não me acostume assim, não me acostume sem sentido, deitado de costas pra você, isso não vai acabar bem, isso não tem um fim desejado.
Você olhou nos meus olhos, como quem se despede, me pedindo para ir embora.
Eu acordei às quatro horas da madrugada, sem sono, sem nenhum sentimento, só vazio, só escuridão. Não era eu, não era quem realmente eu sou.
Vamos voltar pra casa.
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