Dorzinha cá.
Estou me sentindo um trapo.
Penso que daria os meus cotovelos pra correr de volta pras 72 horas que antecederam esse pedaço de papel.
Consciência de merda.
Jã não me serve pra porcaria nenhuma, se não pra me fazer reclamar, numa tarde tediosa, pras paredes do meu quarto, todas as grandes besteiras que eu andei dizendo pelos bares.
No fundo, acho que sou eu a catástrofe.
Estou me dissolvendo em problemas. Probleminhas, daqueles minúsculos, mas que incomodam até a alma.
Dorzinha de unha encravada apertada no tênis, dorzinha de bater com o dedinho no pé da mesa, dorzinha de "estou amando com 12 anos".
Dorzinha pequena, passageira, irrelevante.
Dorzinha que faz a vida virar um dramalhão em questão de 5 segundos.
Se daqui a uma década eu ainda vou me sentir como uma bomba-relógio sentimental ou uma pessoa prestes a bater o dedinho na mesa denovo, difícil saber.
Não sei nem o que eu quero.
Pode ser que eu não sinta nada e tenha saudades da tal dorzinha.