NÃO TENHO POLÍTICO DE ESTIMAÇÃO...
Sou filha de Mãe Solteira.
Durante certo tempo, fui órfã de pai vivo.
Fui educada num orfanato católico, onde desenvolvi o aprendizado que Minha Mãe me ensinou.
Desenvolvi o ler, escrever e contar.
Aprendi prendas domésticas, desde o bordado até o lavar e passar roupas, cozinhar e higienizar a casa.
Aprendi a disciplina rígida de quase caserna.
Aprendi que existem pessoas tiranas, preconceituosas ao extremo, peçonhentas feito serpentes venenosas.
E delas, aprendi a me defender sozinha, aos quatro anos de idade.
Aos quatro anos, presa numa sala escura, sozinha, perdi o medo do escuro, perdi o medo da solidão.
Aprendi que cara feia era só uma máscara para me amedrontar... e que, para afugentá-la era só gritar alto, como uma Canguçu!
Aprendi que, por mais “poderoso”, letrado e endinheirado (não rico), ninguém escapa da foice da ossuda.
Hoje, aos 65 anos, vejo jovens e adultos se digladiando para defender pessoas que nem sabem que eles/elas existem... sabem apenas que são números de títulos eleitorais cujos votos são preciosos para que eles ganhem rios de dinheiro, enquanto esses números nadam na dor e a maioria na miséria mais degradante.
Ouvi alguém dizer que funcionário público é vagabundo.
Que basta prestar concurso e está com o emprego garantido.
Só esqueceu de dizer que vagabundo é quem sonega impostos ao pais.
Quem rouba o dinheiro da merenda escolar.
Quem não investe na saúde e na educação do pais.
Quem não respeita a DUDH e tira do cidadão o direito ao trabalho e ao salário justo e digno para sustentar sua família.
Que nega segurança à Nação deixando os cidadãos à mercê de bandidos.
Que nega o potencial das pessoas sem dinheiro (por que pobre para mim é quem não tem HONRA), atravancando seu desenvolvimento intelectual.
Terminei o segundo grau a custa de muito sacrifício, trabalhando durante o dia e estudando a noite.
Ganhei bolsas de 50% e 100%, inclusive os livros, do Colégio Santa Catarina de Sena e Professor Crispiniano Portal, por mérito.
Estudei muito e prestei vestibular.
Sou graduada sim, mas sem cotas para negros, apesar de ser negra.
Posto que, não sou inferior a branco nenhum.
Estudei muito e prestei concurso para o Serviço Público.
Sou concursada, também!
Recebo pelo meu trabalho.
E, principalmente, não sou ladra.
Não faz parte da minha índole.
Entretanto, também não usufruo de benefícios que político algum instituiu, sendo ele honesto ou ladrão.
Tudo que consegui nessa Minha Jornada, foi com trabalho, estudo e muita HONRA.
Isso aprendi com uma mulher humilde e semi-analfabeta, que me alfabetizou: a agricultora Anália Bezerra, Minha Mãe.
Ela me ensinou também que, "___Quem cospe no prato que come, merece morrer de fome."
Isto posto, ela acrescentava: “___Quem usufrui de beneficio instituído por político ladrão, e mesmo assim fala mal dele, é pior do ele!”
Isso ela me ensinou.
Gratidão Sinhá Anália Bezerra, Minha Mãe, por haver me ensinado o que escola nenhuma, no mundo ensinaria:
HONRA.
RESPEITO.
DIGNIDADE.
CORAGEM.
RESILIÊNCIA.