Acordei

Infelizmente acordei. Senti o corpo pesado, cansado, sem vontade de levantar da cama. Mesmo morta por dentro sabia que tinha que levantar, afinal o mundo não se importava. Os monstros em minha volta diziam que eu estava com preguiça, que era apenas bobagem, que eu tinha que sorrir. Então pus minha mascará da "alegria" e fui para o banheiro, disse que ia tomar banho, só para não me incomodarem. E com a porta trancada, retirei a face que me sufocava, me virei para o espelho e comecei a chorar. Uma tristeza profunda me cercou sem motivo algum. Minhas próprias lágrimas começaram a me afogar, peguei a única coisa que tornaria minha tristeza em dor. Prefiro viver com a dor do corte do que a profunda tristeza, mas como toda dor, uma hora ela acabaria e eu a traria novamente. Entrei no box e a água transparente que caia se tornava vermelha antes mesmo de tocar o chão. Não aguentei. Desliguei o chuveiro, mas continuava a cair água naquele cubículo. Minhas lágrimas se misturavam com meu sangue, olhei para o remédio da "felicidade" e chorei ainda mais, não aguentava ter que engolir aquilo, machucava muito. Ao me distrair com os meus pensamentos, acabei não percebendo a profundeza do arranhão que fiz, não me importei, sabia que uma hora ou outra eu faria aquilo. Ouvi baterem na porta e senti a visão escurecendo, o coração se acalmando, suspirei e...