DICAS PARA UMA BOA REDAÇÃO
Nem todos gostam de escrever, porém muitas vezes é necessário saber fazer uma boa redação, seja para algum concurso, vestibular ou até para se usar o conhecimento no dia a dia de trabalho, como um relatório, por exemplo.
O escritor e professor francês, Antoine Albalat, defendia a possibilidade de se ensinar a arte de escrever, apesar da disposição arraigada dos escritores e críticos em geral, de ontem e de hoje, que são seis assertivas:
• “Não se ensina a escrever”.
• “O estilo é um dom”.
• “Ou se possui dom ou não”.
• “Cada um sente o texto como pode”.
• “Escrever é um caso de inspiração”.
• “A criação das palavras e a arte das expressões são qualidades inatas”.
Este autor concorda com Albalat, de que se podem usar técnicas que permitem uma pessoa mediana a escrever razoavelmente bem. A consistência é calcada no cabedal de conhecimentos adquiridos pelo escritor postulante, antes de se aventurar no mundo das letras.
Porém, para escrever há que se ter atenção. Repasso algumas “dicas” (sugestões).
1) Uma boa redação não serve apenas para mostrar competências linguísticas e criatividade. Quando escrevemos e criamos, inconscientemente documentamos nossas dúvidas e carências de aprendizado. Erros fundamentais, embora pequenos, podem ser motivo de desclassificação de um concurso, ou prova escolar, ou ainda motivo de demissão de um emprego. É fundamental saber escrever corretamente.
Sabendo da importância deste assunto, preparei dicas importantes para aprender a criar uma boa redação.
-Preparados? Vamos lá!
2) Estrutura da Redação - Introdução
A pessoa interessada em aprender, de início deve fazer a introdução, que é um parágrafo de 2 a 3 frases (sentenças) apenas. Na introdução, deverá colocar apenas o básico, dizendo sobre o que irá falar na redação. A primeira obrigação do postulante a autor é ter consciência de seu autoconhecimento. Deve-se inicia a faina de autor, escolhendo um gênero mais apropriado, que até pode não ser o preferido do postulante a autor. Saber suas capacidades pessoais é importantíssimo.
a) Desenvolvimento
O desenvolvimento pode ser considerado o corpo da redação, onde você deverá argumentar e discutir sobre o tema. Pode conter vários, ou muitos parágrafos. Existem pessoas de origem muito simples, e pouca escolaridade, que têm o poder de fazer relatos que deixam os ouvintes quase hipnotizados. Muitas pessoas do povo, contam casos (e causos) por que passaram, com tanta originalidade de expressão e uma criação de imagens, que causam inveja em muitos escritores profissionais. Tais pessoas costumam contar histórias por natureza. Mas, em se tratando de escrever uma boa história, você pode se sentir travado, ainda que tenha muita imaginação e ótimas ideias. Para escrever uma boa história, o postulante a escritor terá de se inspirar, desenvolver o conteúdo e revisar o trabalho até ter escrito o melhor texto possível.
b) Conclusão
É a parte final de sua redação. Pode-se fazer a conclusão com apenas um parágrafo, ou de 2 a 4 frases. A isso, chamamos de “fechamento do texto”.
c) Veja abaixo um exemplo:
A menos que seja estipulado em concurso (ou por uma editora) um número máximo de linhas para o texto, uma boa redação deve ter, no mínimo, três parágrafos; divididos em introdução, desenvolvimento e conclusão; tal como afirmei no item 2 acima.
É comum estipularem em concursos uma redação de até 30 linhas. O candidato deve obedecer ao exemplo anterior; além de respeitar o número máximo de linhas estipulado, pois uma só linha a mais, por mais que a redação seja boa, pode reprovar o candidato e sua prova será desconsiderada durante a correção.
Esse caso de concurso, o candidato deve ser o mais objetivo possível. Muitos candidatos ficam perdidos e sem foco, acabando por rechear o texto com frases desconexas e desnecessárias. O candidato não precisa se esmerar em utilizar uma linguagem rebuscada. O que precisa ser feito é um belo texto, consistente e objetivo. O candidato deve também se preocupar com sua caligrafia, pois sua escrita deve ser legível.
Caso seja exigido um título para o texto estipulado, prefira dar títulos curtos, que não constem verbos. O texto deve ser equilibrado, sem longos períodos, pois períodos curtos facilitam até a acentuação.
3) Redação Final
a) Dicas para melhorar sua redação:
- O candidato deve sempre perguntar a si mesmo sobre o que pensa sobre o tema proposto. Depois disso, deve escrever a introdução.
- Durante o desenvolvimento, o candidato deve fazer a si mesmo perguntas como:
- “Quais as causas disso?”; “como posso provar isso?”, “de que forma posso realizar isso?”, “quais as consequências disso?”, “como isso acontece?”
- Quando da Conclusão, também é importante fazer-se uma pergunta: “Que lição pode ser tirada disso?”
b) Se atualize
O candidato deve estar atento às notícias locais e do mundo. Nesse mundo global que vivemos, a informação é dada quase concomitantemente com o evento ocorrido. Acontecimentos recentes e problemas na sociedade são, geralmente, temas de redações. Inspire-se ao prestar atenção no mundo. Se quiser escrever uma boa história, você precisará manter olhos e ouvidos abertos o tempo todo, escutando o mundo e deixando-o inspirar-lhe. Quem faz a observação do mundo ao seu redor terá mais condições de desenvolver-se como escritor, pois a observação pode levá-lo à uma boa história. Alguns escritores recomendam ao iniciante, que “...eles devem escrever sobre o que desconhecem a partir daquilo que conhecem”. Que belo exercício!
c) Leia (muito e sempre)
O hábito da leitura é fundamental para quem deseja fazer uma boa redação. A leitura é a base da arte de escrever. Pessoas que escrevem bem, têm um hábito em comum: a leitura. A leitura pode enriquecer seu repertório, fazendo com que seus argumentos do texto ganhem novas palavras e não seja raso. Livros, jornais, revistas, sites, não importa o que for; é importante ler. Quando ler, o postulante a autor deve fazê-lo de maneira que aprenda algo sobre a técnica de quem escreveu o texto. Portanto, além de somar vocábulos, estilos, ritmos e desenvolvimento do texto, o postulante deve esforçar-se para prender também sobre a técnica da escrita. A história poderia vir de algum lugar incomum. Talvez um DJ de Rádio tenha falado sobre a infância com algumas frases curtas, e você repentinamente se sentiu fascinado com como a vida dele foi, passando a desenvolver o tema a respeito. Exemplo: Comece uma história com a seguinte frase: “Jamais contei isso a alguém antes”. Em seguida, memorize a imagem de um paiol ou celeiro, coisa corriqueira num campo. Em seguida, descreva-o do ponto de vista de alguém que acabou de cometer assassinato. Faça isso novamente do ponto de vista de uma garota que tenha acabado de perder a mãe. Veja como os pensamentos dos personagens podem influenciar a maneira dele de ver o mundo.
Apenas esteja avisado: se você ganhar a reputação de escritor que “rouba” as histórias que as pessoas lhes contam, usando-as para ficção, muitos hesitarão quando quiserem lhe falar algo. Permita que um personagem lhe surpreenda. Escreva sobre um personagem que você aparentemente conhece bem, e permita que essa pessoa faça algo completamente inesperado. Veja o que acontece em seguida. Isso te dará motivação para completar o conto ou narrativa.
Algumas pessoas têm certa empatia com histórias que misturam imaginação e realidade. As narrativas fantásticas são histórias que misturam o real e o fantástico, apresentando fatos que parecem impossíveis, mas convidam o leitor à uma reflexão. No conto de realismo fantástico, o personagem se depara com seres, objetos, locais ou situações sobrenaturais no mundo real. Este tipo de literatura agrada muita gente; especialmente os mais jovens. É um filão pouco explorado no Brasil e deve ser estudado e feitas tentativas de escrever sobre o assunto. Lendas e folclore no Brasil são muitos; basta ler as lendas e personagens do nosso folclore e criar algo encima daquilo que leu. Tente!
- Pode parecer difícil no começo. Mas, saiba que um bom escritor é necessariamente um bom leitor.
d) Escreva e reescreva
Escreva. Leia. Analise. Reescreva. Faça isso até sentir segurança da sua redação. Se possível, peça para alguém ler e fazer correções. Estude sempre com antecedência, e nada de praticar a redação na última hora. Além disso, o texto deve ser reescrito mais de uma vez. Quando mais você escrever e reescrever, mais você poderá aperfeiçoar sua redação.
e) Identificação de erros
Leia alto para outra pessoa, que possa ajudar você a identificar possíveis erros. Se for possível, peça ajuda para um professor ou alguma pessoa com conhecimento específico na área.
f) Tenha um bom Português
Lembre-se que é muito importante escrever de forma correta, sem erros de Português. De nada adianta fazer um texto criativo e completo, com introdução, bom desenvolvimento e conclusão, se estiver cheio de erros gramaticais e de concordâncias. Saiba que um bom Português faz parte das competências avaliadas para um escritor e para um candidato. A leitura é a maior aliada para quem quer escrever bem, pois aumenta seu vocabulário e desenvolve seu raciocínio. Quanto mais leitura, mais chances dos erros sumirem!
g) Exercícios
Quase a maioria das pessoas alfabetizadas escrevem mal. E escrevem mal porque não conhecem o mecanismo do estilo, a anatomia da escrita, e não sabem formar uma imagem, nem como se constrói uma frase. É interessante fazer exercícios de aproveitamento de outros escritores (inclusive articulistas dos jornais). Estude o estilo, a forma, a concisão; o ritmo da narrativa. Quando se deparar com um texto de outro autor que você sinceramente se identifica, faça exercícios de “imitação de estilo”; faça também anotações paralelas. Com o tempo, você começará a compor seu próprio estilo.
h) Revise sua história
Revise sua história usando vários truques. Existem milhares de maneiras de se revisar uma história; tudo depende de como o primeiro rascunho do trabalho parece e de quanto trabalho ainda deve ser feito. Muitas histórias podem levar dez ou mais rascunhos para ficarem prontas – portanto, não se sinta desencorajado caso tenha de mudar tudo no trabalho. Este trabalho é chamado pelos escritores de “Carpintaria”; ou seja de embelezamento. Enquanto você revisa, eis alguns elementos que devem ser levados em consideração:
A necessidade de se mudar um ponto de vista. Talvez você tenha pensado que sua história funcionava melhor na primeira pessoa; porém, ao lê-la pela segunda vez, você pode enxergar que a terceira pessoa seria ainda melhor. Eis alguns exemplos de ”carpintaria”:
ha) Cortar palavras complexas. Uma boa regra é cortar 250 palavras de sua história (desde que ela tenha, no mínimo, dez páginas) após terminá-la. Você ficaria surpreso com o volume de palavras desnecessárias de seu texto.
hb) Corte a confusão. Pergunte-se se você entenderia completamente o que se passa na história caso não houvesse a escrito. Talvez os conceitos sejam claros para você, mas seus leitores poderiam se sentir confusos.
hc) Faça mais pesquisa quando necessário. Se você estiver escrevendo uma história no Brasil dos anos 60 e descobrir que não sabia o suficiente sobre tal período de tempo, será hora de abrir livros para aprender a elaborar um texto convincente sobre tal era.
hd) Seja persistente. Quando se frustrar, lembre-se de que o primeiro rascunho de uma história jamais é bom – mas, ao escrever o segundo/terceiro/quarto rascunho, você terá o potencial de escrever um conto incrível.
i) Dicas
ia) Use linguagem sensorial; este é o segredo de prender a atenção de seu leitor! Certifique-se de que seu público possa “ver, cheirar e ouvir” o ambiente da história. Pinte um quadro através de suas palavras. Você quer que o leitor imagine como são as coisas.
ib) Tente viver com seus personagens por um tempo para conhecer a personalidade deles. Faça seus personagens segui-lo, conversar com você, etc.. É como ter um amigo imaginário, só que real.
ic) Pessoas nem sempre conversam usando frases completas. Elas dão respostas diretas e monossilábicas. Portanto, use, ocasionalmente, palavras vagas como “Aham... hmm...”, imite em palavras o som de sapatos andando na rua numa noite silenciosa: plac, plac, plac e etc.. Só não exagere!
id) Ao construir o personagem, lembre-se: ninguém pode ter a mesma idade para sempre. Faça com que as ações do personagem correspondam à idade dele. Quando crescem, o humor e até a personalidade dos personagens mudam.
ie) Procure melhorar seu vocabulário. Encontre a palavra exata para aquilo que quer: o personagem está triste ou agitado? Pesquise e pense sobre as conotações das palavras. Experimente manuais como “Os Elementos do Estilo” para aprender como dizer o que quer de uma maneira clara, eficiente e única.
if) Pense bastante sobre seus personagens (quem são eles, como são, o que querem, do que têm medo), ambiente (período, localização), e conflito (pessoa contra pessoa, pessoa contra sociedade, pessoa contra destino). São esses elementos que tornam a história interessante!
ig) Não use palavras extensas e complexas com frequência. Seu texto parecerá pouco profissional, como se o computador o houvesse escrito.
ih) Tente não arrastar a história. Não prolongue o assunto. Dê detalhes o bastante para encorajar tanto a compreensão quanto o interesse.
ii) Para fazer uma história interessante, jamais plagie o trabalho de alguém. Escrever uma boa história pode ser um processo demorado – portanto, seja paciente.
ij) Edite, edite, edite. Verifique pontuação ortografia, gramática e sintaxe, é claro – mas não ignore as grandes questões. As ações e respostas do personagem são plausíveis? Analise: você tomou atalhos na trama, tornando-a superficial?
Bibliografia / Referência
.Experiência pessoal do autor.
. Prime Cursos 25.10.2016.
. Livro “A Arte de Escrever Ensinada em Vinte Lições”, de Antoine Albalat.
. Livro Recreio Letronix: Descobrindo a Língua Portuguesa – Editora Abril (2008)