Caminho e destino
Passei um dia inteiro ao lado de Isabela. Tomamos café juntos, almoçamos e rimos como há tempos não acontecia. Ela me contou da vida em Curitiba e de como acabou virando professora. Disse do amor pelas crianças e dos desafios vividos dentro de uma sala de aula. Me pediu perdão pela nossa história e choramos juntos. Eu contei para ela como foi criar Bárbara, de como minha vida tinha se estabilizado em todos os ângulos, menos afetivamente. Falamos de Karen, mas nada que mudasse o clima daquele momento. O mais curioso de estar ali é que sabíamos que não era um retorno. Era o nosso ponto final.
Eu e Isabela estávamos destinados a nos amar, mas não destinados a estar no mesmo caminho, na mesma direção. Parece uma bobagem amorosa mal explicada, mas era somente aquilo e nada mais. Enquanto ela estivesse ali, faríamos aquilo ser para sempre. Como sempre fomos desde que nos conhecemos. Para sempre um do outro. Para sempre sendo o grande amor da vida um do outro, mas não para sempre um ao lado do outro. A minha vida era a Bárbara e nunca tomariam a frente dela. A vida de Isabela era conforme a maré. Se precisasse ir embora de novo ela iria.
E as coisas eram exatamente assim. Não tínhamos o porquê mudar nada disso.
Não houve dor alguma nessa complexa conclusão.
- Eu sempre acreditei que você seria um pai maravilhoso. – Ela disse quando paramos em frente a porta do seu apartamento. Entrelaçamos nossos dedos. – Acho que enfim nós amadurecemos, Leo.
- Sim.
- Eu amo você. Promete não esquecer disso?
- Eu sempre amei você. Promete não esquecer disso?
- Prometo.
Acabou, então. Ali. Muito mais maduro do que tinha começado, muito mais eterno do que já fora. Fins e começos. Destinos e caminhos. Tudo tão abstrato. Tudo tão bonito.