Cê chupa!
Foi o que não disse à professora Adélia Prado, naquele finalzim de 1968, quando aluno seu de Filosofia no Estadual de Divinópolis eu não via hora para concluir meu curso colegial.
E eu até que havia iniciado aquele nosso último, breve, e quase áspero diálogo para comunicar-lhe que não prestaria os exames finais na disciplina. Tinha a meu favor conquistado 29,50 pontos ao longo de 4 bimestrais e, embora 30 redondinhos fossem a marca para ser promovido automaticamente, os 29,50, pelo critério do arredondamento nos cálculos dessem também essa passagem compulsória, a dedicada e entusiástica mestra verbalizou-me sua vontade de que eu prestasse exames sim. E até insistiu.
Mantive-me irredutível, contudo. Tinha 18 anos, livre arbítrio, e uma ansiedade acumulada de partir para uma universidade, um trabalho e, embora apreciasse tanto a Filosofia quanto os vistosos joelhos da tutora, não estava disposto a estender minha vida de colegial.
Mas me refreei de declinar, ao menos in verbis, o enunciado desta composição, que era expressão corrente, embora meio abusada, do liguajar infantil, quande se queria denegar a alguém algum alvitre. Sobretudo em matéria de meação de guloseimas. Lembro-me apenas que ela rematou tudo dizendo que ficava triste com meu posicionamento.
Uma década e meia passada, sem me esquecer dos joelhos, dobrei-me à leitura compulsiva da deleitosa prosopopéia de Adélia, que, muito além das Gerais, ia mais, conquistando o mundo.
Escrevi-lhe, cumprimentando-a e, se me não falha a memória, até fazendo alusão ao nosso diálogo de 1968. Esperei uma eternidade por uma resposta. Insisto, ou espero outra...?