Caminhos Retorcidos
Entre devaneios e ilusões, caminho desnorteado pela estrada árida em que me encontro a anos, sem nunca hesitar em seguir cegamente o que acredito ser verdade, mesmo sem encontrar nada que me prenda o interesse, ou algo que ilumine esses Caminhos Retorcidos pelos quais tropeço, Caio, machuco-me, desprovido da certeza de que algum dia poderei encontrar o caminho de volta.
Durmo a beira da estrada, sob um luar sem estrelas, outra noite sem sonhos, sem sono, sem choro. A lua é meu único conforto perante o infinito caminho que tenho que traçar. Sem objetivo, sem motivo, sem amigos.
Ao caminhar sob o céu negro, sem Sol, sem nuvens, vejo os corpos daqueles que vieram antes de mim, sua carne se decompondo. Eram guiados por uma coisa apenas. Desejo. Desejo de viver, desejo de sobreviver, desejo de amar, desejo de curar, desejo de enriquecer, desejo de morrer. Por isso não morro. Sou desprovido do desejo de qualquer coisa. Sem objetivo, sem motivo.
Cambaleante e cabisbaixo, caminho sobre os dutos do próprio inferno enquanto cavo minha própria cova. Deito-me. O céu negro me acolhe em seu amargo abraço. Sem objetivo, sem motivo, é melhor que esteja sem vida.
Abro meus olhos, suor frio escorre pelo meu rosto. Vejo o teto de um lugar que desconheço. Levanto-me e olho a minha volta. Vejo equipamentos estranhos. As paredes brancas lentamente se iluminam.
Um homem de branco entra no quarto. Não o reconheço. Ele só diz uma coisa.
“Ele Acordou”.