Não te quero mal, mas...
Não ache que te desejo mal, embora você tenha escarrado em mim toda tua manipulação e falta de qualidades, embora as tuas mentiras fossem constantes. Fingi demência para as coisas ficarem bem, para a nossa história ser forte o bastante, só pra eu narrar cada detalhe com os olhos brilhantes, e sorrir, ao ver que as pessoas que me ouviam, expressavam um desejo oculto de encontrar alguém bacana pra viver uma paixão avassaladora como a da história, como pensei eu, ser a nossa. Mas de tanto abstrair, me anulei, porque eu tinha pavor de imaginar minha vida sem você. E eu nem me dava conta que ela estava sendo horrível mesmo com você nela, aliás, exatamente porque você estava nela. Mas não te desejo mal. Embora existisse tanta justificativa pra eu te odiar, embora tanta gente que eu ame não te suporte e tenha vontade de te ver passando por aí, só pra mandar você tomar no cu, ou, simplesmente te lançar um olhar condenativo e te ignorar em seguida, mesmo sabendo que não concordo com isso, porque eu tenho uma necessidade fora do comum de viver a bondade. Eu não te desejo mal, moço. E o meu ego não se fortaleceu nas vezes que você voltou chorando, me pedindo outra chance, e dizendo o quanto você não vai encontrar ninguém com a mesma intensidade e sinceridade que eu, nem com a mesma pureza. Meu ego sequer me rendeu um sorrisinho de canto de boca com um ar de "hahaha se fodeu pra caralho, ninguém vai fazer por ti as coisas que eu fiz, não com o mesmo amor e dedicação". Naquele momento, ao te ver, eu só senti pena por você achar que tua felicidade depende da minha presença na tua vida. Você nunca esteve tão enganado! Mas não te quero mal, nem te quero mais. Nem pra amor, nem pra amigo. Porque percebi que o meu coração fez do meu corpo sexo e morada para um inimigo. Mas siga sabendo que não te desejo mal, não há isso aqui dentro pra ninguém, nem mesmo pra você.