Texto Inspirado em Muibo Cury
As vezes me identifico as minhas próprias palavras escritas: Certa vez fiz e enviei uma bitrova ao compositor, radialista e declamador Muibo Cury:
«Fôia do Inhame»
Eu pudia vivê bem
Se eu fosse um home só
Se eu vivesse nos sertão
Onde canta o xororó
Lá as coisa são bunita
Num é perciso recrame:
-Insiste coisa mái bunita
Que orváio na fôia do inhame?
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Pílulas sobre o texto
a) «as gotas d´orváio nas fôia do inhame» representam para mim o supra-sumo da beleza; obra fechada com que a Natureza nos brinda todas as manhãs, especialmente as de outono.
b) As gotas de orvalho pousadas nas folhas do inhame, parecem pedras preciosas, ou semi; que detém a luz do sol incidente e a devolve com brilho e fulgor ampliados. Mais parecem pedras de águas marinhas líquidas, ou até mesmo brilhantes em estado gel. Por vezes tentei pegá-las com minhas mãos calejadas de menino caipira, mas elas, furtivas e apavoradas, fugiam por entre meus dedos de menino poeta e retornavam «briosas», nas folhas do inhame.