Metal Land – o Padre, o Prefeito e o Cachorro – parte 2
— Salues amici! Como posso ajudar? – perguntou a madre da biblioteca.
— Estamos procurando pelo Sacer Liber, você sabe onde está? – replicou Hans.
— Deixa eu ver aqui no caderno… Ah! Está anotado aqui, “emprestado ao prefeito”. Mais alguma coisa em que eu possa ajudar?
— Não, obrigado.
— Dominis Pax uobis sit. - assim a madre se despediu dos heróis.

Com a posse da informação, Hans e Magnus foram para a casa do Prefeito.

A casa do Prefeito, diferente da igreja, é uma construção tão singela quanto qualquer outra casa da Iucunda Vrbs. As janelas são decoradas por flores do campo e o telhado é pintado de azul. Logo na fachada há um pequeno jardim com rosas e camélias, já previamente regadas. A varanda possui dois bancos antigos e bem cuidados.

— Bom dia! O Prefeito se encontra? – chamou Hans.
— Sim, pode entrar! – respondeu de dentro da casa uma voz feminina já rouca pela idade.

Os heróis entraram na casa e foram recebidos pela esposa do Prefeito, a Dona Adelaide; uma senhora de baixa estatura e longo cabelos lisos, já brancos pela idade.

— O que os jovens desejam? – perguntou a coroa.
— Queremos perguntar ao Prefeito se ele está com o Sacer Liber. - respondeu Hans.
— Ah sim! O Sacer Liber. O livro que conta sobre a vida do Maximus Dominus. Suas páginas foram escritas por diversos historiadores renomados. Ah… eu me lembro que na minha infância cada aluno tinha o seu próprio Sacer Liber, ou pelo menos uma versão de bolso… O meu era bem encapado e enfeitado com belos desenhos de flores e anjos… Era o meu amigo nos momentos mais críticos, principalmente na minha adolescência. Quando eu ficava triste com alguma desilusão amorosa, até porque eu era uma bela menininha inocente, fazia uma prece e abria o Sacer Liber; e sempre este me dava uma mensagem reconfortante. Ah… como eu era ingênua… os menininhos malvados se aproveitavam da minha docilidade…
— Certo, mas podemos falar com o prefeito? – de forma abrupta, Magnus cortou o discurso da nostálgica senhora.
— Ah… No meu tempo não existiam essas coisas! Os jovens eram mais educados e ouviam com mais atenção a voz da experiência. Eu me lembro que o momento mais aguardado do dia era quando o meu avô nos juntava para ouvir as suas histórias e aventuras como legionário do Latium. Ficávamos ao redor da fogueira nas noites estreladas e o vovô nos hipnotizava através de uma narrativa bem cadenciada e emocionante. Tanto que depois de ouvir as histórias, eu e meus irmãos sonhávamos com elas! Em uma delas eu sonhei que estava lutando junto com o meu avô contra os Cavaleiros das Areias Atemporais! Foi emocionante! Nesse sonho eu era uma heroína que vibrava a cada golpe que eu aplicava sobre os inimi…
— Tudo bem vovó! A sua época era uma maravilha! Mas não temos a perder! Nós queremos… - novamente Magnus interrompe o discurso saudosista Dona Adelaide, mas a mesma interrompe também…
— Ah… No meu tempo não existia essa falta de educação, meu jovem! Eu e meus amigos…
— Desculpa Dona Adelaide pela falta de educação do meu amigo aqui, mas é que infelizmente o nosso tempo é curto agora e precisamos falar com o Prefeito. Porém teremos, com toda certeza, tempo para ouvir as suas histórias de “como era bom o meu tempo”. – Agora foi a vez do Hans interromper.
— Quem bom ainda existir jovens educados como você ciuis bonus Hans. Esperem que vou chamar o Prefeito…

E assim saiu a Dona Adelaide para chamar o Prefeito.

— Hans… Que mágica você usou para essa velha chata calar a boca?
— Educação, Magnus… Essa é a chave para lidar com algumas pessoas.

Dentro de instantes o Prefeito apareceu.

— Bom dia, amigos! O que posso fazer para ajudá-los? – perguntou o Prefeito.
— Bom dia, Prefeito. Nós sabemos que o Sacer Liber está com você e queremos pegá-lo emprestado. - respondeu Hans.
— Ah sim! Deixa eu procurar aqui…

Então passou 15 minutos, 30, 1 hora, 2 horas… E nada do Prefeito achar o Sacer Liber!

Nem precisa dizer que essa situação deixava Magnus com muita raiva.

— Amor, eu acho que o Sacer Liber está com o Totó e parece que ele levou para brincar lá fora. - disse a Dona Adelaide para o Prefeito.
— Perai! “Totó” é um cachorro? – perguntou meio indignado Magnus.
— Sim, o nosso cachorro de estimação. Ultimamente ele está muito levado. - respondeu o Prefeito.
— Está vendo Hans! É por isso que quero cair fora da Iucunda Vrbs! Como pode um livro tão sagrado como o Sacer Liber parar na boca de um cachorro e ainda acharem que é uma das normalidades da vida!
— É… parece que agora o próximo passo é procurar pelo Totó…
Hans Vitor
Enviado por Hans Vitor em 25/02/2017
Reeditado em 05/03/2017
Código do texto: T5923454
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