Perdemos nossa voz
Nessa busca virtual descontrolada, por palavras feitas, pela vida exposta do fulano que nem sequer conhecemos, pela publicação que o colega compartilhou, pelo acontecimento trágico que ocorreu. Ou seja, postamos tudo, curtimos tudo, compartilhamos tudo e no fundo esse TUDO não nos acrescenta NADA.
Perdemos nossa voz, quando vemos nossos pais envelhecerem e nós ao lado deles, sequer lhes dirigimos a palavra. Não sabemos mais como dizer: Me conte papai como foi seu dia, não sabemos ouvir, porque estamos ocupados demais em nosso mundo virtual.
Perdemos nossa voz, quando nosso filho ansiosamente nos espera chegar do trabalho, desejando que brinquemos com ele, e nós lhe entregamos o celular. Não temos tempo, não podemos brincar, porque estamos ocupados demais. Perdemos nossa voz, quando dizemos que amamos nosso irmão através de uma tela, mas se o encontrarmos pessoalmente, não sabemos o que falar, nos intimidamos até mesmo para abraça-lo. Casais não conversam mais sobre sua vidas, hoje, a verdade é que a grande maioria, atropelam sem piedade a vida, não se falam, não se ouvem, porque estão ocupados demais em seu mundo virtual, na maioria da vezes conversando com pessoas que sequer conhecem o som da sua voz. E assim a cada dia, nos tornamos um pouco robôs, fizeram conosco justamente o que mais temíamos. Na teoria pensávamos que os robôs ocupariam um dia o nosso lugar, e na prática nos tornamos um deles. Somos induzidos por aquilo que os meios midiáticos nos impõe e nós simplesmente vamos aceitando, deixamos de viver em sociedade para vivermos em solidão.
Por; Rô Piza