DE ONDE VEM A LÍNGUA PORTUGUESA/ SABER OUVIR OS JOVENS E ENTREVISTA: exercícios. A Reforma ortográfica recente.
Puxa, aqui tem textos interessantes. Veja: http://www.revista.vestibular.uerj.br/questao/busca-questao-imprimir.php?anivel=medio
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REDAÇÃO E TEMAS DA UNICAMP: GLOBALIZAÇÃO
https://www.comvest.unicamp.br/vest_anteriores/2002/download/comentadas/Caderno%20de%20Questoes%202002.pdf
veja e leia as redações dos candidatos e os comentários sobre cada produção deles.
https://www.comvest.unicamp.br/vest_anteriores/2002/download/comentadas/Caderno%20de%20Questoes%202002.pdf
Um dos temas dominantes de nossa época é o fim das fronteiras – científicas, geográficas, econômicas, de
comunicação. Foram ultrapassados até mesmo os limites da ficção científica nas pesquisas sobre genoma e
sobre a estrutura do universo e da matéria. No campo das comunicações, as novidades são diárias. Para
muitos, vivemos sob o signo da globalização. Para outros, as conquistas da humanidade não são comuns a
todas as pessoas. Paradoxalmente, continuam persistindo, e até se aprofundando, as lutas por identidades
(culturais, de gênero, de etnia, etc.).
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Tomando como referência a coletânea abaixo, escreva uma dissertação sobre o tema:
1. Bárbaro, adj. e s. Do gr. bárbaros, “estrangeiro, não grego [...]; relativo a estrangeiros, a bárbaros;
semelhante à linguagem, aos costumes dos bárbaros; bárbaro, incorrecto (em referência a erros contra o
bom uso do idioma grego); grosseiro, não civilizado, cruel”; pelo lat. barbaru- “bárbaro, estrangeiro (=
latino para os Gregos); bárbaro, estrangeiro (todos os povos, à excepção dos Gregos e Romanos); bárbaro,
inculto, selvagem; bárbaro, incorrecto (falando da linguagem)”. Pela comparação com o sânscrito barbarah,
“gago”, esloveno brbrati, brbljatati, sérvio brboljiti, “patinhar, chafurdar”, lituano birbti, “zumbir”,
barbozius, “zumbidor”, verifica-se estarmos na presença de onomatopeias, das quais podemos aproximar
o latim balbus (cf. Boisacq, 144-145), donde em português balbo e bobo (q.v.s.v. balbuciar); [...] (José Pedro
Machado, Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, 2a. ed., Lisboa, Confluência, 1967.)
2. Assim, acreditei por muito tempo que esta aldeia, onde não nasci, fosse o mundo inteiro. Agora que
conheci realmente o mundo e sei que ele é feito de muitas pequenas aldeias, não sei se estava tão enganado
assim quando era menino. Anda-se por mar e por terra da mesma forma que os rapazes do meu
tempo iam às festas nas aldeias vizinhas, e dançavam, bebiam, brigavam e voltavam para casa arrebentados.
[...] é necessário ter-se uma aldeia, nem que seja apenas pelo prazer de abandoná-la. Uma aldeia significa
não estar sozinho, saber que nas pessoas, nas plantas, na terra há alguma coisa de nós, que, mesmo
quando se não está presente, continua à nossa espera. Mas é difícil ficar sossegado. [...] Essas coisas só são
compreendidas com o tempo, com a experiência. Será possível que, aos quarenta anos e com o tanto de
mundo que conheci, não saiba ainda o que é minha aldeia? (Cesare Pavese, A lua e as fogueiras, São Paulo,
Círculo do Livro, p. 10 -11.)
3. O movimento do qual eu participo não está vinculado ideologicamente a nada. Nossas ações não são
especialmente dirigidas contra os Estados Unidos, mas contra as multinacionais. Entre elas, as que produzem
organismos geneticamente modificados, os transgênicos. São empresas americanas, mas também
européias. Para nós, elas são todas iguais. A forma como a agricultura geneticamente modificada tem sido
imposta aos países europeus não nos deixa outra alternativa senão reagir. [...] O McDonald’s é o símbolo
da uniformização da comida e da cultura americana no mundo. (José Bové, líder camponês francês, em
entrevista à ISTOÉ, 30/08/2000, p. 10 -11.)
4. – Por que me matais?
– Como! Não habitais do outro lado da água? Meu amigo, se morásseis deste lado, eu seria um assassino,
seria injusto matar-vos desta maneira; mas, desde que residis do outro lado, sou um bravo, e isso é
justo. (Pascal, Pensamentos, §293, São Paulo, Abril Cultural, Col. Os Pensadores.)
5. Cem anos passados, aquele destino trágico, que confrontou algozes e vítimas no maior “crime da nacionalidade”
perpetrado, parece ter-se alastrado, como maldição, para todo o território do país. O incêndio
de Canudos espalhou-se por todo o campo e cidades. O vento levou as cinzas para muito longe, fora de
qualquer controle. O grande desencontro de tempos dá-se hoje, simultaneamente, em muitos espaços.
Essa a grande herança dos modernos. As muitas figuras em que se multiplicam e dispersam os condenados
de Canudos, em plena era de globalização, continuam a vagar sem nomes, sem terra, sem história: são
quase 60 milhões de pobres, párias e miseráveis esquecidos do Brasil (que é este gigante que dorme,
enquanto seus filhos – os mais novos e os mais antigos – agonizam nas ruas e estradas?). (F. Foot Hardman,
“Tróia de Taipa, Canudos e os Irracionais”. In Morte e Progresso: a Cultura Brasileira como apagamento
de rastros, São Paulo, Unesp, 1998, p. 132.)
6. O apartheid brasileiro pode ir a juízo, imaginem. A associação nacional dos shoppings deve ir à justiça a
fim de impedir pobres de perturbar seu comércio. Na origem da demanda judicial estaria o passeio de 130
pobres pelo shopping Rio Sul, organizado por uma tal Frente de Luta Popular. Talvez seja ilegal a perturba-
ção do comércio. Na tradição brasileira das famílias proprietárias, pobres nas proximidades sempre perturbam.
Como dizem os economistas, há um case aí. O apartheid no tribunal! (Vinícius Torres Freire, “Crioulos
no limite”, Folha de S. Paulo, 27/08/2000, p. A 2.)
7. Se os senhores fossem todos alienistas e eu lhes apresentasse um caso, provavelmente o diagnóstico
que os senhores me dariam do paciente seria a loucura. Eu não concordaria, pois enquanto esse homem
puder explicar-se e eu sentir que podemos manter um contato, afirmarei que ele não está louco. Estar
louco é uma concepção extremamente relativa. Em nossa sociedade, por exemplo, quando um negro se
comporta de determinada maneira, é comum dizer-se: “Ora, ele não passa de um negro”, mas se um
branco agir da mesma forma, é bem possível dizerem que ele é louco, pois um branco não pode agir
daquela forma. Pode-se dizer que um homem é diferente, comporta-se de maneira fora do comum, tem
idéias engraçadas, e se por acaso ele vivesse numa cidadezinha da França ou da Suíça, diriam: “É um fulano
original, um dos habitantes mais originais desse lugar”. Mas se trouxermos o tal homem para a Rua Harley,
ele será considerado doido varrido. Se determinado indivíduo é pintor, todo mundo tende a considerá-
lo um homem cheio de originalidades, mas coloque-se o mesmo homem como caixa de um banco e as coisas
começarão a acontecer... (C. G. Jung, “As conferências de Tavistock”. In Fundamentos de psicologia
analítica, Petrópolis, Vozes, 1972, p. 56.)
Um paradoxo da modernidade: eliminação de fronteiras, criação de fronteiras.
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8. Pergunta: – O e-mail aproxima as pessoas?
Resposta: – Isso é ilusão. Marcel Proust escreveu 21 volumes de cartas. Você as lê e percebe que ele as
escrevia para manter as pessoas à distância. Ele não queria se aproximar. Com o e-mail acontece a mesma
coisa. Acho até que ele potencializa esse aspecto. Essa história de comunidade global, com todo mundo
falando com todo mundo, é lixo ideológico. Em vez de o sujeito estar num bar, conversando com seus amigos,
ele passa horas no computador, mandando mensagens eletrônicas para pessoas que, em muitos
casos, nem conhece. Essa é uma forma de solidão. Não houve aproximação. (Walnice Nogueira Galvão,
entrevista a Elio Gaspari, Folha de S. Paulo, 27/08/2000, p. A 15.)
Comentários
No Tema A-2001 foi proposto que os candidatos tratassem da questão: Um paradoxo da modernidade:
eliminação de fronteiras, criação de fronteiras. Como se pode ler no enunciado que precede a apresentação
do tema propriamente dito, a eliminação de fronteiras pode ser associada à globalização, que muitos consideram
estar vivendo. Fazendo referência à “globalização”, a Unicamp trouxe para sua prova um dos assuntos
mais atuais e debatidos ultimamente na mídia e também nas escolas. É um perigo, no entanto, considerar
que o tema A se reduz à Globalização. Apenas alguns desenvolvimentos dentre os tantos possíveis e ligados
à globalização são adequados ao tema “Um paradoxo da modernidade: eliminação de fronteiras, criação de
fronteiras”; são aqueles que levantam aspectos positivos da globalização, mostrando que, de um outro
ponto de vista, esses mesmos aspectos são negativos. Eis aqui o paradoxo – exigência do tema A-2001.
A seqüência eliminação de fronteiras, criação de fronteiras indica que o candidato deverá tratar de um
paradoxo: algumas características da modernidade ao mesmo tempo em que eliminam fronteiras, criam
novas fronteiras. Os outros enunciados que introduzem o tema (“Para outros, as conquistas da humanidade
não são comuns a todas as pessoas. Paradoxalmente, continuam persistindo, e até se aprofundando,
as lutas por identidades culturais, de gênero, de etnia, etc.)” trazem pistas para o candidato refletir sobre
o paradoxo em questão. É contrabalançando as duas faces – a positiva e a negativa – de um mesmo aspecto
da modernidade, que se pode desenvolver o tema proposto.
Você pode perceber, então, que tanto uma redação sobre “Globalização” que só levasse em considera-
ção seus aspectos positivos quanto uma que levasse em conta apenas seus aspectos negativos eram, igualmente,
inadequadas: não cumpriam a tarefa solicitada.
Vejamos, a partir de agora, como alguns candidatos lidaram com o Tema A-2001.
Exemplo
de redação
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Exemplo
de redação
Comentários
O eixo do texto acima é a desigualdade social: a fronteira entre ricos e pobres decorrente da realidade
em que é inegável o benefício do progresso que só dá possibilidade de participação aos mais privilegiados e
poderosos economicamente, reforçando cada vez mais as fronteiras entre ricos e pobres.
Inegavelmente, o autor do texto acima compreendeu a necessidade de lidar com um paradoxo da
modernidade. Isso foi feito. O candidato cumpriu a tarefa solicitada, portanto. Seu texto, no entanto, não
vai além da média porque faltou desenvolver algumas noções trazidas para o texto, assim como também
faltou elaborar melhor a relação entre algumas dessas noções.
Observe o 4o
parágrafo. Esse parágrafo menciona um paradoxo que valeria uma discussão um pouco
mais aprofundada; por que deve haver limites na transmissão de informações através da Internet? Como o
candidato fez questão de assinalar, estava apenas citando um paradoxo da modernidade; nós, leitores, gostaríamos,
no entanto, de ver esse paradoxo mais desenvolvido ou, pelo menos, mais relacionado ao restante
do texto.
Quando o candidato iniciou o 5o
parágrafo, ainda era esperada uma continuação da discussão anterior,
mas o que ele fez foi apenas introduzir um elemento da coletânea – por sinal, de leitura bem fácil –, e a
relação estabelecida com o parágrafo quarto deixou a desejar, já que a única ligação acaba sendo a Internet.
Assim, embora tenha revelado entendimento de proposta, o texto recebeu nota média, não mais do
que isso.
Provavelmente a idéia de abordar a questão da guerra entre judeus e palestinos foi sugerida pela leitura
do fragmento 4, segundo o qual é justo matar o inimigo... Novamente, porém, estamos diante de um
equívoco. Este candidato redefiniu completamente o tema; a questão do paradoxo da modernidade não
aparece no seu texto.
Perceba que a coletânea está presente na prova para ser articulada ao tema. Não basta escolher um
fragmento e interpretá-lo para ter a garantia de que, assim, você estará desenvolvendo o tema da redação.
Uma boa leitura da coletânea deve levar em consideração sua relação com o tema proposto!
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Este candidato, destacando um exemplo atual do que tem acontecido com a globalização da economia, caracteriza
o que ele chama de discurso da eliminação de fronteiras como sendo oportunista, na medida em que favorece
somente os países ricos. Quando se observam, no entanto, as fronteiras sociais – e os exemplos apontados são
o controle de migração, os ricos fechados em condomínios e em shoppings – a conclusão não poderia ser outra: Um
mundo “sem fronteiras” é e continuará sendo uma grande hipocrisia enquanto existirem as barreiras sociais.
Perceba que este candidato optou por destacar aspectos econômicos da globalização e apenas mencionou a Internet
e a tecnologia genética como parte da caracterização do paradoxo da modernidade, já que os avanços tecnoló-
gicos e a Internet reforçam o discurso da eliminação de fronteiras, mas é principalmente na análise da lucratividade
dos grandes investidores em prejuízo dos países emergentes que o paradoxo se evidencia: Qualquer avanço de
fronteiras “maravilhoso” do mundo de hoje vai ser maravilhoso apenas para alguns (poucos), e possivelmente, a
exemplo do que tem acontecido no âmbito econômico, desastroso para os outros, muitos.
Resta dizer que o desempenho deste candidato está bem acima da média!
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Quando o candidato afirma, logo no 1º parágrafo, que pode ser precipitado considerar que pouco
sobrou dos nossos “irmãos da caverna”, deixa um indício da avaliação que pretende fazer da modernidade.
O turbilhão tecnológico e todas as conquistas da era da modernidade são confrontados com a realidade
social vigente. O candidato aponta a desigualdade como uma das contradições da modernidade, afirmando
que, embora barreiras geográficas tenham sido rompidas, 2/3 da população vivem abaixo da linha da misé-
ria. Para o candidato, tais avanços, especificamente os da engenharia genética e do projeto genoma, estão
sendo utilizados pelos jornais e televisões, numa espécie de política do “pão e circo”. Trata-se de uma
forma de “embriagar” a população que nem sequer reflete a respeito dos miseráveis a quem não chegam
os frutos da modernidade. Tais informações foram desenvolvidas pelo candidato a partir da leitura que certamente
fez dos fragmentos 5º e 8º da coletânea e da introdução ao tema.
Ao dizer que os miseráveis são considerados bárbaros (fragmento 1), a idéia inicial passa a ser retomada
pelo candidato: A tendência natural de busca da proximidade entre os povos continua sendo mera falácia
ideológica, estamos caminhando para um isolamento preocupante. Na verdade, sua tese é que o homem
pouco mudou, desde o tempo em que se isolava nas cavernas. Hoje, apesar de todos os avanços tecnológicos,
permanece a tendência ao fechamento, ao isolamento, pois os poucos que se beneficiam do desenvolvimento
não são capazes de perceber tal contradição, e quanto mais se dedicam aos mecanismos que
trazem a ilusão de “quebrar barreiras”, mais se escondem num mundo virtual e se isolam.
Você poderia se perguntar: este texto cumpre a tarefa? Sim, e de uma forma bastante acima da média,
na medida em que sua avaliação da modernidade reflete o grande paradoxo em que vivemos. Para este
candidato, o progresso e/ou os avanços tecnológicos, assim como a eliminação de fronteiras geográficas
não foram capazes de mudar os nossos costumes pré-históricos de isolamento.
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AUTORIA, PESQUISA, REVISÃO, ORGANIZAÇÃO: JOSÉ CARLOS DUTRA DO CARMO.
Este arquivo é uma cortesia de JOSÉ CARLOS DUTRA DO CARMO, que sempre tem por filosofia de vida ajudar o próximo da melhor maneira possível.
SITE: www.sitenotadez.net, já acessado por mais de 17 milhões de pessoas.
E-MAILs: sitenota1000@gmail.com - sitenotadez@sitenotadez.net
2.298 EXERCÍCIOS, COM GABARITO.
Pesquisados na Internet, em centenas de SITES com exercícios e provas da Língua Portuguesa.
textos: XENOFOBIA E RACISMO.
PERDÃO.
O PORCO VOADOR.
Veja GABARITO DOS TEXTOS ABAIXO EM: http://sitenotadez.net/portugues-interpretacao/
A resposta do exercício 1011, que não está na “tabela” do GABARITO, é a alternativa “D”.
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De onde vem a língua portuguesa? Pergunta difícil... É fato que seu surgimento está
intimamente ligado à constituição da Nação Portuguesa, entretanto, quanto mais recuamos
cronologicamente, mais difícil se torna a tarefa de situá-la no tempo e espaço. Porém,
comecemos lembrando que a língua portuguesa nasceu do latim, que séculos antes da nossa
era já era falado em uma região chamada Lácio onde, mais tarde, foi fundada a cidade de
Roma. TERSARIOL esclarece, em seu livro “Origem da Língua Portuguesa”, que
posteriormente o latim foi imposto pelos romanos aos povos conquistados da Península
Ibérica, região essa ocupada no século III a.C., mas só incorporada ao Império no ano 197
a.C., de forma bastante conturbada. Se haviam outros povos nessa região, haviam outras
línguas, que a colonização “soterrou”, sem deixar registros significativos de sua existência e
influência no latim que passou a ser utilizado nessa região.
Desse latim, chamado latim vulgar (sermo vulgaris, rusticus, plebeius) por ser uma
variedade mais prática e de vocabulário mais reduzido do que o latim clássico (sermo
litterarius, eruditus, urbanus), surgiram falares diversos, ocasionados pela inexistência de um
registro escrito, aliado à difusão e miscigenação da língua, gerando os chamados "romanços",
fases de transição entre o latim e as novas línguas que surgiram, chamadas línguas românicas
ou neolatinas, das quais as principais são o português, o espanhol, o italiano, o provençal, o
catalão, o francês, o rético, o sardo e o romeno.
Posteriormente, houve influência das línguas de povos bárbaros germânicos (vândalos,
suevos e visigodos) que invadiram a Península no século V (por volta do ano 476) e, mais
tarde, das línguas dos povos árabes, mouros, que dominaram o local após a queda dos
bárbaros, no século VII, por volta do ano de 711. Todas essas influências culturais e
lingüísticas ocasionaram o surgimento de um incontável número de dialetos, dentre os quais o
chamado galaico-português, que se separou, gerando o galego e o português, este último
tornando-se língua nacional do Condado Portugalense quando da sua independência política
(aceita pela Igreja em 1143).
Com as navegações realizadas por Portugal no século XV, a língua portuguesa foi
levada para diversas partes do mundo. Entretanto, em cada um dos lugares em que foi
adotada, foi alterada em seu uso e pronúncia, adequando-se à realidade de cada um dos
locais.
Entre os locais onde a
Língua Portuguesa é falada
atualmente estão Portugal,
Arquipélago dos Açores, Ilha da
Madeira, Brasil, Guiné-Bissau,
Angola, Moçambique, Arquipélago
de Cabo Verde e nas Ilhas de São
Tomé e Príncipe, entre outros,
além de ser falado como dialeto
por parte da população em Macau,
Língua Portuguesa 28
Goa, Damão e Timor.
Também no Brasil, a Língua Portuguesa recebeu muitas influências até chegar ao que é
hoje. Uma delas foi a indígena, mormente a da língua tupi, que acabou sendo bastante
considerável devido as chamadas Bandeiras, já que os bandeirantes precisavam da ajuda dos
índios para desbravar novos locais, geralmente de difícil acesso.
Apesar do ensino da língua portuguesa haver sido imposto aos índios, não houve como
impedir a influência de sua língua e, em menor grau, de sua cultura. Alguns exemplos de sua
influência são as palavras: Ceará, Cuiabá, Curitiba, piracema, capinzal, tatu, jacaré, piranha,
gambá, paca, siri, sabiá, abacaxi, mandioca, arara, etc.
Outra influência de grande importância na Língua Portuguesa foi a exercida pelos
elementos africanos, que chegaram até aqui devido a escravidão, que trouxe negros da Guiné,
de Sudão Ocidental e da África Austral, e, dessa forma, as línguas Nagô e Quimbundo, faladas
na Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
Alguns exemplos da influência africana em nosso vocabulário são as palavras: quitute,
vatapá, cachaça, maxixe, caxumba, camundongo, maribondo, quindim, quiabo, etc.
Temos, além dessas, influências de diversas outras línguas, como o Alemão (Níquel,
gás), o Espanhol (bolero, castanhola), o Japonês (karaokê, kamikase), o Francês (paletó, boné,
abajur, matinê, cachecol, batom, cabaré), o Italiano (macarrão, piano, soneto, lasanha,
bandido, camarim, partitura, ária) e o Inglês (show, software, hamburguer), entre outras. E
mesmo com todas essas influências e modificações, a língua portuguesa não parou. Ela, assim
como todas as outras, é viva e evolui constantemente, o tempo todo.
Jornal acadêmico de Letras - Cesumar
A HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL
1500 Os cerca de 5 milhões de indígenas que aqui viviam, distribuídos em mais de 1 500
povos, falavam em torno de mil línguas de vários grupos lingüísticos
1580 Começa a ser registrada a Língua Geral Paulista, difundida por padres jesuítas e
bandeirantes. “Tucuriuri” significava “gafanhotos verdes”
1700 Surgem registros da Língua Geral Amazônica, de base tupinambá, e do dialeto de
Minas, misto de português com o Evé-fon, trazido por escravos africanos
1759 O Marquês de Pombal promulga lei impondo o uso da língua portuguesa, mas ainda
coexistem NO PAÍS DIVERSOS idiomas indígenas e africanos
1808 A chegada da família real é decisiva para a difusão da língua: são criadas bibliotecas,
escolas e gráficas (e, com elas, jornais e revistas)
1850 imigrantes europeus aportam em grande número no país, incentivando transformações
no idioma com a introdução de diversos estrangeirismos
1922 A Semana de Arte Moderna leva o português informal para as artes. A crescente
urbanização e o surgimento do rádio ajudam a misturar variedades lingüísticas
1988 A Constituição garante a preservação dos dialetos de grupos indígenas e
remanescentes de quilombos. Hoje Ha 180 línguas indígenas e mil quilombolas
1990 Com a TV presente em mais de 90% dos lares, não se constata isolamento lingüístico.
Começa a nascer a linguagem rápida usada na internet
Fonte: www.novaescola.com.br
RELACIONANDO OS TEXTOS:
1) De acordo com o texto “De onde vem a Língua Portuguesa”, por que é difícil resgatar a
origem da Língua Portuguesa?
Língua Portuguesa 29
2) Ainda sobre o mesmo texto, como se deu a expansão do latim pela Península Ibérica?
3) Depois das várias influências sofridas, como foi que a Língua Portuguesa alastrou-se no
século XV?
4) Quais são os países que adotaram o português como língua oficial ou dialeto?
5) Comparando os textos “Uma questão de Tempo” , “De onde vem a Língua Portuguesa”
e a “História da Língua Portuguesa no Brasil” no que diz respeito à temporalidade, a que
conclusão podemos chegar?
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A reforma ortográfica 2ª parte
Nesta unidade daremos continuação ao estudo da nova ortografia da Língua
Portuguesa. Você viu na unidade passada que existiram diversas mudanças durante os
séculos. Agora, você está participando desse processo de inovação. Vale lembrar que as duas
formas de escrita continuam valendo até 2012. Veremos agora as regras e estudaremos uma a
uma com muita calma, acompanhando as desventuras de Grump, um sujeitinho divertido, bem
brasileiro. Acompanhe seu professor e bom estudo!
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UMA SOCIEDADE DESCONFIGURADA
Crianças e jovens deste início de século, de todas as classes
sociais, estão perdendo algo precioso, que loja ou shopping nenhum
é capaz de colocar à venda: a auto-estima. Paradoxalmente, o
fenômeno é uma das conseqüências da excessiva valorização de
bens materiais que acomete o país.
O tema foi abordado pelo psicólogo e psicoterapeuta Ivan
Capelatto no artigo “A construção da auto-estima como base para a
saúde mental”, que faz um raio-x cruel da atualidade: as doenças
sociais crescem na mesma proporção do consumismo e, como
resultado, estamos vivendo a morte do futuro.
De acordo com o psicoterapeuta, que em 2001 publicou o livro “Diálogos sobre
afetividade – Nosso Lugar de Cuidar”, uma coletânea de entrevistas concedidas à
jornalista Patrícia Zanin, da Rádio Universidade, da Universidade Estadual de Londrina
(UEL), todas as classes estão sendo atingidas pelo fenômeno, que prega a obtenção de
uma identidade pelo que se tem e não pelo que se é. “Hoje consumimos objetos, marcas
de roupa, estética. Nunca se viu tanta preocupação com o corpo. A sociedade se
desconfigurou como protetora, cuidadora, e passou a exigir”.
Segundo Capelatto, temos hoje uma doença social, que alguns autores chamam de
A Era da Indiferença ou A Era do Gozo, que se caracteriza pela substituição da afetividade
e da política dos cuidados por uma política narcísica. O lema é: você tem que estar com
prazer, e não importa o custo disso. “O resultado é a morte de tantos jovens que aderem
aos anabolizantes de animais para ficar com o corpo bonito; de meninas vítimas de
anorexia e de bulimia. Muitos adquirem problemas sérios, inclusive cerebrais.”
Língua Portuguesa 44
Para Capelatto, existe uma política social que estimula esse comportamento e
envolve o tráfico de drogas, a venda de filosofias narcísicas – como tatuagens e piercings,
muito incentivados pela mídia. Na mente dos adolescentes, segundo o psicólogo, começa
então a acontecer uma troca: o que é ético passa a não valer. “Aquele menino que é bom
com os amigos, com a namorada, passa a ser tolo. O estudioso é chamado de CDF ‘nerd’,
de babaca. Todo esse fenômeno gera um narcisismo exacerbado e a auto-estima começa
a cair. Passa a valer a seguinte idéia: eu não sou mais eu, mas aquilo que eu posso
mostrar para os outros”.
Outra conseqüência desastrosa disso tudo é a banalização da morte. O
psicoterapeuta lembra que hoje em dia ninguém mais quer falar em perda, não há mais
tolerância à dor. Ele afirma que este é um sinal de que a sociedade adoeceu e junto está
adoecendo o conceito de família, de religião, de escola. “ As escolas passam a ser
narcísicas, preocupando-se mais com vestibular do que em cuidar dos alunos. A família,
por sua vez, só se preocupa em dar o status que o filho ‘precisa’ ter e, para isso, os pais
passam a trabalhar cada vez mais, parando de cuidar dos filhos. As instituições sociais
também não cuidam. Temos a doença: a dificuldade de conseguir auto-estima – que é
gostar de si mesmo como se é, sem ter como referência o outro”.
A falta de auto-estima se manifesta, por exemplo, na tentativa de mudar o corpo a
qualquer custo e nas agressões que vêm sob o status de beleza. Morre-se muito e mata-se
muito por este narcisismo – quase sempre sinônimo de prazer momentâneo – capaz de
comprometer a capacidade de estudar, de ter paciência no semáforo, de estar disponível
para ajudar um amigo que não está bem. Sem auto-estima, alerta Capellato, ninguém
perde tempo com isso. Há prejuízo para o futuro dessas crianças. A criança que não é
cuidada não cuida de si própria e não cuida do outro. A ligação com a vida se fragiliza
profundamente”.
O psicoterapeuta diz ainda que o problema independe de classe social. Ele afirma
que tanto nas favelas como nos condomínios fechados o quadro que se vê é o mesmo, só
mudam as condições materiais. “O estigma que acompanha a morte de muitos jovens hoje
em dia – seja porque foi morto pela polícia quando roubava para pagar dívidas de drogas,
ou porque estaba bêbado e chocou o carro em um poste, ou porque usou anabolizante
animal – é todo o mesmo tipo”.
A receita para mudar esse quadro, de acordo com Capellato, é fazer com que a
criança e o adolescente se sintam cuidados. Porém, ele alerta: Cuidar dá trabalho, é
barulhento, traz conflitos, mas é a única saída. Precisamos, o mais rápido possível,sair do
comodismo de apenas punir e resgatar o espírito cuidador dentro das famílias, das escolas
e de todas as instituições sociais”.
(Folha de Londrina, sessão Paraná/Geral, 21 de novembro de 2004)
INTERPRETANDO O TEXTO
1) Qual é a razão, segundo o texto, para o jovem estar perdendo a auto-estima?
2) Estima, segundo o Dicionário Aurélio, é:
1. Sentimento de importância ou do valor de alguém ou de alguma coisa; apreço,
consideração, respeito. 2. Afeição, afeto; amizade.(...)
No Dicionário Filosófico (RUSS;1994:94), tem-se estima como um sentimento favorável ou
consideração nascidos de virtudes ou do mérito de uma pessoa.
Como o psicoterapeuta Ivan Capelatto define, por sua vez a auto-estima?
3) Esse fenômeno que acomete o país, segundo Capelatto, desconfigura a sociedade e o
próprio jovem. Explique o que o psicólogo quis afirmar com isso.
4) Quais os efeitos apontados por Capellato para a falta de auto-estima dos jovens?
Língua Portuguesa 45
5) Capellato apresenta soluções para o problema? Se apresenta, quais são elas e em que
parágrafo se encontram.
Agora chegou o momento de conhecermos mais uma tipologia textual: a entrevista.
Nesse tipo de texto, um repórter que representa uma empresa da área da comunicação
entrevista uma personalidade de um determinado segmento para saber sua opinião sobre
assuntos de interesse do público leitor. Vamos conhecer então o ponto de vista desse
entrevistado sobre o papel da juventude na contemporaneidade?
HORA DE OUVIR A VOZ DO JOVEM
Se a juventude é a faixa etária com maior número de brasileiros, se são os jovens
que vão herdar as conseqüências de tudo o que se faz hoje, parece indiscutível que estejam
presentes em todas as instâncias decisórias da vida do povo.
É isto o que acontece? Não há alguma coisa errada na organização de nossa
sociedade? A pesquisa Juventude, juventudes: o que une e o que separa escutou jovens em
todo país. Um dos coordenadores da pesquisa ajuda a fazer algumas interpretações.
Leonardo de Castro, assessor de políticas públicas da Organização dos Estados Iberoamericanos
- OEI, um dos coordenadores da pesquisa. Endereço eletrônico:
leonardo.pinheiro@oei.org.br
Mundo Jovem: Qual é o perfil do jovem brasileiro, hoje?
Leonardo: O jovem brasileiro é uma pessoa sem emprego, muito propenso a sofrer violência,
especialmente nos grandes centros urbanos, a ser agente ou vítima da violência. É um jovem
que não recebe uma formação adequada no ensino formal. É um jovem que tem dificuldades
para entrar no mercado de trabalho e para acessar o Ensino Superior e está em situação de
vulnerabilidade. Para que realize o trânsito entre deixar de ser criança e tornar-se um adulto
produtivo na sociedade, ele enfrenta muitas dificuldades.
Mundo Jovem: Que mundo e que futuro este jovem vai construir?
Leonardo: O jovem sempre recebeu essa carga de ser o futuro do país. É uma carga pesada,
porque o mais importante é trabalhar o presente e não só ficar jogando os planos para o futuro.
O jovem tem um desafio duplo que é superar todas as vulnerabilidades sociais que enfrenta
hoje e ainda ser o motor do desenvolvimento futuro do nosso país.Vivemos um momento no
qual, demograficamente, existem mais jovens do que qualquer outra faixa etária na população
brasileira. E nesta faixa etária, dos 15 aos 29 anos, temos jovens inativos e jovens
economicamente ativos, que trabalham e contribuem com a poupança interna do país. Se
forem dadas as garantias de educação e emprego, eles podem criar bases para o
desenvolvimento do país e, inclusive, para a nossa Previdência Social. Se todos os jovens se
tornarem economicamente ativos, será uma garantia de que a Previdência não vai “quebrar”,
porque teremos mais gente contribuindo do que recebendo. Mas como eles estão bastante fora
do mercado de trabalho, não estão contribuindo plenamente. Este potencial, infelizmente, ainda
não está sendo realizado.
Mundo Jovem: Há pessoas que vêem o jovem com certo preconceito, considerando-o
indiferente, passivo... Há razões para isso?
Leonardo: É curioso, porque, ao mesmo tempo em que o jovem tem esse conceito negativo
(em que ele é estigmatizado como violento e vadio), a juventude é perseguida por todos,
principalmente nesta era em que a gente vive. Todo mundo quer ser jovem, bonito, fazer
plástica. Tem-se a idéia de que ser jovem é ser saudável, inovador, conhecer o novo, saber
lidar com as novas tecnologias. Tem alguma coisa errada aí. Se, por um lado, a juventude é
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tão boa e, por outro, tão ruim, o que falta realmente é uma sensibilização, até da própria mídia.
O jovem deve ser o que ele realmente é, e não uma projeção de tudo o que é bom ou de tudo o
que é ruim na sociedade brasileira.
Mundo Jovem: O diálogo entre as gerações, a partir da realidade que temos, não é
também um ponto que pode contribuir?
Leonardo: O diálogo é um componente fundamental para o desenvolvimento do país. Abrir o
diálogo intergeracional, permitir que o jovem possa ser escutado. Muitas vezes não é o jovem
que não quer ouvir, mas ninguém quer escutá-lo porque acham que ele não sabe nada. Daí a
necessidade de abrir um espaço para que a juventude possa expressar suas idéias e que
possa também ouvir e debater. Não só escutar as coisas como se fossem dogmas, mas que
possa se posicionar.
Já existem algumas iniciativas, como o Plano Nacional da Juventude. É um espaço que foi
aberto para o diálogo intergeracional. Ao mesmo tempo em que se tinha ali o Congresso
Nacional, tinha também um grupo de jovens debatendo junto com deputados e senadores
quais seriam as metas, os programas, os projetos para a juventude brasileira para os próximos
dez anos. Considero esta uma experiência de diálogo bem-sucedida, mas deveriam existir
muitas outras.
Mundo Jovem: A escola poderia ou deveria ter uma participação nessa organização da
juventude, através de debates ou mostrando alternativas?
Leonardo: A escola é uma instituição fundamental para a formação de valores, enquanto
cidadãos. Infelizmente nós vemos um descolamento da escola com a questão da cidadania.
Ela prepara o jovem para passar de ano ou para o vestibular, mas não o prepara para a vida.
Então existe uma distância entre o que é a escola hoje e o que é uma educação abrangente,
para a cidadania.
Reformar a escola não é uma tarefa simples, mas existem formas de fazer isto. O primeiro
passo seria a reestruturação dos ambientes físicos, porque existem muitas escolas cujo
ambiente está decadente, sem equipamentos. E falta valorização da carreira de professor. Hoje
em dia são poucas as pessoas que cursam o ensino superior para serem professores por
vocação. Geralmente trabalham como professor como última alternativa. E é necessário que
volte aquele orgulho de ser professor, ser um mestre e assim ensinar bem aos seus alunos.
Além disso, um grande problema das escolas brasileiras é a violência. A violência atrapalha
diretamente o ensino. As escolas brasileiras sofrem muito com esta situação e isto influencia
na qualidade da educação. Então, reformar a escola pressupõe qualidade de educação,
valorização da carreira do professor e integração entre a cultura do jovem para a cidadania e a
cultura escolar.
Mundo Jovem: E o jovem também tem parcela de responsabilidade nisso?
Leonardo: O jovem deve ser um ator, protagonista desta mudança. Deve colocar dentro da
escola estes componentes que são da sua cultura, que é a facilidade de lidar com o novo, com
as novas tecnologias, de estar mais aberto para as mudanças. Isso ele pode levar para a
escola e a escola deve se preparar para receber, para dialogar com ele.
Mundo Jovem: Até que ponto as instabilidades familiares afetam o jovem?
Leonardo: Aí que entra o desafio das políticas públicas. A política nasce para resolver um
problema social. Se você tem uma sociedade onde a família está desestruturada, onde a
escola não está bem preparada e o jovem está desencantado, a responsabilidade de promover
as mudanças é do governo. O governo tem que promover políticas educacionais, sociais, de
proteção, para que se quebre o círculo vicioso de exclusão, de estigmatização do jovem.
Mundo Jovem: Enquanto há exclusão, a participação de todos os jovens não fica
comprometida?
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Leonardo: A sociedade atual é muito fragmentada e a exclusão social que se impõe aos mais
pobres no Brasil é cruel. Os jovens são muito diferentes entre si. Por isso é preciso falar em
juventudes. O trânsito de criança para a idade adulta acontece de forma diferente entre as
parcelas da população brasileira. Se por um lado os jovens rurais estão abandonando a escola,
entrando no mercado de trabalho mais cedo, por outro lado, os das classes médias altas estão
abandonando o lar mais tarde. Hoje é comum ver pessoas com mais de 30 anos ainda no
domicílio dos pais, chegando a fazer até dois, três cursos superiores antes de entrar no
primeiro emprego. Na zona rural, o jovem de 12 ou 13 anos já está trabalhando e a escola já
não é mais uma perspectiva para ele.
A falta de referência é da própria sociedade, organizada de uma forma em que os mais pobres
estão excluídos e os mais ricos têm a chance de estudar e ficar durante bem mais tempo na
casa dos pais. Assim não sofrem pressão para terem uma autonomia.
Mundo Jovem: O consumismo e o individualismo também afetam a vida do jovem?
Leonardo: Mais uma vez eu gostaria de enfatizar que hoje temos que falar em juventudes, no
plural. Porque realmente a individualidade é uma marca dos jovens. Existem poucos espaços
de cooperação e de cultura cívica. Pelo ambiente competitivo da sociedade, que impõe que
você seja o melhor em tudo, que tenha muitos cursos e isto aliado ao consumismo, no qual o
valor é dado não por aquilo que você é, mas por aquilo que você tem, a sociedade simplifica as
pessoas desta forma. Então o jovem se torna um individualista. E essa é uma mudança cultural
que está ocorrendo no mundo todo por causa da globalização, que impõe padrões de consumo
que são irreais para a realidade brasileira. Você vê nos filmes norte-americanos, nas séries da
TV, um modo de vida que não é compatível para toda a população do planeta, pois não
existem recursos naturais que consigam dar conta deste nível de consumismo.
Disponível em <http://www.mundojovem.com.br/entrevista-03-2007.php>. Acesso:
13/03/08.
AGORA É COM VOCÊ
Agora que já discutimos o assunto juventude e seus comportamentos, escreva um texto
dissertativo expondo o seu ponto de vista sobre o jovem contemporâneo. Você pode explorar o
tema o jovem em relação ao consumismo, o jovem e a educação, o jovem e a violência, o
jovem e a ditadura da beleza ou outros temas que julgar interessantes para a discussão, desde
que relacionados ao macrotema. Seu texto deve ser organizado no que diz respeito a toda
estrutura do texto argumentativo/dissertativo estudados até agora nesse nivelamento.
Não se esqueça: utilize todas as dicas que eu lhe dei
durante as 6 unidades desse curso de Nivelamento. Elas
serão muuuuuuuito úteis mesmo! Tá?
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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CARVALHO, Alex Moreira. [et. al] Aprendendo metodologia científica: uma orientação para
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pensar. 23.ed. Rio de Janeiro : FGV, 2003.
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MEDEIROS,João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas.
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VANOYE, Francis. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita. 12.ed.
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http://www.cesumar.br/lyceump/aonline/nivelamento/material/apostila_nivelamento_ptg.pdf