Em Salvador a moda é comer acarajé que custa um real.
 
O acarajé é pequenininho, normalmente a pessoa compra uns três para compensar, no entanto vale a propaganda atraindo a galera.
 
Eu não sei como vocês comem acarajé fora da cidade porreta, aqui a gente coloca salada, vatapá, caruru e bastante pimenta.
 
Não precisa de cerveja, penso que um réfri cai melhor.
Cada um escolhe o seu, conforme suas preferências, jamais deixando de saborear um delicioso acarajé, sempre capaz de proporcionar alegrias indescritíveis ao estômago.
 
Os religiosos também adoram acarajé, alguns decidem concorrer com as adoráveis baianas, tradicionais vendedoras da maravilhosa iguaria.
Almejando conquistar muitos clientes, anunciam que o acarajé está abençoado, esperam assim levar vantagem nas suas vendas.
 
Não está certo, não é justo!
Noto que os acarajés abençoados não convencem, pois faltam certos detalhes que somente as queridas profanas conhecem.
 
Sugiro aos religiosos não avançarem o sinal e compreenderem que cada macaco deve ficar no seu galho.
 
* Certa vez um amigo recomendou um local especial, lá o acarajé garantiu que era espetacular, topei conferir, tinha direito a troco, a atendente, uma senhora enfezada, catou moedas de cinco centavos e me deu.
 
Saí traumatizado, não voltei mais.
O gosto da indelicadeza logo rejeitei.
 
* Hoje confesso que estou pegando leve, antes, todos os dias, eu curtia um acarajé, pedia um beijo a Josena, uma morena, o nome causa estranheza e tontura, mas sorrindo a gata arrasa, beleza pura.
 
Quando a salada ultrapassa o ponto, a pimenta não é fresquinha ou o caruru faz baba, pode ser perigoso estimular a gula.
 
Mas demora uma semana, talvez um mês, nenhum ser humano resiste, ninguém desiste, a teimosia insiste, o desejo incontido existe, profundo, a recusa torna abatido e triste o mundo.
 
Pergunto ao José, o irmão da Zezé, cadê meu acarajé?
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 23/06/2016
Reeditado em 23/06/2016
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