A FÁBULA DO JUMENTO

Um jumento foi eleito rei dos animais. Nem ele acreditava que fosse capaz. Mas, a eleição foi ordeira e os animais decidiram: - Nada de leão, nem de tigre... Vamos é mudar para ver do que vai dar. Com muita pompa foi conduzido e quando se viu no trono, quase perde a fala. Bajulação e petição suas orelhas se esbaldavam então. Até achou que estava sonhando, por fim viu que não era ilusão.

Vou fazer tudo direitinho, pensou com os seus dentões. Ouvirei todos os bichos, no meu reino todos serão iguais. Direitos respeitados, comida não vai faltar, cada um vai ter toca sem espaço para brigar. E todos acreditaram no discurso do jumento quando ele abriu sua ‘bocona’ para expressar seus pensamentos.

Bem tratado o jumento decidiu naquele momento:

_ Nunca mais darei coice, nem vou morder sem razão.

Confesso que todos na corte formada por servidores competentes, não surgiu reclamação, pois todos estavam contentes. O macaco passou a ser assistente. O papagaio assessor de imprensa; O tamanduá também ganhou um espaço, mas todos não se descuidavam na hora do abraço. Somente a coruja que era muito cotada ficou de fora por simples razão.

_ Não serve, disse o jumento, para fazer parte de minha equipe. Ela pensa muito e até seu silêncio gera um mal estar. Os olhos da coruja são penetrantes e seu giro de 360º faz-me sentir vigiado.

A coruja aceitou com resignação, sabia que o jumento um dia ia perder a cabeça por causa das bajulações ou por causa dos ofertões.

_ O poder é faca de dois gumes - disse a coruja para seus filhos. É bonita, abre portas, mas tantos perderam o trono por abandonar a ética que existe no meio animal. Se meu companheiro está ferido, fico do seu lado até que sare e possa levantar para seguir o bando. O jumento vai esquecer as promessas e as resoluções, nem o trono, nem as ricas vestes vão lhe impedir de revelar seu antigo bordão:

_ Que bordão é esse, papai? –perguntou as corujinhas atentas.

_ O jumento, antes de ser rei, dizia para quem quisesse ouvir: ‘ Mordo e dou coice em quem atravessa meu caminho. E também em quem acredita que sou domesticável. Com meus dentões dou mordida que levará muitos a pedir-me clemência. Sou jumento com orgulho. Penso somente em tirar proveito. Só tenho beleza quando pequeno, mas quando cresço viro um fanfarrão.

Moral da história: Nem tudo que aparenta ser bom tem o valor proclamado.

Ione Sak 02/04/16

Obs. Essa história é baseada na experiência que um menino teve com um jumento que foi criado com tanto carinho, mas que um dia enquanto recebia carinho na cabeça arreganhou os dentes e tascou uma mordida na barriga do amigo. No mesmo dia o pai do menino vendeu o jumento por qualquer preço. Por muito tempo o menino ia rever o ‘amigo’ que passou a ser animal de carga, pra depois ser levado para ser morto em um lugar qualquer.

Ione Sak
Enviado por Ione Sak em 02/04/2016
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