Terra Brasilis - Invasão! Prelúdio.

Do alto dos montes, de dentro das matas, no fundo dos córregos, do alto dos céus ele viu, ele ouviu, ele sentiu.

Tupã! Filho primeiro de Yamandú! Tupã todo poderoso! Deus rei! Rei guerreiro! Senhor dos céus e da terra! Dono de tudo e todos até onde a vista alcança!

Ele viu! Ele ouviu! Ele sentiu!

Saindo de dentro das matas, se alçando aos céus, subindo ao cume das montanhas, ele se juntou aos outros.

Abaçai o bravo guerreiro, corpo pintado e borduna na mão.

Angra com seus olhos de brasa, e cabelos de fogo.

Chandoré o emissário, também estava lá!

Ao notarem a chegada do primeiro filho de Yamandú, os três o cumprimentaram de acordo com sua posição e dignidade.

Tupã também os cumprimentou de acordo com sua posição e dignidade.

Abrindo caminho o deixaram passar, a beira do penhasco de fronte ao mar, Tupã observava o reino de Caramuru.

Vasto, e verde a perde de vista!

O mar se estendia ao pés do Deus rei.

No limite da visão, onde Guaraci o sol, toca os domínios de Caramuru, estranhos objetos se moviam sobre as águas, na direção do litoral de Pindorama.

treze objetos grandes, escuros e desconhecidos, mas que emanavam uma aura maligna.

Polo deus do vento trazia o cheiro deles até Tupã, Abaçai, Angra, e Chandoré.

Um cheiro de doença, miséria, destruição, e morte.

Juntos decidiram enviar emissários a todos os deuses e deusas, descendentes de Yamandú, e subir até a morada dos deuses,Iiapaba

Conferenciar com Yamandú, e os seus irmãos e irmãs, na grande Opy.

Ao chegarem a Iiapaba a morada dos deuses, Tupã e os seus, constataram com pesar que Andurá a arvore sagrada posicionada no centro da grande Opy já se pronunciara.

Ardendo em chamas poderosas e violentas, ela avisava a todos os filhos e netos de Yamandú, que um enorme perigo se avizinhava.

Alguns, assim como Tupã e seus companheiros, tinham acabado de chegar, outros estavam chegando.

Porém! havia deuses e deusas que não haviam mandado sequer um emissário!

No interior da grande Opy que era do tamanho de uma aldeia! grupos se reuniam.

Quer fosse por parentesco, familiaridades, ou interesses, os deuses se alinhavam.

No centro, avista de todos, Anhum o músico tocava o sagrado taré, e a poderosa cobra grande Boiúna se enrodilhava a seus pés.

Em pé em circulo a volta deles, Aruanã, Rudá, Caupé, Picê, Piná, Arapé, tambatajá, e a bela Caupé, deuses regentes das artes e emoções conversavam alegremente.

No canto à direita da entrada da grande Opy, sob a luz da Andurá sagrada, vozes sérias e expressões graves, Sumé, Guaipira, Biaça, Açuti, Graçai, e as Parajás, deuses do saber e conhecimento confabulavam intensamente.

À esquerda da entrada sob as chamas vermelhas de Andurá, sentados sobre a cabeça da terrível Caninana! No centro de um semi circulo formado por Tau e seus sete filhos!Teju Jagua o cão lagarto de sete cabeças, Mboi T'ui a serpente papagaio, Monya a serpente de chifres, Jaci Jaterê o assassino de crianças, Kurupi o violador de virgens, Ao Ao o queixada maldito, e Luison o comedor de mortos.

Junto com eles, Guandirô o bebedor de sangue, as vingativas Tiriricas, o malvado Pirarucú e sua esposa, a sedutora Yara, e Cainamé a bruxa.

Se curvavam em referência a Anhanguera e sua esposa Ticê, senhores absolutos dos deuses das paixões, e das trevas!

tomando seu lugar de honra no fundo da grande Opy, Tupã convidou seus pares a sentar em circulo entorno da sagrada Andarú, e a beberem cauim servido pelos anhangás enquanto esperavam a chegada dos outros deuses.

Sentados no chão da grande Opy, os deuses de Pindorama comiam e bebiam junto dos seus filhos, e criações enquanto aguardavam a chegada dos seus iguais.

Durante o banquete, Anhum tocava o taré, enquanto Arapé dançava, Piná encantava, e Aruanã cantava.

Nos intervalos entre o canto e a dança, Picê declamava sua poesia embalada pela suave melodia do taré.

E assim os descendentes Yamandú, e as suas criações conversavam, e riam, enquanto tramavam, e conspiravam uns contra os outros!

No auge do banquete os filhos de Tupã, Guaraci o sol e Jaci a lua, juntamente com seus súditos(deuses dos elementos, e espíritos da natureza)adentraram a grande Opy.

Primeiros foram os quatro irmãos, senhores das estações :

Catú senhor do outono.

Mutin senhor da primavera.

Peurê senhor do verão.

E Nhará senhor do inverno.

Seguidos por, Araci rainha das madrugadas, e anunciadora das manhãs.

Taynacã dona das estrelas e senhora das constelações.

Polo senhor dos vento.

Abeguar deus do vôo.

Juruás as de beleza arrebatadora.

Açaí sereia do mar.

Caramuru bravio e instável deus do mar.

Caapora o cuidador de feras.

Mapinguari o que puni os que matam em excesso.

Curupira o guardião das matas.

E tupi imortal ancestral dos homens.

A frente do cortejo Guaraci o sol, e sua esposa Jaci a lua,atravessaram toda a extensão da grande Opy e cumprimentaram seu pai Tupã, filho primeiro de Yamandú, senhor e protetor da grande obra de seu pai.

Agradecendo com um largo sorriso, Tupã convidou a todos os recém chegados a se sentarem com um gesto abrangente de sua mão.

olhando a todos demorada e profundamente tupã deu inicio ao conclave!

Era hora dos outros saberem o que ele já soubera por meio dos seus irmãos dos altos picos.

Os invasores chegavam finalmente a suas terras!

A hegemonia dos filhos e netos de Yamandú e sua crias estava ameaçada!

Vindo do outro lado da grande água salgada, os invasores chegariam para tomar suas terras e subjugar seus povos!

Todos os homens, deuses e criaturas de Pindorama estavam em perigo!

Esses estrangeiros que chegavam, vinham para pilhar e roubar! destruir e queimar! saquear! estuprar! e matar!

Eles serviam a um Deus diferente! desconhecido! estranho aquelas terras!

Era um Deus novo, e poderoso!

Um deus temível!

Seus servos eram decididos e determinados!

Traziam sua palavra, e impunham sua vontade por ferro e fogo!

Eles já haviam chegado nas terras altas, e estavam começando a ocupar as terras frias também!

Estavam se fazendo presente agora nas costas litorâneas de Pindorama, e se não fossem expulsos, os expulsariam!

Vozes coléricas, e gritos zangados ecoaram sob a abóboda da grande Opy! tamanha era a raiva e indignação dos deuses que o Iiapaba tremeu, e o chão fendeu!

Os homens na terra, se encolhiam e fugiam!

O vento uivava!

O céu escurecia!

O mar se levantava!

E a chuva ruim caía!

Os deuses se zangavam e o homem sofria.

Diante de tal agitação, Tupã o trovão se fez ouvir, e a todos fez calar!

Erguendo-se acima dos outros deuses, os olhou com raiva e desprezo!

Apenas Anhanguera o coisa ruim, o encarava! e Tupã lhe sustinha o olhar.

Os dois eram a contra face um do outro!

O protetor e mantenedor, o corruptor e destruidor.

Eram o que eram!

As duas faces de uma mesma moeda, os pontos de equilíbrio de seu mundo.

Um mundo,que estava prestes a ruir.

E isso era algo que eles tinham que impedir!