AO MEU ANJO DA GUARDA; AMABIEL
Meus passos já são lentos
Como só a velhice explica.
Desculpem a minha timidez
Mas você, meu anjo protetor
Já não se importa em me proteger.
Há algo em você que me complica
Algo que desanda!
Coisa que o doce de leite
Que a dona Guidinha executava
No tacho de cobre que o cigano fez
Nunca acontecia; nunca desandava!
E ela me convidava a raspar o tacho
Ainda quente, antes que o zinabre
Se formasse e se tornasse veneno...
Ah, meus passos cansados dos anos
E a esperança, que me mantém alerta
E sereno, desde que eu era pequeno.
Como que, a qualquer hora, numa incerta
Me desse conta que ainda tenho que esperar
Esperança refeita; me refaço e me comovo
Esperar, esperar; ainda por um milagre:
- Que a vida me habite de novo!