Veríssima história?
Lendo uma das obras de Luiz Fernando Veríssimo, humordido mestre, sob o título As mentiras que as mulheres contam, acho que só no título ele pecou. O livro é de uma voraz veracidade em tudo o que a fêmea insinua ou - em si nua - faz. Frente e trás.
O contículo a que me refiro aqui, cujo conceito ao menos de lá extraí, vai meis ou menos assim:
Fugindo como podia das exatas, a garoto havia feito um curso superior de artes e, como sói e dói, tava num desemprego que corrói. Saiu a corremundo...E só uma escassa notícia deu, que pela França andavatrás do boulot (trabalho) seu...Si le voulait le bon Dieu...
A cada dia que passava a mãe andava mais desesperada com a sorte do desgarrado que, embora talentoso, tava mais era pra avoado. E tanto ela sofreu, que atrás do fujãozinho se meteu.
Bateu tanta perna na capital francesa que, exausta, buscou descanso num parquezinho, com o coração em pedacinhos. E deu até seus cochilinhos.
E qual não foi sua surpresa ao despertar com um psiu, dos mais docinhos. E que vinha de uma estátua.
Atônita, quando ao psiu respondeu, viu que o filho era seu, que apenas os lábios lhe mexeu:
- Mas, filho meu, que cruel o destino teu, estátua virar...
E, num mais doce suspirar, a resposta da estátua não se fez por esperar:
- E como, maman, tou feliz, é Paris...!