Naquela noite eu fiquei bem assustado.
 
Estava na casa da namorada (hoje ex), de repente, querendo adoçar meu café, vi algo esquisito, marrom, estranho demais.
Nesse momento ela explicou que ali estava o açúcar demerara.
Não sabia da existência desse açúcar, não gostei de conhecê-lo, busquei o açúcar habitual, o refinado, não tinha.
Outra vez, perto do fim, a situação se repetiu, porém, quando optei pelo açúcar refinado, o único que utilizo, a flor ficou zangada.
Acredito que o fato ocorreu porque o namoro já perdia a força.
Para medir a temperatura dos romances basta não topar os alimentos “loucos” os quais elas amam.
A gata apaixonada sorri, finge que respeita seu gosto. Caso contrário, se o bigode deixa de agradar, a princesa reclama e assume a verdade.
Costumo dizer:
_ Me tirem tudo, menos meu açúcar, refinado, fininho, branquinho.
A vida repleta de chatices não merece aumentar a carga tão pesada.
Não adianta adotar uma suposta alimentação especial e viver sempre com a cara emburrada, cheia de frescuras, nunca oferecendo um sorriso.
 
Claro que não são só as mulheres que adotam as loucuras saudáveis, certos homens também escolhem o caminho insano.
Ouço um monte de pedidos absurdos:
_ Sem açúcar!
_ Tem adoçante?
 
Sugiro o otimismo, confio em Deus, sigo os alegres passos de um mundo muito bonito, porém feio nas nossas atitudes.
Noto as pessoas egoístas, sempre agindo imaginando vantagens.
No meu colégio alguns colegas não falam mais comigo porque eu disse que não gostei deles não me avisarem sobre uma reunião.
Bastava ligar, enviar um e-mail, mas eles não puderam.
Afinal de contas, dói bastante ser prestativo e atencioso.
 
Eles não falam comigo, eu evito a sala dos professores, continuo dando minhas doces aulas, jamais pretendo cortar o açúcar popular, quero que o demerara elas esqueçam e me aqueçam no inverno rigoroso provando meu beijo terno saboroso.
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 03/03/2016
Reeditado em 03/03/2016
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