A ORDEM DAS VALQUÍRIAS - OS JOGOS - PARTE 1 (cap 3 )

Foram quatro longos anos de dor e conquistas para me tornar uma valquíria. A adaptação foi difícil pois nós, fornovenses, sofremos preconceito de todos os povos, eles se referem a nós como selvagens. Superei as adversidades conquistando o respeito de todas, passaram a me chamar de valquíria escarlate, ou apenas Scarlet, por causa do meu cabelo.

No primeiro ano da formação aprendemos as coisas básicas da Ordem, como cavalgar e perícia em todas as armas. No segundo ano escolhemos as nossas armas principais e secundárias, também somos apresentadas as nossas companheiras nesta fase. No terceiro ano começamos a fazer patrulhas externas, como as valquírias que me resgataram dos sequestradores. No quarto e último ano acontecem os jogos, um torneio onde as duplas de cadetes formandos enfrentavam umas as outras. As vencedoras recebiam armas feitas de bronze, mais leve e mais resistente que o ferro. equipamentos de bronze eram muito caros, somente nossa líder e as vencedoras dos jogos de cada ano possuíam tais armas. As que venciam também tinham seus nomes gravados na pedra da arena, um monumento que ficava na entrada do campo dos duelos, e tinham a oportunidade de enfrentar nossa líder Freya e sua parceira, Karen, que nunca foram derrotadas.

Escolhi o escudo e a espada por armas principais e as adagas como secundárias. Minha companheira se chamava Hilda, um ano mais velha que eu e mais alta. Ela tinha cabelos loiros, quase brancos, e olhos azuis. Sua arma principal era a lança e manejava arco e flecha como secundárias.

Os jogos aconteciam na arena, um anfiteatro de forma circular a céu aberto onde as pessoas assistiam da arquibancada os combates na areia. Como o objetivo não era o sangue e sim observar a capacidade de trabalhar em equipe que cada dupla desenvolveu durante os anos da formação, usávamos apenas réplicas de treino das nossas armas principais, eram lâminas sem fio.

Hilda e eu chegamos à final onde tivemos que enfrentar as lâminas gêmeas, Clara e Carla, e seu estilo super ofensivo. Eram gêmeas idênticas que usavam, cada uma, duas espadas para lutar.

- Algum plano? - perguntou Hilda.

- Eu defendo e você ataca. - respondi.

De um local privilegiado Freya e Karen assistiam todas as lutas sem demonstrar qualquer emoção como se nenhuma equipe as impressionasse.

- Comecem! - ordenou a juíza.

No mesmo instante as gêmeas vieram, uma de cada lado, giraram para aumentar a força de seus golpes mas este movimento me deu tempo para erguer o escudo bloqueando à esquerda e usar minha espada para defender à direita. Hilda saltou por cima de mim investindo contra a da direita atraindo sua atenção, aproveitei a oportunidade para golpear a lâmina sobre meu escudo e com um giro rápido, antes que minha adversária pudesse usar sua outra espada, atingi-a com o escudo atordoando-a por um breve momento. Senti a lâmina de sua irmã desviar a trajetória da minha quando estava prestes a finalizá-la. A outra gêmea arremessara uma de suas espadas interrompendo meu ataque. Escapei por um triz do contra-ataque da minha oponente quando esta se recompôs e cortou o ar ao cruzar suas lâminas na altura do meu abdômen.

A multidão estava eufórica mas Freya e Karen permaneciam sem expressão.

- Quatro lâminas - disse Hilda sem fôlego - é difícil de encarar.

- Só precisamos mantê-las afastadas uma da outra. - falei.

- Falar é fácil.

Uma das gêmeas correu em nossa direção tocando as pontas de suas espadas na areia, ela levantou uma poeira que nos impediu de enxergar sua irmã até esta surgir detrás daquela pegando impulso em seu ombro. Saltando com um giro mortal no ar ela nos atacou com as duas lâminas. Ao mesmo tempo em que eu usava a espada e o escudo para defender o ataque aéreo, Hilda rolou por baixo desta gêmea e surpreendeu a que vinha atrás firmando a base de sua lança entre seu pé e o chão, a 45º, deixando a vir de encontro a derrota, uma seta com ponta quadrada de ferro que não a perfurou mas com certeza provocou uma enorme dor.

O público foi ao delírio. Uma estava eliminada mas a outra ficou enfurecida e atacou de forma desesperada. Os golpes vinham de todas as direções sem padrão algum, muitas vezes adicionados de giros de corpo para potencializar o choque.

- Quer ajuda? - perguntou Hilda.

- Odeio seu sarcasmo. - respondi - Lança das sombras.

Lança das sombras é uma técnica que criamos. Hilda se posiciona atrás de mim e desfere uma sequência de golpes com a sua lança na altura da minha cabeça. Praticamos até que fosse impossível dar errado, por isso sou capaz de desviar de todas as estocadas de Hilda mas nosso adversário é surpreendido por uma lança que surge de repente na sua frente. Foi o que aconteceu com a última gêmea, que foi atingida pelo primeiro golpe, bem no meio da testa.

- Vencemos!

Hilda dava pulos de alegria.

- Saúdem as vencedoras deste ano. - a juíza anunciou - Hilda e Lenna!

A multidão aplaudia de pé enquanto pétalas de rosas vermelhas caiam na arena. Era tudo tão lindo e tive uma maravilhosa sensação de reconhecimento.

- O que acontece agora? - perguntou Hilda.

Olhei para onde estavam Freya e Karen e vi que elas estavam se retirando daquele local.

- Agora vêm elas.

R Martins
Enviado por R Martins em 30/01/2016
Reeditado em 26/03/2016
Código do texto: T5528014
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