ELE ME ODEIA - capítulo XXXVII

Dante e eu saíamos da pizzaria e passávamos pelo parque, a tardinha estava bem refrescante e crianças corriam na grama e brincavam na gangorra, enquanto seus pais compravam algodão doce. Andando abraçados, Dante e eu falávamos das coisas boas da vida, inventando sonhos e fazendo planos, eis que, inesperadamente, deparamo-nos com Júlia e ela parou diante de nós, com um olhar surpreso. Me senti como quando não sabemos como agir e meu coração estava inquieto, incomodado. Assim, olhei para ambos e falei:

- Eu... Vou comprar algodão doce.

Dei de ombros e fui até o carrinho de algodão doce, não sei por que tomei aquela decisão, só sei que preferi deixá-los conversando à sós.

[DANTE]:

Confesso que eu não esperava encontrar Júlia ali e que revê-la foi uma grande surpresa. Ela me olhava com uma certa timidez e tinha um sorriso singelo nos lábios, enquanto eu me mostrava bem calmo.

- Dante, que surpresa revê-lo.

- É, há tempo que não nos vemos.

- Olha, sei que na última vez que conversamos eu peguei um pouco pesado com você e... Eu queria muito, muito mesmo que me perdoasse.

- Você ainda lembra disso? Nossa, vamos esquecer. Pra que se preocupar com isso?

- Então não sente raiva de mim?

- É mais provável que você sinta raiva de mim (riso).

- Eu agi como uma boba, duvidei de você a todo tempo e...

- Só ficou chateada com minhas mentiras, teve motivos.

- Sim, mas, você se explicou e pediu desculpas e eu nem ao menos te dei ouvidos.

- Bom, isso ficou no passado, não foi? Não tem mais importância.

- É.

Disse Júlia, meio sem jeito, e colocou os cabelos atrás da orelha, e disse ainda:

- Podíamos marcar algum dia para conversarmos melhor, não seria bom?

Olhei para o lado, Iva estava sentada num banco e comia algodão doce com um baita desânimo, ao mesmo tempo que lambuzava os dedos e revirava os olhos. Sorri, e voltei o olhar para Júlia, que aguardava ansiosamente minha resposta. Então eu lhe disse:

- Júlia, estou verdadeiramente feliz por você ter me compreendido e ter me pedido desculpas, mas, durante este período eu acabei descobrindo muitas coisas, que me serviram de lição, e também aprendi que devemos investir naquilo que nos faz bem e não no que vive nos culpando, mesmo que tenhamos errado. Bom, eu agradeço seu convite mas, acho que é melhor mantermos tudo como está e cada um seguir para o seu lado. Eu já sei de quem eu preciso e estou muito feliz assim, ela me faz feliz e sinto que deveras nos amamos, eu e Iva.

- Então vocês estão juntos?

- Sim.

- Então era verdade que vocês estavam noivos?

- Não, não era verdade, e pelo visto você ainda não acredita em mim. Bom, isso não importa, só espero que você encontre alguém que realmente te satisfaça. Ah, outra coisa, eu nunca gostei de teatro, me dá sono.

Dei as costas para Júlia, com um sorriso largo no rosto, e fui me sentar ao lado de Iva, pegando um pedaço de algodão doce e comendo.

- Está tudo bem?

Iva perguntou, e eu disse:

- Sim, Júlia só queria me pedir desculpas.

- Sério? E... Você o que disse?

- Que pra mim tanto faz como tanto fez.

- Hhmm...

Iva olhava para o horizonte, quando segurei seu rosto e olhando no fundo de seus olhos falei:

- Sinto que estou te amando tanto...

Ela me demonstrou aquele sorriso meigo e disse:

- Eu também te amo.

Derreti um pouco de algodão doce na boca e dei um beijo bem gostoso em Iva, eu tinha sede insaciável de seus lábios e não conseguia deixá-los, só almejava mais e mais aquela boca na minha. Eu percebia uma mudança em mim, mais maturidade... Depois de ter quase perdido Iva, aprendi a não mais brincar com seu coração, a retribuir seu imenso amor com o meu amor e não magoá-la.

[IVA]:

Dante me levou até em casa e precisou voltar, pois seus pais já iriam viajar na manhã seguinte e ele queria aproveitar aqueles últimos instantes em que ainda estavam ali. Nos despedimos com mais um beijo e eu entrei e tranquei a porta, levando em seguida um tremendo susto de meu tio, que parecia muito entusiasmado.

- Ivinha, queridinha! Já chegou? Está bem? E Dante, como está? Espero que esteja muito bem.

- Nossa, o que houve para o senhor estar tão animado?

- Adivinha.

- Ganhou uma viagem para o Haiti?

- Isso não me deixaria feliz.

- Mas eu sim.

- Mas não foi isso que aconteceu.

- Então?

- Eu e Paloma nos beijamos.

- Não acredito. Sério?

- Unhum.

- E como foi?

- Boa noite, Iva.

- Ah, tio, conta!

- 1, 2, 3, 4...

Continua...

Lyta Santos
Enviado por Lyta Santos em 21/12/2015
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