ELE ME ODEIA - capítulo XXXIII

Quando eu e meu tio conversávamos na mesa de jantar, após termos terminado de comer, meu celular tocou sobre a estante da sala e eu pedi licença e me retirei da mesa para atender. Vibrei de felicidade ao ver o nome de Dante na tela do celular e atendi, ao passo que ia subindo a escada para o quarto.

- Alô?

- Boa noite...

- Boa noite, Dante.

- Tudo bem com você?

- Tudo bem, obrigada. E com você?

- Tambèm. Sei que pedi para você me iigar mas, eu te liguei porque... Ah, porque eu quis.

Sorri, e Dante continuou:

- Lucas me ligou agora a pouco e disse que a polícia esteve revistando o apartamento e sabe o que eles encontraram nas coisas de Marcelo?

- O quê?

- Droga.

- Droga? Dante, isso é sério?

- Seríssimo. Aí eu perguntei pro Lucas se ele também estava envolvido nisso, porque a gente é como irmão e conta tudo pro outro, mas ele disse que não, que em nenhum momento experiimentou a droga, mas que viu Marcelo esconder algo numa mochila.

- E será que faz muito tempo que Marcelo está usando drogas?

- Eu acredito que não, mas a polícia vai saber e Marcelo vai explicar.

- Só espero que ele já não esteja viciado e que se recupere.

- É. Mas, mudando de assunto... O que você estava fazendo?

- Nada, só pensando.

- Pensando? Humm... Em mim? Haha...

- No que aconteceu.

- Hhmm... Então vamos esquecer um pouco isso. Me diz, está afim de um passeio amanhã?

- Passeio?

Perguntei vivaz, e Dante respondeu:

- É, a gente, sabe, eu e você, podíamos fazer uma visitinha a um lugar que nunca fomos.

- Ao jardim botânico?

- Eu estava pensando numa cachoeira, mas, tudo be...

- Não, pode ser! Seria legal.

- Então, que acha de amanhã à tarde? Vamos ser liberados.

- Ótimo! Digo... Pode ser.

- Ok, prepara a roupa de banho, de preferência uma bem curtinha. Brincadeirinha...

Estonteante! Que seria mais perfeito que passar a tarde de quinta-feira se banhando numa queda d'água, só eu e Dante? Por isso, passei a noite toda ansiosa para o próximo dia, torcendo para que o sol prontamente nascesse e mal consegui dormir em tanta aspiração. Até que o dia amanheceu e pulei da cama direto para o banho e depois desci para o café da manhã. Enquanto eu comia, tio Ricardo ainda estava descendo para a cozinha, porquanto eu havia me adiantado.

- Levantou mais cedo hoje, Iva.

- Pois é. Pra que ficar tanto tempo na cama, né? A vida é tão linda...

- Humm... Vai visitar sua avó hoje à tarde?

Voltei ao meu estado sério, pensando em como a vida era traiçoeira.

- Hoje à tarde?

- É, você não vai sair da empresa mais cedo?

- Sim, vou...

- Eu iria com você mas, não vou sair tão cedo, posto que sou o segurança, então...

Eu ia dizer à ele que não poderia visitar minha avó, porque tinha um compromisso, mas, aí ele ia querer saber que compromisso era esse, aí eu ia contar uma mentira, só que ele não iria acreditar e eu acabaria contando a verdade, então ele encheria meus ouvidos com um monte de coisas. Por isso achei mais apropriado não dizer nada e resolver tudo depois. Chegamos na empresa e abri a porta do carro e desci, já tio Ricardo permaneceu sentado e com os olhos fixados no horizonte. Olhei para frente e vi Paloma saindo do carro de seu primo e acenando para ele.

- Relaxa, é só primo dela.

Falei para me tio, visto que ele estava possuído pelo ciúme. Corri para alcançar Paloma e lhe contar as novidades, mas, encontramos Dante, lindo, atraindo meu olhar apaixonado, e Lucas, na porta de entrada e eles conversavam. Como Paloma parou para saber o que Lucas dizia, também parei, e Lucas falou:

- Marcelo pegou dois anos de prisão, mas já contratamos um bom advogado.

- E quanto à droga? Ele usou mesmo?

Paloma perguntou, e Lucas respondeu:

- Ele passou por um exame e foi constatado que estava sobre efeito de droga e que usou por uma semana ou menos. Quando já estava consciente, Marcelo também confessou que havia bebido antes de abordar Iva e Dante na empresa.

- Caraca, Marcelo vacilou dessa vez.

Disse Dante, e eu o observava prestativamente, quando falava. E Lucas concluiu:

- Mas ele vai ficar bem e logo vai tá de volta com a gente. A tia Margareth pede desculpa a vocês pelo que Marcelo fez.

- Tudo bem, o importante é que ninguém se machucou.

Eu disse.

- É. Falô pessoal, agora eu tô indo vê Marcelo com a minha tia. Falo com vocês depois.

Lucas disse, se despedindo de nós. Depois disso, Dante me olhou e me chamou pro canto, então Paloma entrou na empresa e nos deixou a sós.

- Então tá mesmo tudo certo, não é?

Dante perguntou-me, no que mordi os lábios, e com um ar de incerteza falei:

- E-está.

- Ok. Então me espera antes de sair da empresa.

- Está bem.

Quando cheguei em minha mesa, fiquei a filosofar, com uma expressão preocupante. Paloma sempre percebia quando tinha alguma coisa me incomodando e foi falar comigo.

- Algum problema, Iva?

- Dante me convidou para um passeio.

- E você não deveria estar feliz?

- E estou.

- Então eu não quero estar feliz.

- É que eu deveria visitar minha avó hoje à tarde e Dante quer sair comigo hoje à tarde.

- Ah, já entendi, está dividida entre as duas coisas. Bom, se você for visitar sua avó vai perder um tão almejado encontro com Dante e ele vai ficar chateado e pode ser que nunca mais te convide para algum lugar, já sua vó ficará feliz em vê-la, ou talvez não, visto que ela não mais te reconhece. Mas, se você for com Dante, vai realizar um grande sonho, vai se divertir e quem sabe até beijar bem muito! Mas, vai deixar sua avó muito triste, ou talvez não, visto que ela não mais te reconhece.

- Então, o que acha que devo fazer?

- Deve ir com Dante. Não, deve ver a sua avó. Não, Dante! Não, sua avó! Ah, não sei.

- Já sei o que vou fazer.

- O quê?

- Assim que formos liberados do trabalho, vou dizer a Dante que terei que ir rapidinho na... Na farmácia! Aí eu corro para ver minha avó, fico um tempinho com ela e depois volto rapidinho para o passeio com Dante.

- Sei não...

- Acha que Dante vai achar ruim?

- Se você não demorar muito talvez ele não ache.

- A vó Esmeralda não conversa tanto comigo. Só vou mesmo ver como ela está e abraçá-la.

- Tá, mas você esqueceu de um pequeno detalhe...

- Qual?

- Seu tio Ricardo.

- Não esqueci não. Você vai distraí-lo.

- O quê? Eu?

- Ah, Paloma, é só enquanto eu saio com Dante da empresa.

- E eu vou ter que esperar todo esse tempo?

- Vocês sempre conversam bastante, e aposto que esse favorzinho até lhe será favorável.

- Bom...

- Vai, diz que sim! Vai!

- Tá bem, tá bem! Mas se caso ele descobrir tudo depois e souber que fui cúmplice...

- Isso não vai acontecer, até porque, quando meu tio está ao seu lado não enxerga mais nada em sua volta.

- Que exagero.

- Verdade! Então está tudo certo. Fique atenta quando eu voltar da "farmácia" e for saindo com Dante.

- Ai, ai... Só porque você é minha melhor amiga.

Continua...