ELE ME ODEIA - capítulo XXXI

[DANTE]:

Não me importei com nada do que me disse Marcelo, deixei que ele fosse embora com sua cólera e em seguida eu saí, mas o brutamontes que fazia guarda não perdeu a oportunidade de me perturbar, então fez pose de valentão e perguntou:

- O que você queria com Iva?

Soprei um ar de chatiação e, batendo com a ponta dos dedos na tela de meu relógio de pulso, que ganhei de minha linda Iva, falei:

- Cara, eu tenho mais o que fazer.

- Não se preocupe, dessa vez eu não vou te bater, só quero te lembrar que você está sob minha observação, entendeu?

- Unhum, sob sua observação, não é? Entendi.

Dei de ombros e entrei no carro, à medida que o imbecil repetia:

- Tô de olho em você, de olho.

Agora que eu sabia que Iva rejeitara Marcelo, queria conquistá-la, deixá-la mais apaixonada ainda por mim, pois eu acreditava que ela ainda me gostava muito e que não me esquecera. Pensei nela a noite toda, deitado na cama, sem conseguir dormir, após ter ligado para ela umas três vezes e esta não ter me atendido. Tudo bem, amanhã eu daria um jeito de falar com Iva, nem que fosse preciso prendê-la em meus braços. Antes de fechar os olhos e me render ao sono, o celular tocou. Peguei-o rapidamente, imaginando que fosse Iva me retornando a ligação, só que não era ela, e sim Lucas, um camarada meu e primo de Marcelo e os dois dividiam um apartamento.

- Manda, Lucas.

- Cara, liguei pra te perguntar se o Marcelo falou com você e se disse que ia pra algum lugar.

- Não, ele não disse, quer dizer, a última vez que falei com ele foi hoje antes de sair da empresa, mas ele não disse nada. Por quê?

- É que ele sumiu, não apareceu aqui em casa até essa hora. Liguei pro celular dele, mas só dá caixa postal.

- Mas será que ele está com alguém?

- Sei lá, cara, o Marcelo nunca foi de passar tanto tempo sem voltar pra casa.

- Estranho... Mas fica tranquilo, com certeza ela volta amanhã ou até essa noite ainda.

- É, pode ser. Valeu, mano, vou esperar mais um pouco.

Lucas desligou e eu fiquei pensativo, na cama, relembrando de como Marcelo saiu nervoso da empresa e do que me disse. Mas ele era tranquilo, logo voltaria para casa, talvez um pouco embriagado, mas voltaria.

No seguinte dia, na empresa, perguntei ao pessoal se Marcelo havia aparecido e disseram que não, liguei para Lucas e ele disse que ainda não tinha notícias de Marcelo, o que era muito intrigante. A notícia chegou aos ouvidos de Iva e, por alguma razão, ela foi ter comigo.

- Dante, por acaso você e Marcelo tiveram alguma discussão ontem, ou algo o transtornou?

- Por que você acha isso? Está achando que Marcelo desapareceu por minha culpa? Já sei, acha que eu matei ele (riso).

- Isso não é engraçado, Dante. Marcelo pode ser calmo, mas quando se irrita ninguém sabe do que é capaz.

- Nossa, quanto drama. Não deve ter acontecido nada demais com ele. Simplismente, deve ter bebido muito e amanhecido dentro de alguma caçamba de lixo.

- Hhmm...

- E não sei por que está me culpando, foi a senhorita que acabou com as esperanças dele.

- Acha que foi isso que o fez sumir?

- Não, acho que não... Marcelo não gostava tanto de você, não tanto quanto eu.

Iva me fitou com incompreensão e começou a caminhar de um lado para o outro, tensa. Tentei abraçá-la, só que seu tio passou por nosso lado e, com um olhar de espionagem para mim, ele murmurou:

- De olho, de olho...

Eu teria era furado o olho dele, mas, respeitando o ambiente de trabalho, tomei distância de Iva e fui para meu lugar, obedientimente.

Às cinco horas daquela tarde, eu ia saindo do trabalho, mas procurei por Iva para me despedir dela, na verdade, eu queria conseguir um beijo seu. Ela saía do banheiro, fazendo biquinho e amassando os lábios, era fácil perceber que ela retocara o batom, que logo logo eu retiraria.

- Iva... Já vai?

- Sim.

- Posso te dar um beijo de despedida? Na bochecha.

Ela me olhou, meio que insegura, mas me mostrei verdadeiro e lhe beijei na bochecha. Iva ia dar um passo para o lado, contudo, segurei seu queixo, na intenção de beijar seus lábios, porém, ela baixou a cabeça e eu sorri, murmurando:

- Deixa eu te beijar, hã? Tenho tanta vontade de fazer isso... Me diz: eu posso?

Iva levantou a cabeça e, docemente, respondeu:

- Não.

- Deixa...

- Nãnão.

- Deixa, amor...

Mesmo ela negando, se entregou. A beijei com muita ternura, lentamente... Depois fomos nos aprofundando mais, num beijo delicioso. Quando nossos lábios se desgrudaram, os olhos de Iva estavam perdidos em minha boca e repletos de cores e magia, como os meus. Seu beijo tinha sabor de mel e me deixava completamente rendido à ela, eu poderia fazer o que Iva quisesse, ela podia me pedir qualquer coisa, eu me rendiria, faria tudo.

- Não devia ter feito isso.

Ela disse, no que falei:

- Tudo bem, eu te perdoo.

Ela meneou negativamente a cabeça e disse que precisava ir, no entanto, eu puxava-a, de mansinho, pelo braço, pedindo para que ela me desse só mais um beijo, achava engraçado quando ela me ignorava e repetia que não e não.

- Ok, ok... Vai, me deixa aqui chorando, sofrendo por você...

- Dante, já chega.

- Só mais um beijo.

- ...

- Só um.

- Marcelo?

Me virei, descobrindo porque Iva havia se surpreendido, Marcelo surgiu subitamente atrás de mim e estava com uma aparência espantosa! Cabelos bagunçados, olhos vermelhos e roupas desajeitadas. Eu ia me aproximar dele para perguntar o que aconteceu, mas foi quando o mesmo apontou para o banheiro feminino, visto que estávamos bem de frente, e disse:

- Entrem, agora.

Estranhei e pensei em contradizê-lo, foi quando este me surpreendeu com uma arma que tirara do casaco que vestia e percebi que o problema era grave.

Continua...

Lyta Santos
Enviado por Lyta Santos em 13/12/2015
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