ELE ME ODEIA - capítulo XXX

Olá, recantistas, quero desculpar-me pela tardância de publicar esse próximo capítulo, por razão de que um familiar meu estava infermo e foram momentos tensos. Mas já está tudo bem, graças a Deus, e eu estou de volta, dando continuidade a essa história e, se necessário, releiam o capítulo antecedente (XXIX) para que possam relembrar os fatos. Agradeço demasiado aos leitores que estão acompanhando a história!

Depois de um tratado de paz, meu tio chamou-me para que fóssemos embora e eu consenti, mas Dante segurou meu braço, olhava-me suplicante e sua voz suou abafada quando me falou:

- Espere, Iva, eu preciso saber do que você...

- Depois nos falamos, Dante, estou indo para casa. Tchau.

Olhei para ele de maneira piedosa, mas acabei dando-lhe as costas e entrando no carro de meu tio. Olhei pela janela e Dante passava as mãos nos cabelos e mostrava-se agoniado, então, preferi afastar meus olhos dele, antes que se enchessem de lágrimas. Pelo menos eu havia obstruído uma briga entre os dois e isso facilitaria a convivência de ambos na área de trabalho.

Passado aquele dia e de volta ao trabalho, Paloma veio me contar, assim que cheguei na empresa:

- Iva, vai falar com Dante, por favor.

- Para quê?

- O pobrezinho está com o coração na mão e quer porque quer que eu diga o que você respondeu a Marcelo, mas eu já disse que não sei... Aliás, o que você disse?

Me sentei e Paloma puxou outra cadeira e sentou frente a mim, estava ansiosa para saber e me fitava com um olhar suplicante. Então, pacificamente, eu disse:

- "Não", eu disse "não".

- Não? Então você...

- Recusei o pedido de Marcelo.

- Sério?

- Brincadeirinha! Ha, ha, ha! É claro que é sério.

- Puxa, Dante vai adorar sa...

- Não quero que conte nada a ele.

- Como é? Por que não, Iva?

- Porque não.

- Ah, deixa de ser maléfica, condessa Drácula! Dante, tadinho, está quase desmaiando, Iva, estou sentindo pena dele.

- Sinto muito.

Paloma se punha de pé e, com um ar debochado, disse-me:

- Isso não se faz, está pagando com a mesma moeda! Coisa de gente vingativa, vingadora... sei lá!

Sacudi os ombros e Paloma me observou, com um olhar de advertência e eu a menosprezava. Ela falou:

- Está bem, criaturinha rabujenta, eu não vou contar a Dante, mas também não venha me pedir consolo quando se arrepender e ele já tiver se apaixonado por uma italiana bem mais bonita que você.

Ela me deixou sozinha em meu canto, a refletir, entretanto, eu a conhecia bem e não tardaria a ela abrir a boca e dizer tudo a Dante, pois, salgadinhos e novidades eram as duas primeiras coisas que a faziam dar com os dentes. Vi Marcelo chegando, estava demasiado absorto, desanimado, e envergonhei-me para encará-lo, me manti de costas para ele, até que o mesmo passasse por mim e se afastasse. Olhei de lado e percebi como Marcelo desprezava tudo ao seu redor, os amigos, os inimigos, todos! Eu não esperava que ele fosse ficar tão sentido com o que ocorreu, ele só me pediu em namoro e eu disse que não, qual o problema? Pois é, talvez ele estivesse mesmo gostando de mim, ou talvez não... E depois disso, sem dúvidas, estaria me odiando e logo me esqueceria, é, ele esqueceria.

[DANTE]:

O mundo se calou para mim, a favor de Iva. Caramba, como aquilo estava me doendo. Abordei mais uma vez Paloma e falei:

- Vi você conversar com Iva, ela disse alguma coisa sobre a droga do encontro ou não?

Paloma se entupia com porcarias embaladas em saquinhos nada ecológicos e me negava qualquer palavra, me deixando mais nervoso, afim de fazê-la vomitar todas aquelas porcarias.

- Me responde, Paloma!

- Ela não me disse nada.

- Eu sei que disse, ela te conta tudo.

- Mas dessa vez não me contou. Agora, dá licença que eu preciso trabalhar.

- Como se você soubesse o que é isso.

Numa ida ao banheiro, dei de cara com Marcelo, que me lançou um olhar de inimizade e disse com ignorância:

- Parabéns, você conseguiu o que queria, destruir as minhas esperanças com Iva. Satisfeito?

- Ei, calma aí! Dá pra ser mais claro?

- Ela me deu um fora, seu idiota. Ficou claro agora?

- Então quer dizer que... Que você e Iva não estão namorando?

- Fica achando bom, não é?

- Não... Sabe, eu até sinto dó, sempre achei que ela gostava tanto de você.

Falei com escárnio, colocando a mão no ombro de Marcelo e rindo para ele, mas este se afastou de mim, enfurecido e bateu a porta do banheiro, ao passo que eu me olhava no espelho, eufórico. Ajeitei a gola da camisa e voltei para minha mesa, otimista, o inverso de Marcelo, que estava feito um vulcão em erupção, com uma ajudinha minha, claro. Concluido mais um dia de trabalho, esperei Iva se levantar para sair e fui atrás dela, parando-a próxima à porta da empresa.

- Iva, Iva... Eu posso falar um minutinho com você?

- Estou indo embora...

- Eu entendo que você queira me evitar, mas, é bom lembrar que ficamos quites, você me feriu, eu te feri, então...

- O que você quer?

O tio de Iva estava na portaria, conversando com Paloma, e certa vez em que olhou para trás viu que eu estava junto a Iva e isso bastou para que ele deixasse Paloma esperando um pouco e fosse nos incomodar.

- Algum problema, Iva?

Ele perguntou, me encarando com um olhar suspeito e Iva respondeu:

- Não, eu já estou indo para casa.

- E o indigente aí o que quer?

Joguei meu olhar raivoso para ele e ralhei:

- Quem você chamou de indigente?

- Deixa pra lá.

Iva não deixava que nos estranhássemos novamente e também já havíamos aprendido, mas era difícil resistir às provocações daquele gorila.

- Dante vai ser breve, não é, Dante?

Disse Iva, e eu falei:

- Tentarei, é só ninguém ficar nos interrompendo.

- Pode voltar para lá, tio.

Ele concordou, mas me deixou bem claro de que ficaria de olho. Iva e eu Voltamos a ficar sozinhos e eu fui direto ao assunto:

- Por que você recusou o pedido de Marcelo? Era a chance de se vingar de mim.

- Ah, não, Paloma...

- Não, Paloma não me disse nada e nem importa quem foi. Só quero que saiba que fez a escolha mais inteligente que poderia ter feito.

- Ah, é? E por quê?

Me aproximei de Iva e sussurrei em seu ouvido:

- Porque eu sou seu e você vai ser só minha.

Ela deu uma pequena risada, um pouco irônica e, em meu ouvido sussurrou:

- Se eu fosse você não ficaria tão confiante, fiz Marcelo cair aos meus pés e depois o rejeitei. Posso fazer o mesmo com você.

Dessa vez, fui eu quem sorriu e disse mais no ouvido de Iva:

- Você pode tentar, amor, e eu até posso cair aos seus pés, mas você me rejeitar... Humm... Eu duvido.

Iva se distanciou de mim e deu de ombros, foi aí que eu falei:

- Eu não esqueci seus beijos! Tampouco quando estive em sua casa e você cuidou de minhas feridas!

Ela recuou de imediato e me pediu sigilo, dizendo:

- Fale baixo, ou meu tio pode escutar!

- Pouco me importa.

- Tchau.

- Vai assim, sem nem me dar um abraço de despedida?

Ela me fitou com discordância e se foi. Subitamente, Marcelo apareceu por trás de mim e ficamos nos olhando, estranhamente, até ele perguntar:

- Você esteve na casa de Iva?

- Foi só uma visitinha.

Respondi, em modéstia, no entanto, ele soprou um ar de ira e voltou a me interrogar:

- Quando foi isso?

- Hum.

- Quando foi isso?

- Há alguns dias atrás.

- Há alguns dias atrás? Há alguns dias atrás?

- É, há alguns dias.

- Você sabia que eu pretendia algo com Iva e ainda teve a coragem de procurá-la? Seu filho da mãe!...

- Eu já disse que só foi uma visitinha, qual o problema?

- O problema, Dante, é que eu te conheço muito bem e sei que se você vai atrás de Iva não é só com a intenção de fazer uma humilde visitinha.

- Deixe disso, Marcelo, nós sempre fomos amigos e não precisamos ficar discutindo por causa di...

- Nunca mais mencione a palavra "amigos"! Não sou mais seu amigo e nem pretendo voltar a ser amigo de um filho da...

- Olha aqui, não adianta ficar me xingando, você sabe que Iva nunca gostou de você, que sempre foi apaixonada por mim! Você quis a resposta e ela te respondeu, agora se contenta.

- Você é um canalha mesmo, Iva só deve ser cega pra gostar de você, cega!

- Quer saber? Achei bem feito Iva ter te dado um fora! E eu estive sim na casa dela e a beijei, e quer saber mais? Ela adorou.

Marcelo quis partir para cima de mim, mas o chefe estava saindo e ele se conteu, só que me olhou ferozmente e disse:

- Você ainda vai pagar muito caro, muito caro!

Continua...

Lyta Santos
Enviado por Lyta Santos em 12/12/2015
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