Face de um reino

Face de um reino

“Face de Um Reino define um caminho, onde podemos trilhar sem medo, acreditando apenas que, com auto estima no poder e na capacidade sobre o amor. Poderemos assim fazer grandes descobertas. Como voar cada vez mais alto, escalar picos, caminhar sobre as águas do mar, ou se proteger das nuvens fecundas se abrigando apenas debaixo da ponte que se liga ao céu azul, cinza ou cor de mel; pincelar a terra com as cores do arco-íris, enfim dizer: “Te amo”. E surpreender alguém”.

Face de um reino coloca também uma conquista natural de seres, que buscam o encanto e a certeza da felicidade na própria natureza.

São por esses caminhos que agora; Haví e Quíria nos conduzirão.

Longe do temor eles caminham... E acreditam ser capazes, pois, já carregam consigo a preciosa semente plantada no mais íntimo de um ser... Se vão à procura de um lugar distante, porém esperado.

Face de um reino retrata seu aspecto vegetal, de beleza, seu lado flor, seu lado riqueza e dor... Uma dessas faces é observadora natural dos encantos que a natureza pôde preservar longe das mãos humanas.

A outra face recai sobre o idílio renascido de uma jovem, fruto do amor de um casal de camponeses, que antes mesmo de conhecer todas essas belezas herdadas, todo patrimônio conquistado já acreditava e vivia a grandeza do amor. Nossa jovem enfrentará a tristeza... A dor, solidão e amargura... E se enveredara a procura e ao encontro do amor.

Amor este que se apresentara a ela por meio dos sofrimentos. Transformando a esperança num fio de felicidade.

Leva nossa pequena Droly a lutar contra a maior inimiga de todos os seres. A morte.

Caro leitor,

Viaje pelo mundo do Reino de Droly.

Entre nesta aventura. Será uma viagem repleta de conhecimentos e novas e contagiantes descobertas

Deixe sua imaginação fluir e levar-se pela emoção.

Vale a pena conhecer...

O sol se escondia por detrás das montanhas e logo depois nuvens escuras tomavam o seu lugar. Um casal de camponeses observava aquela mudança no horizonte e se apressavam em encontrar um lugar seguro para se proteger da chuva, que logo viria.

Viajavam a dias procurando um lugar para morar. Era certo encontrar grandes habitações desocupadas e esquecidas, porém nada se comparava ao que nos seus íntimos buscavam. Teria que encontrar logo este lugarzinho...

Tinham um sonho... Que este lugar não fosse apenas diferente e seguro, mas que selasse para sempre o valor do ser humano como sendo originário da mais perfeita criação divina.

Haví acreditava com eloqüência de usufruir nesta vida junto a Quíria de todos os benefícios e belezas a que tinham direito. Assim eles descrevem uma espécie de sonho que perdure por gerações inteiras.

Mas na realidade mesmo... Eles acreditavam era em um paraíso terrestre... Considerando a determinação de viver numa terra prometida, habitada por seres apaixonados pela natureza, pela beleza do horizonte, em cada cair da tarde, por sempre mais um por do sol pela gratuidade do ar. Em fim, pelo próximo, próximo é pelo próximo distante que um dia viria.Pensando assim saíram de suas terras, passando dias e noites, acampando em vários lugares, e cavalgando por terras desconhecidas.

Além de seus sonhos. Haví levava também, uma grande esperança; à de encontrar este lugar encantado, onde pudesse nascer o seu primeiro filho... ou filha o que sempre esteve em seus planos desde que conhecera seu grande amor.

E assim continuavam a viajem em busca desse reino imaginário...

Em três diligências, levavam: provisões para uma grande viagem.

Haví e Quíria formavam um bonito casal, fortes e destemidos, não temiam por dificuldades, apesar de não conhecerem as terras por onde passavam eles não esmoreciam, e acreditavam cada vez mais em alcançar seus objetivos...

Havia sim, de encontrar um bom lugar logo mais à frente.

O mal tempo obrigou aqueles dois camponeses a parar e se acomodarem por ali mesmo junto às rochas; estas formavam um muro, entre eles e uma extensa área verde.

Ali parecia não haver mais nada e nem ninguém além deles. Haví rapidamente armou uma grande barraca, soltou os animais e foi ajudar Quíria a preparar a comida. Sentiam-se protegido ali entre aquelas rochas, pois sabiam que o tempo lá fora estava cada vez mais encoberto por nuvens cinzentas e espessas, prontas a despejar um forte aguaceiro a qualquer momento.

Cansados como estavam adormeceram e nem perceberam quando veio a chuva.

No dia seguinte. Haví foi o primeiro a acordar; despertado por um leve canto de pássaros, notou que havia amanhecido.

O dia nascia lindo naquele lugar, ele percebeu que durante a noite havia chovido muito durante à noite. O cheiro forte de terra fresca convida-o a sair e dar uma voltinha ao redor.

Enquanto isso Quíria dormia mais um pouquinho. Haví se deteve a observar Quíria. Sua coragem, seu desprendimento. Ali dormindo expressava um semblante sereno pouco preocupado com os últimos acontecimentos desde seu casamento.

Uma bela jovem camponesa como Haví, de estatura alta, com traços finos e perfeitos, pele clara, e uma cabeleira loura a faziam realmente digna de um trono no coração de Haví, que muito a amava e sempre a chamava de “minha rainha”. Assim, onde quer que fosse Quíria nunca mudava os seus costumes e sua austeridade; ela vivia o mesmo sonho de Haví... E assim após muito admirá-la fechou a barraca e saiu.

Caminhou um pouco por detrás daqueles rochedos, que mais pareciam uma muralha a guardar um imensurável tesouro.

“Interessante, se pôs Haví a pensar: Recostado aquela pedra; Como pode a natureza esculpir uma bela arte numa matéria tão rude como esta, parece mais uma escultura, dá até para morar numa entre - rocha como esta.”.

De repente com um olhar curioso descobriu algo que o levou a ousar mais um passo em direção ao que não acreditava ver. Estava diante de uma fenda, entre aberta com uma passagem para o interior do que mais parecia ser uma extensa caverna.

Haví seguiu levado por aquele caminho, e logo mais a frente deparou-se com um imenso vale - verde; olhou tudo perplexo, com um agradável arrepio de excitação, ficou ali ainda por alguns segundos a observar aquele lugar fantástico.

Depois não se contendo mais voltou correndo sem nem mesmo ter percorrido todo o lugar e foi contar a Quíria sua grande descoberta. Parecia criança, tentava contar o que vira de uma só vez, mas não conseguia, Quíria tinha que ver.

A jovem ficara impressionada com tudo que estava vendo. Um panorama que se descobria a sua frente. Deixou então seus olhos percorrerem aquele labirinto formado por penhascos e rochas de todos os tamanhos e formas possíveis. Cobertas por um lençol branco mesclado de verde. Logo na entrada, viam-se os primeiros arvoredos enormes no caminho; ficaram apaixonados por aquela visão, Quíria então ficou impressionada. Voltaram então ao lugar que estavam suas coisas e os animais, arrumaram tudo e voltaram para o “bosque”, este fora o nome que Haví dera ao lugar naquele momento. “Bosque”...

Quíria estava encantada, seus olhos brilharam de alegria, seu coração palpitava nunca vira antes nada igual e pensar que dormira ali do outro lado, tão perto de toda aquela beleza...

Desde que saíram de suas terras, a sorte os acompanhavam. Haví, homem culto, acreditava que Um Ser infinito, perfeito, criador do Universo reinava sobre eles fazendo-os merecedores das muitas maravilhas que a vida os proporcionava. Dando-lhes saúde alegria é um propósito. Viver a felicidade.

Quíria demonstrava entusiasmo o que combinava em tudo com aquele lugar.

Com um largo sorriso nos lábios segurou as mãos de Haví e disse-lhe:

-“Vamos querido! Acredito que encontramos o lugar que procurávamos. Aqui será o nosso paraíso”.

E assim, à medida que iam pisando aquela grama verde, sentiam uma saudação fértil de uma terra firme e virgem. Continuaram a andar e por trás de cada arvoredo uma surpresa.

Logo lhes veio ao encontro uma brisa perfumada seduzindo-os cada vez mais; e convidando-os a penetrarem naquele misterioso lugar.

Andaram, andaram e ainda não tinham encontrado o jardim responsável por aquele perfume todo e já ouviam ao longe o som das águas batendo nas pedras, podiam jurar que estavam à beira de uma enorme cachoeira. Andaram mais um pouco e não viram nenhuma. Mas agora tudo lhes era familiar. Aquele perfume de flores sem jardim e o som das águas de uma cachoeira invisível. Tudo ali era muito misterioso eles pararam com a certeza de encontrarem o jardim e a cachoeira

Haví virando para Quíria disse:

- O que está achando de tudo isso querida?

- E Quíria mais apaixonada do que nunca, olhou nos olhos de Haví e como uma declaração lhe disse:

- Querido, se eu não o amasse como verdadeiramente o amo, ficaria agora mesmo apaixonada por você neste lugar, pois aqui ao teu lado me sinto completamente feliz e realizada.

Enquanto trocavam carícias e faziam promessas de amor, uma nuvem de pássaros se formara no alto de suas cabeças. Eram os únicos a testemunhar aquele sentimento mútuo de amor e ternura. Foram seguindo os pássaros com os olhos até sumirem de suas vistas. E tudo que puderam ver mais adiante foi a maravilhosa cachoeira deitando sua águas em um lindo lago dourado que irradiava os fortes raios do sol refletindo o azul do céu. Não tinha mais nada a que comparar tanta beleza. Foi ai que Haví notou que de onde estavam lá atrás, o barulho das águas eram bem maior e com certeza em outra direção haveria de ter uma enorme cachoeira ou talvez muitas outras...

Foram descendo devagar até chegar à beira do lago. Não demonstravam medo algum. Em seus rostos via-se apenas desejo de exploração.

Haví procurou ficar junto ao lago formado por pedras cristalinas. Ali se sentiu invadindo uma propriedade quando de repente se deparou com um cardume multifário que ia de um lado ao outro do lago feliz, mesmo depois de notar à presença deles.

Quíria pôs-se a observar enquanto Haví olhava para as águas e exclamava. “Engraçado! Estou sentindo algo estranho percorrendo meu corpo, um certo fascínio ... este lago é diferente dos demais que já vi, ele atrai e delicadamente me convida a permanecer aqui por mais um tempinho.

Com a imaginação solta, nem percebeu que Quíria o chamava. Venha querido! Vamos procurar, deve haver uma casinha neste maravilhoso lugar.

Após andar mais alguns minutos percebeu no imenso arvoredo várias árvores frutíferas de quase todas as espécies Estavam naquele momento debaixo de um Jaboticabal que mais parecia tapete de bolinhas de vidro pretas, brilhando de baixo daquele enorme tronco.

“Quem passa naquela estrada ao longe jamais poderá imaginar o que aquelas rochas escondem”.

Um dia, pensava ele, alguém iria lhe contar o mistério que envolve aquele lugar. E por um breve momento acreditou que o que estava vendo tinha base entre os restos existentes das grandezas passadas.

O lugar era imenso, difícil até de descrevê-lo. Logo Haví se concentrou num canteiro que parecia dividir em quatro partes iguais aquele lugar. Ele rapidamente mentalizou, como se estivesse ajudado a construí-lo. E assim virando-se para Quíria acenando com o braço disse:

- Temos deste lado o Norte e o Sul, e do outro o Leste e o Oeste. Vamos primeiro para o Norte!

Agora em silêncio andava ao lado de Quíria. Quando, de repente deu um salto de alegria passou à frente da amada recitando, e como um grande poeta dizia:

-”O que mais posso ofertar-te minha rainha”?... Além do meu infinito amor oferto-te estas terras que agora, serão nossas. Prometo te amar até que a morte nos separe.

Aqui também quero ver reinar a nossa sementinha.

E nesse clima de poesias e delírios, foram atravessando um muro de arbustos, e se depararam com uma construção de três grandes andares, que se estendia a frente deles, e mais parecia um enorme palácio no meio daquela floresta,

Não era nenhuma construção no estilo gótico, mas se erguia em direção aos céus.

Pensaram:

“Era de se esperar, um lugar como aquele só podia ser à morada de algum rei solitário”.

Haví e Quíria sentiram-se pequenos diante de tamanha grandeza.

Mas a proporção dos acontecimentos levou-os a uma triste realidade, a de que tudo aquilo... Toda aquela descoberta... O mistério do lugar... O reino que iria oferecer a seus filhos, já teria dono...

Porém o silêncio que ali reinava trouxe-os de volta a realidade. E assim encorajados por ele foi se aproximando até comprovar que estava tudo vazio.

Mesmo temendo contrariar tudo que tinham visto e sentido eles não deixavam de observar a beleza que os cercava.

Entraram nas dependências por uma porta meio aberta, ficaram boquiaberto com tanto luxo, uma ampla sala carpetada de vermelho, enormes espelhos, teto iluminado e decorado em forma de céu, quando Quíria acendeu o lustre, parecia que ia cair uma porção de estrelinhas sobre eles.

Seguiram ainda por uma escadaria revestida por um carpete de uma espessura que chegava a esconder seus pés, proporcionado lhes um conforto jamais sentido. No último degrau um corredor com várias. Portas andaram em silêncio e vendo a claridade sair por uma delas. Entraram. O quarto tomado de um perfume sem igual. As paredes alvas, fazendo contraste com o adorno, era tudo muito impressionante.

O perfume logo Quíria identificou, vinha da janela aberta. , e pôde contemplar uma beleza natural que quase a hipnotizou, era um jardim gigantesco, suas flores elevadas ao alto pareciam cumprimentá-la. Reconheceu imediatamente cada uma delas e tocando com a ponta do dedo às pétalas aveludadas foi chamando uma a uma por seus legítimos nomes, Quíria vinha de família colombiana, tinha entre os seus muitos que apreciavam e valorizavam a beleza das flores e assim foi tocando-as: rosas, cravos, margaridas, girassóis, gérberas, lírio da paz, não alcançou o jasmim, mas foi apontando assim mesmo, gerânios, orquídeas, beijos, açucena, azaléias, crisântemos e mais os lilases as olivas; nunca antes havia visto tantas flores belas e todas juntas, todas maravilhosas perfumando todo o lugar, Soltou um longo suspiro com a visão da astroméria branca, hum! Logo um outro perfume a fez procurar com olhar curioso quando as viu subindo parecia pedir ajuda para chegar a te Quíria eram as tulipas que lindas! Exclamava Quíria sempre tão carinhosa. Ela estava agora realizando dentro de si, um sonho que fora de sua mãe conhecer toda família rosácea. Era como se visse toda aquela beleza não com seus olhos, mas com os daquela que apreciava que entendia e mantinha segredos que esperava respostas e que não dormia sem dar boa noite e nem acordava sem receber um dia.

Haví a tirou de seus devaneios e a fez voltar a realidade desta vez foi prudente ao comentar que: “se ficarmos” neste imenso palácio este será o quarto de nosso pequeno ou pequena herdeira. Saíram então dali e entraram em todas as outras dependências, e ficando com um maior para eles. Em seguida subiram mais uma escadaria e logo por uma pequena porta que levava ao topo da torre; dali teve uma vista ampla por sobre o lugar seria aquela a floresta mais linda que já viram. Pois dali as copas dos arvoredos se transformavam em um tapete verde para o céu deitar seus encantos.

Quíria desta vez se cansara, chegou a dizer que talvez não agüentasse outras surpresas. Dormiram ali, não como hóspede, mas com a certeza de que tudo aquilo, era um presente do Criador.

No dia seguinte logo bem cedo, alimentados por deliciosas frutas frescas, foram procurar a carruagem que os trouxera, e que havia ficado na entrada das rochas.

No caminho Haví pensava na extensão daquelas terras...

Desviou-se para Leste e encontrou as tais cachoeiras que imaginava ter ouvido e muitas casinhas brancas espalhadas entre aqueles arbustos. Descobriram umas engenhocas parecidas com oficinas de tecelagem, de marcenaria e mais dois galpões, que Haví não soube ao certo qual a finalidade por estarem esquecidos e cobertis de teias de aranha.

Mas tinha a certeza de que encontrariam tudo que precisavam para viverem por muito e muitos anos, sem nunca precisarem sair dali.

Não se adentrou na mata porque em sua longa experiência de vida jamais se atrevera entrar numa mata que julgava virgem. Mais dia menos dias iria encontrar um meio de explorá-la.

Dois meses depois, um dia Haví resolveu que deveria fechar a entrada por onde passaram; pois sabia que estavam sozinhos ali e só sairiam para conhecer outros lugares, depois que conhecessem tudo ao redor.

No outro dia levantou-se bem cedo e foi fechar a entrada. Logo viu que sozinho não conseguiria; não era uma fenda pequena, e não lhe convinha fechá-la apenas com troncos, teria que construir uma entrada de pedra. Sendo assim saiu um pouco do lado de fora e se pôs a olhar o horizonte. De repente avistou ao longe poeira, muita poeira. Percebeu que eram viajantes, ficou ali em pé até que se aproximaram. O caminho era o mesmo que um dia Haví e Quíria também seguiram. Para onde estaria indo? Pensou Haví. Eram carruagens com famílias. Eles levavam crianças, mantimentos e até animais domésticos. Haví os interrogou para onde iam. O homem aparentando ter a mesma idade de Havi se aproximou e disse: Procuro um lugar para morar e trabalhar. Íamos para outra direção, mas acabamos por nos perder.

- Precisamos de água e os nossos animais estão cansados... Disse o homem à frente.

Haví ouviu a todos com atenção e perguntou?

- Vocês são todos parentes?

- O homem respondeu que não! Somos velhos conhecidos, somos todos trabalhadores, pagaremos por nossas moradias com nosso trabalho. E se apresentou a Haví como Sr. Abbe. Deveria ser ele o guia, e agora estava perdido. Haví notou a expressão do homem e o desespero em serem acolhidos. Imediatamente Uma jovem trouxe uma senhora que quase morrera durante a viagem. Não fosse um jovem com conhecimento em ervas medicinais encontradas no caminho. Ela poderia ter morrido.

Abbe trazia ao seu lado o filho de três anos, um jovenzinho louro de olhos claros cujo semblante parecia triste. Trouxe consigo alguns rascunhos que logo exibiu a Haví dizendo que fizera os desenhos durante a viagem.

Pegando os das mãos do pequeno; Haví relembrou com clareza de todos os lugares por que passou até chegar ali. Viu-se por alguns momentos diante do mapa da sua própria existência até aquele momento. Elogiou o garoto e pediu que os guardasse com carinho, que outra hora queria revê-los.

As palavras de Haví deixaram o garoto feliz e empolgado, aquele “outra hora”. Soou como um convite a ficar.

Sorrindo foi guardar seus desenhos, e ficou junto de sua mãe, prestando atenção no restante da conversa.

Como Haví estava demorando de voltar Quíria vinha a seu encontro. Surpresa se aproximou daquelas pessoas, não sentiu medo Haví a apresentou a todos. E ela vendo toda aquela gente procurando moradia lembrou-se das casinhas brancas espalhadas dos lados Leste e Oeste.

“Esta foi mais uma das virtudes que Haví não deixou de admirar em Quíria seu equilíbrio, humildade, solidariedade sua convicção de estar agindo sempre certo”. Haví deixou seus pensamentos tomarem formas. E mais uma vez admirava sua mulher.

“ Um pensamento mesquinho quis interferir na efusão daquele momento... moravam num verdadeiro palácio e tinha a riqueza aos seus pés. Ela poderia deteriorar suas raízes e mostrar-se indiferente àquelas pessoas. Por fim afastou os maus pensamentos e acariciando as mãos de sua amada que jamais em nenhum momento elevaria as suas origens para a ambição e o poder; eram os mesmos camponeses de outrora.

Havaí voltou e foi logo dizendo a todos que o lugar era enorme e que abrigaria a todos e que não precisavam ir mais adiante.

Todos foram bem acomodados. Até os animais pareciam agradecer a Haví.

Foram apresentados um a um. Era notável o grau de cultura a que todos traziam consigo.

Quíria fez daquele momento uma verdade festa de apresentações. Sua simpatia Seu jeito dócil e divertido de lidar com situações novas deixava todos a vontade para se conhecerem.

Logo que terminaram as apresentações. Ela mostrou que havia guardado bem os nomes. Chamando por Luvida à moça que dissera gostar muito de crianças. Foi logo a levando pela mão. Conversaram sobre vários assuntos e soube por Luvida que entre as famílias que ali se instalaram havia um senhor com formação clínica; e os chamavam de Dr. Chuma.

Luvida contou muitas histórias. Falou muito bem de todos. Quíria sentiu-se feliz por ela.

No terceiro dia após se acomodarem, os homens vieram até Haví e perguntaram:

- Em que vamos trabalhar? Aqui parece não ter muita coisa a fazer! Haví sorriu. Também. Ele pensou assim quando chegou ali, mas nada disse. Deu uma leve tapinha nas costas do homem e lhe disse:

- Calma homem, volte e vá descansar mais um pouco, afinal eu não acolhi escravos, todos serão sempre bem vindos, fiquem à vontade depois veremos o que é preciso fazer.

Duas semanas depois Haví notando a impaciência dos homens, convidou-os a construírem um portão central.

Assim o trabalho serviu para que se conhecessem ainda mais.

Haví e Abbe se deram muito bem, logo falou ao amigo da experiência que adquirira no trato com abelhas. Haví ficou contente de saber do comentário; e foi falando da quantidade de favos que havia visto; com certeza Abbe teria muito trabalho.

Numa certa manhã Quíria acordou muito cedo e caminhou até uma das cachoeiras. Ficou horas a admirar aquela maravilha.

Logo sentiu a presença de Haví a enlaçar-lhe o ventre, e logo dividia com ela a mesma visão.

Quíria convidou-o a sentar na relva. Pois tinha algo a dizer-lhe. Algo a preocupava, via-se por seu semblante.

Haví beijou-a e quis adivinhar o que preocupava sua amada.

Ela então foi dizendo, Enquanto lágrimas de alegria acompanhavam as palavras.

Meu amor, meu grande amor eu estou grávida. Foi-nos concebido um bebê.

Haví levantando os olhos para o alto. Disse: Obrigada meu Pai!

Abraçou Quíria cheio de felicidades. E se foram contar aos demais a boa nova.

Logo que souberam da novidade, festejaram.

Foi um dia inteiro de alegria. De felicitações, de brincadeiras, as crianças e as mocinhas, faziam perguntas a respeito. E tinha como respostas. Que iria chegar mais uma criancinha para o meio deles. Que um novo ser viria para completar o reinado daqueles dois apaixonados. Os desejos fluíam. Deixando Haví e Quíria mais felizes do que nunca. Passavam-se os meses e a felicidade os acompanhava desde o nascer ao pôr do sol.

Quíria passeava com seu vestido rodado e seu ventre avolumado, colhia flores campestres e respirava o hálito puro e refrescante das águas da enorme cachoeira, era delicioso sentir-se de igual com a natureza, pensava ela.Todos os dias eram visitados por pelo menos três crianças. Que levavam flores para enfeitar seus longos e belos cabelos. Nove meses depois.

Uma semana depois nascia uma linda menina. Seu pai feliz da vida agradecia a Deus. Dizia a todos que havia chegado uma princesa a aquele lugar! Droly! Chamar-se-ia Droly a sua menina. Quíria ficou surpresa com a rapidez com que Haví pensara em um nome para a pequena.

A menina em seus primeiros momentos de vida já encantara a todos, com seu semblante angelical, linda!Quase não tinha cabelos, mas nos poucos fios percebia-se que seriam louros e tinha os olhinhos claros como os de Quíria. Já procurava com o olhar distinguir entre as pessoas que estavam a sua volta. Os pais.

Haví não se cansava de elogiar, abraçar e agradecer a Deus e a Quíria pela filha que tinha nos braços.

Luvida cuidava muito bem de Quíria e da menina. Queria dar a ela umas comidinhas leves e naturais. Porém Quíria gostava mesmo era de comidas fortes e assim dizia:

- Luvida prepare-me, por favor, uma terrina de arroz branco e sopa de carne, Dizia mais, amanhã eu quero comer sopa de peixe. E logo eu fique boa vou te ensinar a fazer um caldo verde para comermos com o pão que Haví faz você vai ver que delícia que é um caldo verde com pão.

A moça ficava admirada com tal apetite, pensava na saúde dela, mas acabava por fazer.

Quíria ficou muito feliz ao ver que Luvida era esforçada e cuidava bem da menina, a moça ganhou um bonito quarto na casa do casal para cuidar de Quíria.

E os anos se passavam e aquela família, cada vez mais unida, descobriam mil coisas a fazer no reino e se mantinham com tudo que ali plantavam, fazia e colhia.

Todos os anos fazia a festa de aniversário para Droly, Que já estava com seus dez anos cada vez mais bela,

Droly e Luvida passavam horas conversando, apesar de sua pouca idade se tornaram grandes amigas.

Luvida além de ser caprichosa era muito esperta, inteligente, estudava línguas, quando resolvera acompanhar os amigos deixando a pequena cidadezinha para traz. Além de seus conhecimentos e de muita paciência, se interessava pela educação cultural e social de Droly. Tudo que a amiga aprendera nas escolas por onde estudara ensinava-a, conquistando assim o interesse da menina em aprender coisas novas.

Quíria vendo o esforço da jovem em manter tudo organizado, sugeriu que viesse outra das mocinhas para ajudar a Luvida nos afazeres,

Luvida chamou Evilane. As duas já eram amigas. se deram bem junto a Droly.A menina completava seus quinze anos. Ela própria não fazia idéia do que era Fazer quinze anos para uma moça.

Seus pais sonhavam em lhe presentear com uma grande festa. Tinham um sonho desde que se casaram que quando tivessem sua primeira filha fariam dela sua princesinha E, diante de todos receberia o título de “Princesa Droly”.

Vivia rodeada por suas amiguinhas que colhendo flores nos jardins e teciam lindas coroas para enfeitar seus cabelos.

Mas ela subia num banquinho de pedra e depositava as coroas tecidas nas cabeças das duas, dizendo que eram as três princesas do reino. E assim suas brincadeiras terminavam em uma gargalhada só. Droly dividia com as amigas o mesmo tratamento que recebia.

No ano seguinte houve um acontecimento que abalou profundamente Droly e todos do reino.

A MORTE DOS PAIS DE DROLY...

Antes porém do grande dia... Haví se fora

... deixando-a triste e solitária.

Quíria, o primeiro e único grande amor da vida de Haví não fora forte o suficiente para suportar tamanha tristeza, e partiu junto com ele, acompanhando-o em mais uma caminhada... Desta vez para o infinito... Em busca de outro reino... Não tanto imaginário. Sem que ninguém pudesse fazer nada. Eles se foram.

PARA UM REINO QUE TAMBÉM NUM LUGAR DISTANTE JÁ OS ESPERAVA. E este com todas as honras. “Deus preferira assim... levar os dois”. Ficou este pensamento solto no reino...

Droly sofria muito a perda dos pais, seus dias eram de tristezas e lágrimas. Vivia se perguntando todos os dias... Por quê? Porque Deus levara meus pais... Eles eram tão bons e eu os amava tanto. O que iria fazer, naquele imenso palácio, com tantas terras, tanto luxo, se tudo que o que ela mais queria e amava eram os seus pais... E já não estavam mais ali.

E assim com esses pensamentos Droly adormecia, sempre chorando. Quase nem percebia, que à sua volta estavam todos no reino lhe demonstrando carinho, conforto, respeitando a sua dor, eles tentavam diminuir um pouco o seu sofrimento, mas era difícil.

Pensava Luvida:

“Que destino meu Deus”! Pois era ela quem convivia com Droly e todo aquele vazio e tristeza dentro de seu coração.

Depois da morte de seus pais, Droly não saia mais do palácio. Luvida fazia de tudo para que ela se distraísse, mas tudo em vão...

Depois de alguns meses, certo dia, Evilane se juntou aos jovens que sempre admiravam Droly e resolveram fazer-lhe uma surpresa. Fizeram para ela uma maquete era uma miniatura do imenso lugar, com cada pedacinho daquele maravilhoso mundo, mas ela, apenas olhara... E novamente se encolheu num canto com sua tristeza, deixando a mostras o grande vazio que sentia.

E, como ainda não foi o suficiente para tirá-la do quarto os jovens não desistiram, mesmo considerando sua dor, insistiram... Trouxeram-lhe então um buquê gigante da flores mais perfumadas e lindas , quem sabe aquele perfume agradável à trouxesse de volta a realidade. E também pelo seu tamanho o buquê era enorme quem sabe ela poderia assim sorrir. Mais uma vez... Em vão.

Luvida e Evilane foram até seu quarto e acharam melhor não incomodá-la, pois havia adormecido. Deixaram então o buquê ao lado de sua cama, e foram embora sem saber qual seria sua reação ao acordar e encontrá-lo ali.

Outra vez! Outra tentativa. Trouxeram então, um lindo beija-flor pousado num lírio da paz. Desta vez os pegou de surpresa, ela sorrira..., era o primeiro sorriso em mais de três meses. Um dos jovens curvou-se diante dela e em tom poético recitou:

- “Da próxima vez minha princesa, traremos os raios do sol para aquecer o seu coraçãozinho... e junto com ele todos os pássaros do seu reino”... Droly não resistiu e abraçou a todos prometendo sair e passear com eles.

A vida no reino não era mais a mesma, apesar dos esforços para manterem tudo sob o cuidado de não deixarem-na sofrer. Muitas vezes Luvida à encontrava chorando no jardim, onde foram enterrados seus pais. Sozinha Droly plantava uma rosa a cada vez que ia ali, dentro de mais algum tempo com certeza, teriam seus pais, o jardim mais lindo do palácio só para eles.

Cinco meses depois. Droly saia com seus amigos, visitavam a cachoeira, iam ao lago, a floresta e passeavam de barco; isto dos lados Norte e Sul. O reino era muito grande, logo se cansava e voltava para seu quarto.

Depois que seus se foram, muitas coisas mudaram naquele reino...

As criancinhas cresceram, todos os arbustos envelheceram novas árvores desprendiam-se do solo, novas flores desabrochavam.

Os cimos dos rochedos que outrora pareciam inacessíveis, agora estavam ao alcance de suas mãos.

E, ali naquele castelo uma linda flor também estava a desabrochar... Era Droly que logo estaria fazendo dezoito anos.

O ARCO ÍRIS

Era mês de setembro e todo o azul do céu se abria ante seus primeiros dias, a brisa com sua terna suavidade..., e reconfortante..., vinha para ficar e perfumar todo aquele reino.

E para combinar com o colorido da primavera, o arco-íris também trouxera suas belas cores, sempre na mesma ordem natural, que era o que impressionava Droly; desde que soube por seu pai que as cores do arco-íris não trocavam de lugar ficava encantada esperando para vê-lo surgir no horizonte, vinha primeiro o vermelho depois o alaranjado em seguida o amarelo o verde, o azul, o anil e por último a violeta.

Era uma verdadeira festa das cores para os olhos de Droly. Seu pai falara tanto da existência do arco-íris, dos segredos da cores, de sua finalidade enfim do bem que faz à natureza e ao homem. Droly em seu dias de silêncio e dor, se pôs a escrever sobre aquele fenômeno produzido por ondas eletromagnéticas, que ela sabia, vinha da luz; mas que acabava por impressioná-la.

Droly herdara dos pais não só o desejo da conquista, como também o interesse pelo princípio da criação de todas as coisas. E as cores do arco-íris era algo que conduzia o sentido da sua visão. Aos poucos observava com atenção a sua descoloração e foi assim que ela descobriu a decomposição da luz natural e artificial, conseguiu associar o que o pai chamava de prisma .Registrava em seu diário, tudo que ouvia seu pai falar. Eram lembranças que se repetiam nitidamente sempre que ele aparecia.

Certa tarde ela resolveu transformar tudo o que sabia em estorinha para mais tarde contar aos seu amigos.

E começou escrevendo assim ...

“O DIA EM QUE O ARCO-ÍRIS APARECEU”.

“Numa linda tarde de quarta-feira, depois de uma manhã inteira de chuva, saí com meu pai para o jardim, corri por entre as flores, circulei os canteiros e como beija-flor, beijei flor em flor, com a ponta dos dedos toquei as pétalas orvalhadas”.

A chuva era amiga das flores não as despetalavam e nem diminuíam seu perfume, ao contrário depois da chuva abriam-se botões e mais botões.

Imitei o sol se abrindo para absorver melhor o perfume da corola cor de rosas ali na minha frente.

De repente ouvi um grito... Droly! ... Drooooly!!!! ... Era meu pai me gritando.

Dizia ele que tinha me perdido por entre as flores, e não sabia mais qual era eu.

- Ah! Papai, onde está você..., sempre me enobrecendo com excesso de amor. Droly parou de escrever, era difícil conciliar tudo que aprendera com os pais, e agora ter que usufruir apenas da saudade.

Chorou muito e já ia dar por encerrada sua estorinha quando, misturadas as suas lágrimas quentes, notou pequenos acúmulos de gotas de chuva cintilantes, quis tocar com o dedo, mas aqueles pequenos cristais reluzentes lhe fugiram do alcance, fazendo com que ela perseguisse aquela visão.

Cansada parou para enxugar as lágrimas; e descobriu a fonte daquele colorido fenomenal. Estava bem a sua frente, mas lá no alto. Uma ponta bem distante da outra, talvez a milhares de distância dali. Droly associou imediatamente que a outra ponta poderia estar no reino de seus pais. Meu pai me fazia ver em tudo, as cores... Fosse no azul do céu no verde das matas nas plumagens das aves, nos pêlos dos animais ... Os peixinhos também eram seus alvos prediletos e ele não se cansava de admirá-los, em suas diferentes cores, e até mesmo na água, que tinha uma cor especial que só ele conseguia discernir.

Meu pai hoje me faz pensar...!

- Será que existe nos pintores da vida dons que expressem tanta semelhança, ou que sejam capazes de desafiar os mistérios das cores... “Puxa! Seria maravilhoso conhecer alguém assim”.

Esta foi a primeira vez que vi o arco-íris, e desse dia em diante, sempre que chove me misturo as flores do jardim para apreciar melhor o efeito do arco-íris.

Assim termina sua estorinha.

Enquanto se deleitava em seus mais curiosos pensamentos, no reino começavam os preparativos para a grande festa, todos queriam que fosse inesquecível a festa do aniversário de Droly. Apesar da ausência de seus pais.

Mas, a jovem não se mostrava muito feliz... Porém tinha que admitir que os preparativos para sua festa estivessem sendo muito bem organizados com a participação de todos e com um único objetivo..., agradá-la.

E chegou o grande dia.

Droly aos poucos se soltava, já conversava mais descontraída e recebia com carinho os presentes.

A Srª. Kaliel e sua filha trouxeram-lhe um presente ofertado pelo seu filho, que pede desculpas por não estar presente, por estar acamado e seu pai ficara fazendo-lhe companhia.

À meia noite dançou a valsa com o pai de Luvida, o Sr. Jed , e assim se sentiu mais a vontade, no decorrer da festa, houve vários convites para dançar e ela aceitava a todos sem recusá-los ... Até o final da festa. Droly se sentiu muito feliz.

À tarde do dia seguinte Luvida se pôs a mostrar a Droly seus presentes. E em meio a todos teve um que lhe chamou `a atenção. Era um quadro onde retratava seu rosto. Um tipo de pintura de técnica esfumada..

Tinha em mãos um retrato seu, conciliado a fase de sua vida, demonstrando uma palidez visível e ao mesmo tempo encoberta por sua beleza transformando o quadro em uma pintura espetacular.

Droly apreciou cada presente, notando que em cada um deles seu valor! Pediu a Luvida que os guardassem com carinho

Dois meses depois Droly se mostrava inquieta e solitária pelos cantos do palácio, se distraia apenas em seu quarto mantinha com elas um quebra cabeça que seu pai fizera quando ainda era bem pequena; lia alguns livros que Luvida lhe dera mas sempre ali trancada em seu quarto.

O silêncio de Droly estava sendo notado, pois havia tristeza e um vazio à sua volta, “esta fase da vida de Droly, jamais passaria sem ser notada”.

Vivia no palácio, era herdeira do reino e de tudo o mais ao seu redor, mas nada preenchia aquele vazio de seu coração.

Se pôs a pensar que sua beleza e seu trono não eram o bastante; e que algo mais lhe pertencia. Mas o que?

Sentia falta de algo, mas não sabia exatamente o que era e nem onde estava e assim seu coração entristecera.

Queria conversar com alguém; e assim se aproximou de Luvida várias vezes e por fim resolveu contar-lhe sobre aquele sentimento novo e estranho; que estava deixando um vazio em seus dias.

Luvida ouviu Droly com atenção e depois se pôs a pensar: E assim por alguns instantes deixou seus pensamentos voarem bem longe.

Luvida vija em seus pensamentos...

“Os pais de Droly precisavam estar aqui, pensava ela ... ver a bela mulher em que se transformara; a princesinha tão querida de seus pais Droly havia alcançado a idade do amor, mas, como dizer isso a ela...” E voltando a realidade ali ao lado de Droly, Luvida se pôs a falar:

- Vamos Droly, você não pode ficar assim, presa a seus próprios acontecimentos

- Porque você não sai e procura descobrir outro reino? Ao redor deste reino deve haver algo que a distraía.

- Talvez faça uma viagem ... temos muitas carruagens com bons animais, e muita gente para lhe acompanhar. Você precisa viver com alegria, não pode viver triste assim por toda vida.

- Vamos fazer o seguinte: sugeriu Luvida; eu te acompanho até o lago dos peixinhos felizes; quem sabe você encontra ali resposta para toda essa tristeza.

- Os peixinhos !!!!!...

Droly se lembrou dos peixinhos. Fazia algum tempo que não passeava pelo Lago dos Peixinhos Felizes, Pensava... esses era o nome que meu pai dera ao lago.

É lá se foram ..

E vieram as lembranças.

Quantas vezes seu pai a levava para lhe mostrar o quanto eles eram felizes ... e assim todas as vezes que iam ao lago, relembrava da primeira vez que ouviu se pai falar de amor; ele sempre dizia que, nada era melhor que uma boa companhia para que um sonho fosse eterno, Haví falava se referindo ao seu amor por Quíria ... E ouvindo-o falar assim, Droly se enchia de alegria e dividia com seu pai toda felicidade daquele momento e apontava em seguida para os peixinhos que, felizes não se preocupavam com a presença dos dois.

Droly estivera ali por muitas outras vezes, sempre acompanhada de seu querido pai. Assim Droly lembrou também da última vez que ouvira seu pai falar de amor. Ela tinha apenas treze anos mas se lembrava bem das palavras de seu pai..

“Um dia minha querida você também irá conhecer o amor, um grande amor, um amor diferente do que eu e sua mãe sentimos por você ... Mas, tão grande quanto este”.

Sim ... seu pai estava certo ...

E se pôs a pensar no povoado do reino, aquela grande família, o carinho que tinham por ela. O quanto iriam sofrer se soubessem que o seu coração estava doente; não da doença que levara seus pais, que ela mesma desconhecia., mas da morte de sua mãe ela conhecia muito bem, morrera de paixão.

Droly não conseguia conciliar o amor à tudo o que estava sentindo. Oh! Droly ... dizia a sua consciência, “pense bem e não faça nenhuma besteira; ache lógica a solidão mas não “`a queira pra si ... esse mal vai passar ...”

Quando Droly voltou ao palácio já estava anoitecendo, estava um pouco mais animada. “Notou Evilane”. Que como os outros torcia por sua felicidade.

No quarto, se preparava para dormir, porém o sono se encontrava distante. Por várias vezes levantou-se caminhando pelo quarto ... foi à janela ... sentia saudades dos pais. Debruçada à janela absorvia o perfume das flores e conversando com elas podia entender porque seus pais o escolhera... não teria sido em vão, nem seria por causa do tamanho ... nem tão pouco por causa da brancura das paredes ... ou simplesmente pela aparência feminina! Não! Por nada disso. Teria sido com certeza por causa do delicioso perfume das flores que, exalava por todo o quarto fazendo ninar um dia a pequena e frágil menina.

Hoje com seus dezoito anos, pensava ela: “ainda dependo muito desse terno calmante para adormecer”.

Se afastando da janela disse para si:

- Agora vou dormir, estou me sentindo bem melhor, e passando em frente ao espelho deparou-se com a imagem refletida naquele pedaço de vidro ... ficou surpresa. Pois parecia ver seus próprios pensamentos ali refletidos. Ao mesmo tempo sentiu um toque de ternura, no fundo de seu coração.

Ficou ali por mais alguns instantes e por fim sorriu, matreira ... encontrara a resposta ... Estava tudo ali refletido a sua frente ...

Logo em seguida Luvida passava no corredor que dava para seu quarto, pode contatar que estava tudo calmo e deduziu-se que Droly já havia adormecido então pôde contemplar aquele semblante sereno, apaixonado, com um semi sorriso nos lábios, repousando tranqüilamente num sono profundo, parecia dormir à horas.

No dia seguinte; decidida pediu a Luvida que fosse feito um levantamento da pessoas que moram no reino; pois não conhecia a todos, seu reino era imenso e além do mais vivia num mundo solitário, despercebido, alheio até mesmo aos nomes e fisionomias daquele povoado.

Queria agora estar perto de todos, tocar em seus corações, viver alegre e dividir aquele palácio com todos que ali viviam. Estava nascendo em Droly um espírito juvenil que ela desconhecia ...

Luvida e mais alguns jovens se puseram a fazer o que lhe pedira.

Enquanto isso comentavam a respeito do comportamento da princesa. Todos se perguntavam o que estaria acontecendo com ela ... Será que ela pensa em ir embora? ... Mas ela não pode abandonar este reino! Outros arriscavam a comentar que talvez ela fosse receber alguma visita, por isso estava fazendo aquele levantamento.

E o quadro? Droly havia pedido a Luvida que o encontrasse, assim também o responsável por aquela pintura. Talvez ela quisesse outro ... pensavam.

Podia ser que algum jornalista tivesse descoberto aquele reino, e, sabe-se lá, mais o que; já não sabiam o que pensar. O importante é que Droly agora já esbanjava um bonito sorriso, seus olhos brilhavam, e havia nela muita energia. e aos poucos voltava a viver feliz.

Luvida e os outros à entregassem o levantamento. Assim que recebeu, a princesa foi para seu quarto e sentada frente da janela, com ajuda das flores, olhava cuidadosamente as anotações ...

Depois de muito observar, ler e reler aquela lista de nomes e seus devidos endereços, seus olhos e deteram num certo ponto do reino, era um local que ela dificilmente ia. E segundo às informações de Luvida morava ali uma pequena família, que inclusive estavam precisando de um médico urgente. Por coincidência era exatamente o rapaz que lhe ofertava o quadro no seu aniversário.

Droly se apressou em se arrumar, usando um chapéu de abas largas, um bonito vestido na cor clara e estampas de flores campestres; iria agora cuidar dos seus interesses e daquela gente que tanto fez por ela.

Para chegar ao lado Leste, Droly, Luvida, Evilane e mais dois jovens, usaram uma charrete; antes de sair Droly já havia mandado avisar ao médico que se dirigisse para a tal casa.

No trajeto até à casa daquela família, Droly não se deu conta das belezas que havia daqueles lados; que, como o restante do reino era admirável. Nem sequer conseguia conversar. Apenas ouvia as batidas do seu coração, havia algo diferente acontecendo naquela viagem.

Um pouco mais adiante e já avistavam um das casinhas brancas com uma bela pintura na parede; notava-se um bom gosto por aquela arte, admirava-se Droly.

Sabia-se apenas que eram originárias das mãos de um grande pintor; porém nada entendia a não ser o que seus olhos presenciavam. Em silêncio, chegou a pensar que teriam sido as mesmas mãos que pintara o arco-íris de sua infância. Foi a única observação que fez em seu íntimo.

Chegaram ...

Foram recebidos por Abbe, o chefe daquela família. Abbe fora um grande amigo de seu pai, Imediatamente fora reconhecido; não tão somente pela amizade que tinha por seu pai, mas sim pelo que fazia, era ele - o apicultor do reino. Brincava muito com Droly, “Dizia a ela que, ainda iria conseguir adoçar sua vida com mel de suas abelhas”. Dizia isso pois sabia que a menina vivia triste depois da morte de seus pais. Seu Abbe tratava com muito orgulho o mel, que, Droly se alimentava todas as manhãs.

Ao vê-los ficou feliz confessou a surpresa, e em seguida falou-lhe de sua tristeza ... seu filho estava muito doente, já haviam cuidado dele como podiam mas, ainda estava acamado e com febre. Comentou que, “se Haví fosse vivo ...” quando notou que os olhos de Droly se encheram de lágrimas e, interrompeu o comentário .

Passariam mil anos, mas falar em seu pai era como lembrar que jamais o teria perto. Pediu desculpas por sua ausência, por ainda não tê-los visitado Disfarçou o embaraço quando tentou trazer a memória a lembrança do rapaz do qual estavam falando; mas nada veio a mente, não o conhecia A princesa então pediu para vê-lo; o Sr. Abbe chamou Risla sua filha, e a apresentou a Droly, dizendo: Minha filha sempre vai ao palácio levar mel, entrega a Luvida e volta sem nunca se demorar ... talvez vocês nem se conheçam bem. Nesse momento Luvida comentava com Droly que aquela moça que levava o mel, sempre com pressa, Risla nunca ficava por muito tempo no palácio.

Luvida fez cara de vítima ...,

- “Eu sempre à convido ...”

Droly assim estava, diante de uma bela jovem, ao contrário da princesa. Risla era bem mais alta, pele morena, olhos grandes, que mais pareciam duas jabuticabas e longos cabelos pretos lisos; realmente muito bonita a filha de seu Abbe.

Risla chamou-a de princesa e Droly sorrindo lhe pediu que, não a tratasse assim, que à chamasse apenas de Droly.

Está bem: disse Risla retribuindo o sorriso e oferecendo-se para acompanhá-la até o quarto do irmão.

Da porta fez sinal para Droly que iria lhe anunciar.

Bateu a porta e entrando perguntou como ele se sentia, e logo foi avisando da visita da princesa..

Orion estava se sentindo, fraco e muito mal, mas tinha vontade de vê-la.

Ela estava ali... Risla: - faça-a entrar e acomode-a

Orion estava deitado de costas para a porta foi se virando com dificuldades a medida que a princesa entrava em seu quarto. Risla afastou um pouco as cortinas, deixando entrar alguns raios de sol, Orion não estava bem ... a claridade fez com ele se encolhesse um pouco debaixo do cobertor, e só depois conseguiu fixar os olhos na princesa ali de pé ao seu lado.

Droly ao vê-lo ficou imóvel, teve certeza que nunca vira antes aqueles olhos claros e brilhantes, aquela silhueta que mais parecia uma escultura ali naquela cama. Apesar de estar muito doente. Orion acabou por impressioná-la.

Aos poucos observando o rapaz aproximou-se do leito, e quando finalmente se refez de seus pensamentos, segurando suas mãos, sentia um calor inexplicável ... o quarto fechado ... a febre de Orion ... ela felizmente não soube explicar para si mesma.

Seu coração palpitava acelerado.

Orion antes sem cor e com os olhos fundos, virou-se corando aos poucos, tentando disfarçar o embaraço de ter sido encontrado deitado.

Formou-se um grande silêncio, que, foi quebrado, com a voz rouca e fraca de Orion, e olhando para Droly disse:

- Logo, logo eu ficarei bom!

E deixando-se ficar com as mãos entre as dela caiu num sono profundo ... a febre havia voltado.

Risla que estava ali o tempo inteiro, não deixou de presenciar aquela cena, aquele quadro pintado por Deus. A princesa Droly e seu irmão Orion.

Num impulso Droly percebeu que estava ali à horas; e percebeu que o médico ainda não havia chegado.

E com muito carinho retirou suas mãos das de Orion, acariciando seus cabelo. Ficara intrigada com a demora do médico perguntou a Risla:

- O médico já chegou?

Risla lhe acenou que sim. Droly então saiu deixando Orion aos cuidados do Dr. Chuma.

Risla acompanhou o médico até o quarto de Orion, ao entrar observou que continuava adormecido Pensava: “parecia um anjo louro”. Orion tinha características de sua mãe e Risla de seu pai.

Droly apesar de ter ido visitar um doente, voltou feliz, parecia flutuar, e tudo era motivo de alegria.. Chamou Luvida e disse-lhe que, precisava de sua ajuda para comprar tudo novo; vestidos, sapatos chapéus e algo mais ... e rodopiava pelo quarto a fora; indo parar frente ao espelho, onde refletiu novamente sua imagem e a lembrança que levara daquele jovem rapaz que apesar de doente, havia lhe transmitido força e coragem juntamente com um novo sentimento. Ele era um doente especial, o qual Droly com certeza voltaria à visitá-lo.

Luvida observando-a e já desconfiava de tudo o que estava acontecendo à jovem se pôs a ajudá-la .

A princesa acaba de descobrir a loteria da vida.

O amor...

No outro dia já bem cedo, a alegria de Droly contagiava tudo e a todos, muitos queriam saber a razão de toda aquela felicidade, não se continha ... O desejo de rever Orion à tinha transformado.

Luvida comentou que estava deixando muito a desejar, estavam se perguntando a todo momento a respeito de sua mudança repentina, admitiam que era muito bom vê-la feliz, e todos queriam compartilhar de toda aquela alegria., sorria e dizia qualquer coisa para se justificar, e assim guardava somente para si o verdadeiro motivo daquela mudança extraordinária na sua vida de Princesa pacata e infeliz.

No dia seguinte chamou Luvida e disse-lhe que, não só queria ir às compras, mas também queria ter o poder de escolha. Apesar do bom gosto de Luvida ela se espantou com sua decisão.

E quando Luvida ia se retirando, Droly à chamou dizendo que, fizesse segredo de tudo que acontecia no palácio, pelo menos por enquanto. Ela se referia a sua mudança de comportamento

Com a convivência com Luvida desses longos anos, tinha total confiança em sua amiga, por um momento teve que ser enérgica com ela, pois temia que comentasse algo que estragasse tal mudança de comportamento.

A jovem que já havia compreendido tudo, temia só de pensar em ficar longe de Droly, entristecia-lhe a alma ... mesmo que fosse ali mesmo no reino, pois já havia se acostumado a servi-la .

Não hesitou, à amava demais, para contrariá-la. Entendia que havia chegado a idade da adolescência e teria em fim que ter muita paciência

Quando voltavam das compras, o Dr. Chuma já à esperavam; trazia consigo o diagnóstico da doença de Orion.

Orion segundo o Dr. Chuma estava muito mal e acrescentou que, só havia um remédio capaz de curá-lo, mas este só era possível encontrar no reino vizinho, que ficava à três dias de viagem dali. O Dr. Chuma lembrou que durante a viagem uma senhora adoeceu, então foi à procurou da erva, descobrindo assim uma grande plantação. Dr. Chuma foi recebido por um dos moradores daquele reino e comento sobre sua importância e orientou aquele senhor sobre a importância daquela planta; e pediu que informasse ao rei..

Ela deveria mandar buscar aquela erva imediatamente. Dr. Chuma disse a Droly que o dono daquele reino é uma pessoa muito amável, então não teria problema em fornecer a erva. Ela poderia até plantá-la em seu reino.

Dr. Chuma sugeriu à Droly cuidados especiais para com o rapaz, principalmente porque notou o interesse dela .

Dois dias depois Orion entrava em coma profundo, Droly sofria muito junto com a família dele; resolveu então traze-lo para o palácio.

Mandou ver em seu reino o cavaleiro mais rápido, para fazer aquela longa viagem até o reino de Nodre.

E assim um jovem cavaleiro, com ares de D. Juam, se apresentou. Dr. Chuma entregou-lhe em papel o nome da erva, fazendo algumas recomendações . Evilane preparou para suas principais necessidades uma boa cesta com alimentos e água , o rapaz se despediu e partiu em busca encomenda..

Enquanto isso no palácio ...

Orion não melhorava ... sua mãe e Risla não saiam de perto dele, seu pai tinha muito tristeza em seu olhar, pois não sabia como fazer para tratar do filho.

Droly se trancava em solidão e pensava na morte de seu pai. “Ainda ousou pensar que quem sabe naquela época alguém tomasse conhecimento da doença de seu pai; mas como? se seu pai morrera de repente!”

Todas às tardes ia ao jardim e permanecia por algumas horas, perdida em seus pensamentos; ao distante ouviu-se uma voz que lhe dizia:

-“Droly! Você precisa construir uma capela e adorne-a a seu gosto. Procure no reino um rapaz por nome Verg, ele é culto e muito temente. Depois de construída entregue-o a chave, ele ficará muito feliz em ter um templo de louvores; e disse-lhe mais: o seu amor transbordará por essa capelinha.

- Mas onde construirei esta capela?

- Lado Leste do palácio.

A voz foi desaparecendo aos poucos e de repente um grande silêncio tomou conta do lugar; sentiu um calafrio quem poderia ter-lhe falado tão profundamente?... pensou em seus pais ..., nem se deu conta que estava de joelhos; e sem entender se deparou com seu interior flagrado e estimulado a reagir e concretizar tal pedido ..

Para Droly o “silêncio chegou a ser tão importante como a água ..., o alimento ..., a paixão; tem um antônimo impetuoso que arrebatava fio a fio o seu encanto sem deixar a mostra do que de mais belo existe”. Por fim pensou em Orion e voltou correndo ao palácio. Logo soube por sua mãe que ele continuava no mesmo estado.

Sentia-se cansada e retirou-se; dispensando a companhia Luvida foi para seu aposentos e pôs-se a ... Sentiu medo ... Pensou no cavaleiro e na tal erva . Parecia ter partido à séculos; e se preocupou; pois era a primeira vez que precisa do reino vizinho, ela nem mesmo conhecia o rei ... Já ouvira falar do reino de Nodre, mas, era diferente ..., agora estava ela precisando dos favores do vizinho desconhecido. Como seria então recebido o seu cavaleiro? ... seus pensamentos girava em torno de uma solução, não queria por nada perder Orion, já havia perdido seus pais, sem nada poder fazer. Chorando, suas lágrimas pareciam queimar-lhe as faces, e sem conseguir parar começou a relembrar aquela voz no jardim. Não entendera porque; mas as palavras lhe voltara a mente, e confirmava-lhe a necessidade de cumprir aquele desejo oculto.

Adormeceu..

Já estava no segundo dia; mais um dia e o cavaleiro estaria de volta ao reino, trazendo o milagrosa erva..

Droly pensou bastante e por fim foi vencida por um desejo mórbido de realizar aquele quase apelo, daquela voz oculta. Resolveu então falar a respeito da construção da capela, com Luvida e Evilane, que entenderam perfeitamente a necessidade de terem no reino um lugar específico para oração, já que o reino mais parecia uma grande cidade.

Luvida falou para Droly de seu amigo arquiteto, que a orientaria a respeito de como seria feito aquela obra.

E conhecendo assim o rapaz arquiteto Droly pediu que iniciasse aquela construção o mais rápido possível.

E assim aconteceu, foi realmente tudo muito rápido. Droly e Luvida se encarregaram da ornamentação e do jardim.

Já estava escurecendo, Droly passou pelo quarto de Orion, não se demorou, e, sobre o seu olhar tristonho, viu ali adormecido o seu príncipe; despediu-se de seus pais e foi para seu quarto.

Apesar do cansaço não conseguia dormir e mais uma vez se pôs à pensar no ocorrido no jardim; se encheu de emoção ao relembrar que ficara de joelhos.

- Porque! Se perguntara sempre.

E pensando assim elevou pela primeira vez o seu pensamento ao Criador, e sem notar se viu clamando em voz alta “Oh! Criador do céu e da terra, deste-me este reino cheio de grandezas, fizeste-me bela e agora me fizeste conhecer o amor, por tudo isso te peço e em nome do grande amor que meus pais viveram, “cuida da saúde de Orion.

No dia seguinte logo bem cedo, já ouvia-se vozes de pessoas, aglomerando-se em volta do palácio.

Droly sentiu que mais uma vez o amor daquelas pessoas se revelavam a seu favor, se trocou rapidamente e desceu para se juntar a elas, para receber o cavaleiro que vinha feliz, apesar do cansaço.

Com seu galope ligeiro; acenava-lhes sobre a erva que trazia consigo, todos se confraternizavam ante a chegada daquele jovem cavaleiro.

Os pais de Orion se abraçavam; Droly, Evilane e Risla faziam ciranda, pareciam crianças ...

Luvida se emocionava ...

- Por Deus, dizia feliz ...

Droly recebendo aquele pacote, entregou-o imediatamente ao Dr. Chuma, ficou observando enquanto ele se afastava em direção ao palácio.

Por fim saudou o cavaleiro e ouviu as notícias que trazia, disse que: “O Rei Nodre lhe tinha muito respeito e admiração que visitaria o reino logo que pudesse e desejava melhoras para o rapaz.

Jed foi se retirando quando Droly chamou Evilane e disse:

Prepare um bom banho e cuide para que tenha um bom descanso; pois com certeza a viagem lhe teria esgotado. Evilane fez tudo o que Droly lhe pedira; também por que já o admirava à muito tempo.

Depois de medicar Orion, Dr. Chuma foi falar com Droly e a família; avisou a eles que deveria ficar somente uma pessoa no quarto. E segundo que, por sete dias Orion não poderia receber visitas, ficaria aos cuidados dele e de sua mãe.

Risla ficou pensativa!

- Porque só a mamãe? Mas não ousou fazer perguntas.

Dr. Chuma olhava para Risla parecendo adivinhar seus pensamentos ... Enviou-lhe uma resposta mentalmente ...

“Minha querida estou apenas lhe poupando de se sentir culpada caso haja uma recaída na saúde de Orion. Pois ele lhe confia todos os seus segredos. Assim que ele acordar deste sono profundo, ele vai ficar impressionado por estar aqui no palácio sob os cuidados da princesa. E se você estiver ao seu lado com certeza iria surpreendê-lo com as suas respostas.

Sendo assim ele não ousará fazer perguntas `a sua mãe, por isso lhe afastei dele por estes dias, desculpe-me.

Risla fixando aos olhos no Dr. Chuma, e entendera com clareza tudo o que quis dizer e baixou a cabeça , mais alegre foi se juntar a Droly no jardim.

Ficaram em silêncio até que Droly resolveu perguntar a Risla sobre o que fazia Orion no reino? Qual era o seu serviço?

Risla pela primeira vez olhava sentindo pena daqueles olhos tristonhos. E decidiu falar quem era Orion

- Princesa Droly.

Disse Risla com intimidade e com uma ponta de ironia, mas, sendo sincera.

- Você já viu as paisagens que existem em volta do seu reino?

- Pois é este o trabalho de Orion!

É ele quem desenha, pinta todas as belezas que existem nas grandes pedras que cercam o reino, e orienta nas podações criando desenhos nos ciprestes, nas gramas e até nos jardins. são todas criações suas.

Droly não quis acreditar ...

- Mas como? Orion! Pintor!

Exclamou novamente. Não pode ser ... ali em volta dela o tempo inteiro. E nem se quer se lembrava de já tê-lo visto. Assim Risla lhe clareou a memória dizendo que foi ele quem pintou lhe presenteou aquele quadro no aniversário de dezoito anos. Mas também não era de se admirar, pois ela vivia ali, presa as sua próprias emoções e tristezas; há dezoito anos Droly não conhecia seu reino. Vivia trancada nos seus belos, mas, solitários aposentos e quando saia era sentir o sol da manhã e só passeava nos lados Sul e Norte. Sua alegria era sair depois da chuva e encontrar o arco-íris.

- E voltando-se para Risla disse:

- E Orion o que diz de mim que pouco conheço o lado em que ele vive?

- Ele, disse Risla:

Sempre fala em você com carinho, lamenta que, a princesa nunca tivesse parado para observar ... conhecer um pouco sobre arte da pintura, que está por toda à parte daquele imenso reino. Será que, não à interessaria nem uma paisagem sequer que ele fizera em todos aqueles anos, sempre se perguntando Orion, deixando escapar à Risla seu desapontamento em relação a princesa.

Mas sua tristeza logo passava; pois a pintura dava vida à Orion. Ele era apaixonado pela arte de pintar.

Ao ouvir tudo isso Droly cobria o rosto com as mãos, numa atitude de recriminação à si .

Tinha que admitir, o seu reino era repleto de belezas naturais; todos que ali viviam, não se cansavam de admirar aquele maravilhoso lugar; cuidavam para que tudo aquilo nunca perdesse a cor e nem a vida.

Por fim, Risla chegando bem pertinho dela falou-lhe baixinho:

- Vou lhe contar um segredo! Mas peço que guarde para si, pois é mais que um segredo é um confissão, te peço que guarde até que o próprio Orion lhe fale a respeito.

- E foi dizendo que, Orion é capaz de pintar uma paisagem por mais divina e celeste que seja. Algo que ele jamais vira, era como o sobrenatural na vida de Orion. Ele usava as mãos para conduzir o coração e a mente. E quando adoeceu ele estava terminando um desenho que ele próprio dizia, ser aquele, apreciado pela princesa. Dizia ainda que aquele desenho haveria de tocar-lhe a alma; tanto quanto o havia infundido o desejo de fazê-lo. Pensando assim cada dia Orion se orgulhava mais de seu trabalho.

- E ele terminou? Perguntou-lhe Droly.

- Eu não sei. Respondeu Risla pensativa.

Orion é muito cuidadoso com o que faz, mas, adoeceu sem me falar sobre o final deste trabalho. Tudo o que sei é que ele acredita ser o melhor trabalho que fizera em toda sua vida ... (será que ninguém mais teria visto este trabalho ... Mas mesmo que tivesse visto admitiu a si mesma que na sua grande família não haveria traidores, por isso ninguém seria curioso a ponto de estragar uma surpresa, da qual só lhe traria alegrias).

Droly ouviu com atenção a confidência de Risla e deixou se livrar pela confiança que a outra lhe depositava. Aproveitou a oportunidade em que estavam ali tão próximas; talvez unidas pelo mesmo sentimento de amor pela mesma pessoa, e lhe revelou o sue então segredo; que era a visão sobre a construção da capela e que também seria construída do lado Leste do palácio. Era muita coincidência que aqueles dois jovens tivessem aplicado seus verdadeiros sentimentos do mesmo lado do reino.

E assim, Droly resolveu esperar que um dia, Orion lhe mostrasse o seu belo e misterioso trabalho de paisagista.

Já se passara cinco dias desde que o cavaleiro chegara com o remédio, e o Dr. Chuma e a mãe de Orion continuavam a fazer suspense sobre o estado de Orion.

Droly estava com tantas saudades de seu amado ... Mas se continha, faltava pouco ... Pensava: “Mais dois dias e pronto Orion iria conhecer o grande amor e admiração que Droly sentia por ele”.

Enquanto isso no leito, Orion se restabelecia, estava se alimentando bem e demonstrava um interesse surpreendente pela vida. Sua mãe não se cansava de dizer que, seu estado exigia muitos cuidados, que não deveria se alterar e se manter calmo sem se emocionar demais; e foi por isso que lhes resguardaram tanto. Mas Orion queria a todo custo falar com seu pai, insistiu tanto que acabou convencendo tanta sua mãe quanto o Dr. Chuma. E assim foi permitida a visita de seu pai.. Quando Orion viu o pai, foi logo abraçando e apertando-o contra o peito num desespero, ficou ali aninhado por muito tempo; olhou em seus olhos lacrimejando e lhe pediu que contasse tudo, desde o dia em que entrara em coma, e por que estava no palácio, ficando sob os cuidados da princesa durante todo aquele tempo. Seu Abbe se surpreendeu com a saúde e disposição de seu filho, com certeza o Dr. Chuma acertara em cheio o diagnóstico. Orion estava completamente curado; e vendo-o assim saudável, resolveu lhe contar tudo, assim, não escondeu nada, incluindo o sofrimento da Princesa diante da sua doença e da dor de todos, pois todos no reino queriam vê-lo curado.

Papai – disse ele, com voz forte e rouca; preciso falar coma princesa, devo-lhe minha vida. Pois como o senhor mesmo disse, foi ela quem cuidou de tudo para que eu ficasse curado; e agora o que posso fazer para retribuí-la ...

Seu pai teve uma idéia.

Ele sabia da agonia que viver a princesa nos últimos dias e aquela agonia tinha um significado Droly amava Orion, mas não seria ele, seu pai que lhe diria isso.

E disfarçou tentando ajudar o filho à agradecer a princesa.

- Orion tem aqui no reino um rapaz por nome Rick; que funde jóias lindíssimas, posso encomendar um jóia. Podemos mandar fazer um anel.

- Mas papai, Droly é uma princesa! O que iria pensar se ganhasse um simples anel?. Tudo bem que será de ouro. Mas ... até mesmo o próprio Orion se contradisse. Se perdeu no próprio desafio.

- Não ligue meu filho, você precisa ver em que moça adorável se transformou aquela menina, tudo o que ela quer hoje é vê-lo curado.

- Então faça isso papai, e lhe agradeceu a força que lhe dera.

- Ah! Exclamou Orion! Por favor papai não comente com ninguém ... pois de qualquer maneira tenho que agradecê-la, por tudo que fez por mim, pelas tantas vezes o qual pensei que iria morrer ... me sentia fraco e distante do mundo, algo terrível invadiu minha alma ... Uma escuridão ... Um vazio desconhecido, onde não havia nenhuma paisagem que me identificasse ... Nada além de uma dormente sensação de morte e um gosto amargo na boca. De repente vi um fio brilhante e senti que este fio me puxava para cima ... para a vida ... Agora esta tudo muito claro! Agora que o senhor me contou que Droly estava cuidando de mim é que percebo que aquele fiozinho era realmente um fio de amor. Brilhante e cheio de vida. Sim ... Foi por causa deste amor que eu consegui me libertar daquela escuridão e voltar a vida.

Já era o sétimo dia; formara novamente uma aglomeração em volta do palácio, todos desejavam ver Orion, e desta vez a princesa estava com a multidão; ambas se tornaram inseparáveis, por isso, em tudo estavam presentes. Droly não se incomodava mais com aquele jeito formal a que estava acostumada ... hoje corria e brincava feliz ao lado de Risla. O Dr. Chuma veio ao encontro das duas e com um sorriso anunciou que, Orion já podia recebê-las. Apenas as lembrou que o rapaz nã não era de ferro ... Risla olhou para Droly com ar de vitória sobre o irmão e disse-lhe:

- Entre você primeiro eu deixo ...

Droly não se continha ... seus pés quase não sentiam o chão; pareciam mais flutuar escada a cima.

Chegou à porta do quarto, que outrora não significava muito ppara ela; hoje, fazia seu coração acelerar ... pedindo para que ela abrisse logo aquela porta; antes que ele mesmo o fizesse! ...

De súbito, deparou-se com um homem alto em pé à observar às suas próprias paisagens, que até pareciam estar mais perto da janela; ali pôde notar que algo de muito espiritual

ALVANY DE LIMA
Enviado por ALVANY DE LIMA em 01/07/2007
Reeditado em 01/07/2007
Código do texto: T547627
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.