O TREM DA VIDA
Estou aqui.
Em pé,
cansado.
Trem lotado.
Uma recompensa para um dia exaustivo de trabalho.
O trem para,
pessoas entram.
O trem enche.
Estou aqui,
no final do trem.
Vejo as pessoas entrarem,
entram com pressa,
empurrando,
se ajeitando,
se acomodando.
Olho para as pessoas desejando
saber o que cada uma está pensando.
O que fez hoje?
O que vai fazer?
trabalha com o que?
Aonde mora?
Encurto a viagem com esses pensamentos.
O trem para,
pessoas descem,
pessoas sobem.
Eu continuo tentando desvendar pensamentos.
Os ambulantes gritam,
tentam vender os mais diversos produtos.
Pessoas com a cabeça baixa,
parecem um monte de zumbis,
mas estão apenas mexendo em seus aparelhos eletrônicos.
A tecnologia aproxima os que estão longe,
ao mesmo tempo priva de uma boa conversa os que estão perto.
O trem para na estação.
Os ambulantes gritam.
Meu coração dispara.
Entra uma menina,
linda como sempre.
cabelo curto,
tingido.
Um olhar cansado,
mas mesmo assim,
um sorriso encantador no rosto.
Seu sorriso me derruba,
me leva a uma dimensão que eu não acreditava que existia.
Fico em êxtase com esse sorriso
sempre acontece quando te vejo.
Estou aqui,
paro de querer desvendar os pensamentos alheios,
me preocupo somente em não querer desvendar seus pensamentos,
mas saber que sou o motivo deles.
Estou aqui,
conheço a sua voz,
conheço o seu sorriso.
Sei quando está feliz,
sei quando está triste.
Mas sei que não passo de um desconhecido passageiro de um trem.
O trem para,
você desce.
Eu continuo seguindo sozinho.
Nesse trem da vida,
nem sempre é vantagem ser invisível.
#GuilhermeQuintaneiro