Nas minhas idas ao trabalho costumo repetir o horário de saída.
Cerca de nove horas meu buzu acelera bem tranquilo, é possível até escolher um lugar.
Prefiro o assento individual, pois assim evito os suores dos marmanjos e impossibilito a atitude folgada de alguém.
Logo depois da borboleta, no ladinho esquerdo, encontro meu lugar predileto me aguardando.
Sento, relaxo, olho a paisagem, eu tenho a certeza de que ninguém vai encher o saco.
Às vezes, não sei dizer como, o lugar está ocupado.
Percebo que a pessoa não pega sempre esse ônibus.
Sou obrigado a escolher outro assento incorformado.
Afinal de contas, utilizando o banco três ou quatro dias, ele passa a sentir o calor do meu corpo, eu começo a entender seu "jeito".
Não é justo outra pessoa estar ali.
Faço cara feia, tento afastar o impulso de expulsar o intruso.
Não é mais aceitável que meu lugar, o assento solitário, seja ocupado por outro cidadão.
Ele tem a ver comigo, já nos tornamos amigos íntimos.
Uma lei, um acordo civilizado ou uma medida provisória precisa definir o direito que conquistei.
Uma lei, um acordo civilizado ou uma medida provisória precisa definir o direito que conquistei.
Dá vontade de falar:
_ Você pode devolver meu lugar!
Para evitar confusão e talvez novas injustiças, opto por ficar caladinho, quietinho noutro canto.
Mas a revolta incomoda a viagem.
É bastante injusto eu não estar ali!
Um abraço!