LETRAS DE MÚSICA QUE VALEM A PENA LER (SERTANEJA)
01. “TRISTEZA DO JECA” – (*) AUTOR: Angelino de Oliveira
Nestes versos tão singelos
Minha bela, meu amor
Pra você quero contar
O meu sofrer e a minha dor
Eu sou como o sabiá
Quando canta é só tristeza
Desde o galho onde ele está
Nesta viola eu canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade
Eu nasci naquela serra
Num ranchinho beira chão
Todo cheio de buraco
Onde a lua faz clarão
Quando chega a madrugada
Lá na mata a passarada
Principia o barulhão
Nesta viola, eu canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade
Lá no mato tudo é triste
Desde o jeito de falar
Pois o Jeca quando canta
Dá vontade de chorar
O choro que vem caindo
Devagar vai se sumindo
Como as águas vão pro mar
Nesta viola, eu canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade
----------------------------------------------
02.”PAINEIRA VELHA” –(*) AUTORES: Zé Fortuna e Pitangueira
Paineira velha abandonada
lá na estrada de meu sertão
Tens uma história de meu passado
que está guardada no meu coração
Eu a encontrei eras pequena
Em meio ao mato onde nasceu
Todas as tardes eu a regava
E assim depressa você cresceu
Paineira velha na sua sombra
Com minha amada fui tão feliz
Colhendo as flores que você dava
Mas o destino assim não quis
E numa tarde você murchou
E o canarinho emudeceu
Hoje o seu tronco só encontrei
O nome dela e um adeus
Paineira velha daqueles tempos
Já se passaram muitos janeiros
Ainda és tão boa tua sombra amiga
Hoje é pousada dos boiadeiros
Já não existe mais o terreiro
No meu ranchinho o cipó cobriu
E a sua casca cresceu de novo
O nome dela também sumiu
Paineira velha fiel amiga
Nossos destinos são sempre iguais
Se estou contente você floresce
Quando eu padeço suas flores caem
Nascemos juntos paineira velha
Vamos morrer nesta união
De vossos galhos quero uma cruz
De sua madeira quero caixão
---------------------------------------------
03. “MÁGOA DE BOIADEIRO” – (*) AUTORES: Índio Vago e Nonô Basílio
Antigamente nem em sonho existia
Tantas pontes sobre os rios
Nem asfalto nas estradas
A gente usava quatro ou cinco sinuelos
Pra trazer o pantaneiro, no rodeio da boiada
Mas hoje em dia, tudo é muito diferente
Com o progresso nossa gente, nem sequer faz uma ideia
Que entre outros, fui peão de boiadeiro
Por este chão brasileiro, os heróis da epopeia
Tenho saudade de rever nas corrutelas
As mocinhas nas janelas, acenando uma flor
Por tudo isso eu lamento e confesso
Que a marcha do progresso, é a minha grande dor
Cada jamanta que eu vejo carregada, transportando
Uma boiada, me aperta o coração
E quando olho minha traia pendurada, de tristeza
Dou risada, pra não chorar de paixão
O meu cavalo relinchando pasto a fora
Que por certo também chora, na mais triste solidão
Meu par de esporas, meu chapéu de aba larga
Uma bruaca de carga, um berrante, um facão
O velho basto o sinete e o apero, o meu laço e o cargueiro
O meu lenço e o gibão,
Ainda resta a guaiaca sem dinheiro
Deste pobre boiadeiro, que perdeu a profissão
Não sou poeta, sou apenas um caipira
E o tema que me inspira é a fibra de peão
Quase chorando, imbuído nesta mágoa
Rabisquei estas palavras e saiu esta canção
Canção que fala da saudade, das pousadas
Que já fiz com a peonada, junto ao fogo de um galpão
Saudade louca de ouvir o som manhoso, de um berrante
Preguiçoso, nos confins do meu sertão
------------------------------
04. “TRÊS PINGOS D´AGUA” (*) – AUTOR: João Pacífico e Raul Torres
Eu fiz promessa pra que Deus mandasse chuva,
Pra crescer a minha roça e vingar a plantação;
Pois veio a seca e matou meu cafezal,
Matou todo meu arroz e secou todo o algodão.
Nessa colheita, meu carro ficou parado,
Minha boiada carreira quase morre sem pastar;
Eu fiz promessa que o primeiro pingo d'água
Eu molhava a flor da Santa que estava em frente ao altar.
Eu esperei uma semana, um mês inteiro,
A roça estava tão seca, dava pena até de ver;
Olhava o céu, cada nuvem que passava
Eu da Santa me lembrava, pra promessa não esquecer.
Em pouco tempo, a roça ficou viçosa,
A criação já pastava, floresceu meu cafezal;
Fui na capela e levei três pingos d ´água:
- Um foi o pingo da chuva; dois caiu do meu olhar.
05. “ÍNDIA” – (*) AUTORES: Zé Fortuna/ J. A. Flores / M. O. Guerrero
Índia teus cabelos nos ombros caídos
Negros como as noites que não tem luar
Teus lábios de rosa para mim sorrindo
E a doce meiguice desse teu olhar
Índia da pele morena
Tua boca pequena eu quero beijar
Índia sangue tupi tens o cheiro da flor
Vem que eu quero te dar
Todo o meu grande amor
Quando eu for embora para bem distante
E chegar a hora de dizer-te adeus
Fica nos meus braços
Só mais um instante
Deixa os meus lábios se unirem aos teus
Índia levarei saudade da felicidade
Que você me deu
Índia a tua imagem sempre comigo vai
Dentro do meu coração todo o meu Paraguai
------------------------------
06. “GARÇA BRANCA”– (*) AUTORES: Vieira e Vieirinha
Levantei da minha cama
Depois que o galo cantou
No romper da madrugada
A estrela d'alva apontou
Arriei o meu cavalo
Muito manso e marchador
Fui fazer uma viagem que meu destino mandou
Encontrei com dois amigos
Que na estrada me parou
Me contaram uma passagem
Que meu peito soluçou
Eu não quis acreditar
Até por Deus me jurou
Diz que a minha garça branca bateu asas e avoou
Eu virei o meu cavalo
Ligeiro que nem um vapor
E segui logo no rastro
Aonde a garça passou
Fui entrando num ranchinho
Aonde a garça pousou
E também perdeu a vida nas mãos daquele traidor
Mas ainda cheguei a tempo
Pois de mim não escapou
Quem matou a garça branco
Com a vida também pagou
Puxei do meu parabelo
Resolvido como eu sô
Toquei 10 vez no gatilho
E todas 10 estorô
O valor da garça branca
A sua vida custou
Sem o amor da garça branca
Pra mim o mundo se acabou
----------------------
07. “PEÃO DA CIDADE”– (*) AUTORES: Sulino e Marrueiro
Eu vi com meus próprios olhos em um circo de rodeio
Na chegada dos peão que vieram pro torneio
Soltaram tanto foguete, parecia um bombardeio
Na hora da montaria o negócio ficou feio
Toparam um burro famoso que eu nem sei de onde veio
Era só sentar no lombo
Cada pulo era um tombo
Ninguém parou no arreio
Surgiu um moço granfino do meio da multidão
Pelo traje eu vi que era um homem de posição
Cabelo bem penteado e roupa de exportação
Com as unhas toda esmaltada e anel de ouro na mão
Pra montar naquele burro ele pediu permissão
Pode ser que eu também caio
Mas pretendo dar trabaio
Pra fama desse burrão
Os peão que beijou a terra falaram com gozação
Os granfino da cidade quando quer bancar o peão
Não para nem amarrado no lombo de um pagão
Se esse granfino montar pode preparar o caixão
O burro tirou do lombo caboclos da profissão
Não foi um e nem foi dois
Vamo ver o pó de arroz
Bater a cara no chão
O moço entrou na arena e calçou a espora de prata
Pôs o paletó na cerca e apertou bem a reata
Sentou no lombo do burro e bambeou o nó da gravata
Cortou o burro na espora, ainda surrou de chibata
Depois de pular bastante quase que o burro se mata
O moço saltou de lado
E o burrão ficou deitado
Em cima das quatro pata
Ganhou aplauso do povo e ganhou beijo das menina
O moço contou sua vida bebendo numa cantina
Eu já fui peão de fama lá no estado de minas
O dinheiro do papai foi quem mudou minha sina
Eu tenho na minha casa um diploma da medicina
To morando na cidade
Mas a marvada saudade
Até hoje me domina
-------------------------------
08. “CHALANA”– (*) AUTORES: Mário Zan e Arlindo Pinto
La vai a chalana
Bem longe se vai
Navegando no remanso
Do rio do Paraguai
Ah! Chalana sem querer
Tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas
Vai levando meu amor
Ah! Chalana sem querer
Tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas
Vai levando meu amor
E assim ela se foi
Nem de mim se despediu
A chalana vai sumindo
Na curva lá do rio
E se ela vai magoada
Eu bem sei que tem razão
Fui ingrato
Eu feri o seu meigo coração
Ah! Chalana sem querer
Tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas
Vai levando meu amor
Ah! Chalana sem querer
Tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas
Vai levando meu amor... .
________________________________________
09. “Casa de Caboclo”– (*) AUTORES: Heckel Tavares e Luiz Peixoto
Vancê tá vendo
Essa casinha simplisinha
Toda branca de sapê
Diz que ela véve do abandono
Não tem dono
E se tem, ninguém não vê
Uma roseira
Cobre a banda da varanda
E num pé de cambucá
Quando o dia se alevanta
Virgem Santa, fica assim de sabiá
Deixa falar
Toda essa gente mal dizente
Vem que tem um morador
Sabe quem mora dentro dela? Zé Gazela
O maior dos cantador
Quando Gazela
Viu Sinhá Rita, tão bonita
Pôs a mão no coração
Ela pegou., não disse nada, deu risada
Pondo os oínho no chão
E se casaram, mau um dia, que agonia
Quando em casa ele voltou
Zé Gazela, viu a sua Rita, muito aflita
Tava lá Mane Sinhô
Tem duas cruz
Entrelaçada na estrada
Escreveram por detrás
Uma casa de caboclo
Um é pouco, dois é bom
Três é demais
--------------------------------
10. “Meu Passarinho”– (*) AUTORES: Zé Rosa e Campanha
Ganhei um passarinho
Foi meu amor quem me deu
Vivia sempre sozinho
De tristeza ele morreu, ai
Nunca mais ele cantou
Mas que saudade ele deixou
Para meu sono despertar
Mas como é triste
Ganhei um passarinho
Foi meu amor quem me deu
Vivia sempre sozinho
De tristeza ele morreu, ai
Nunca mais ele cantou
Mas que saudade ele deixou
Para meu sono despertar
Mas como é triste
Mas como é triste o meu viver
Para o dia amanhecer
Sempre ouvia o seu cantar
Ainda tenho uma esperança
De gozar dos teus carinhos
Também tenho uma lembrança
Do meu pobre passarinho, ai
Nunca mais ele cantou
Mas que saudade ele deixou
Para meu sono despertar
Mas como é triste
Mas como é triste o meu viver
Para o dia amanhecer
Sempre ouvia o seu cantar
---------------------------
11. “Meu Primeiro Amor”– (*) AUTORES: Zé Fortuna e Hermínio Gimenez
Saudade, palavra triste
Quando se perde um grande amor
Na estrada longa da vida
Eu vou chorando a minha dor
Igual uma borboleta
Vagando triste por sobre a flor
Seu nome sempre em meus lábios
Irei chamando por onde for
Você nem sequer se lembra
De ouvir a voz deste sofredor
Que implora por seus carinhos
Só um pouquinho do seu amor
Meu primeiro amor
Tão cedo acabou
Só a dor deixou
Neste peito meu
Meu primeiro amor
Foi como uma flor
Que desabrochou
E logo morreu
Nesta solidão
Sem ter alegria
O que me alivia
São meus tristes ais
São prantos de dor
Que dos olhos caem
É porque bem sei
Quem eu tanto amei
Não verei jamais.
---------------------------------
12. “As Andorinhas Voltaram”– (*) AUTORES: Alcino Alves e Rossi
As andorinhas voltaram
E eu também voltei
Pousar no velho ninho
Que um dia aqui deixei
Nós somos andorinhas
Que vão e quem vem
À procura de amor
Ás vezes volta cansada
Ferida, machucada
Mas volta pra casa
Batendo suas asas
Com grande dor
Igual a andorinha
Eu parti sonhando
Mas foi tudo em vão
Voltei sem felicidade
Porque, na verdade
Uma andorinha
Voando sozinha
Não faz verão
--------------------------------
13. “Cio da Terra”– AUTORES: Chico Buarque de Holanda e Milton Nascimento
Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão
E se fartar de pão
Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel
Se lambuzar de mel
Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, a propícia estação
E fecundar o chão
----------------------------
14. “João de Barro”– (*) AUTORES: Muibo Cury e Teddy Vieira
O João de Barro, pra ser feliz como eu
Certo dia resolveu arranjar uma companheira
No vai-e-vem, com o barro da biquinha
Ele fez sua casinha lá no galho da paineira
Toda manhã, o pedreiro da floresta
Cantava fazendo festa, pra aquela quem tanto amava
Mas quando ele ia buscar o raminho
Pra construir seu ninho o seu amor lhe enganava
Mas neste mundo o mal feito é descoberto
João de Barro viu de perto sua esperança perdida
Cego de dor, trancou a porta da morada
Deixando lá a sua amada presa pro resto da vida
Que semelhança entre o nosso fadário
Só que eu fiz o contrario do que o João de Barro fez
Nosso senhor me deu força nessa hora
A ingrata eu pus pra fora, por onde anda eu não sei
-----------------------------------------
15. “Flor do Cafezal”– (*) AUTORES: Luis Carlos Paraná
Meu cafezal em flor
Quanta flor, meu cafezal
Ai menina, meu amor
Minha flor do cafezal
Ai menina, meu amor
Branca flor do cafezal
Era florada, lindo véu de
Branca renda
Se estendeu sobre a fazenda
Qual um manto nupcial
E de mãos dadas fomos juntos
Pela estrada
Toda branca e perfumada
Pela flor do cafezal
Passa-se a noite
Vem o sol ardente, bruto
Morre a flor e nasce o fruto
No lugar de cada flor
Passa-se o tempo
Em que a vida é toda encanto
Morre o amor e nasce um pranto
Fruto amargo de uma dor
--------------------------------------
16. “Rio das Lágrimas”– (*) AUTORES: Tião Carreiro e Dino Franco
O rio de Piracicaba
Vai jorrar água pra fora
Quando chegar a água
Dos olhos de alguém que chora.
Quando chegar a água
Dos olhos de alguém que chora.
Lá no bairro onde eu moro
Só existe uma nascente
A nascente dos meus olhos
Já formou uma corrente.
Pertinho da minha casa
Já formou uma lagoa
Com lágrimas dos meus olhos
Por causa de uma pessoa.
O rio de Piracicaba
Vai jorrar água pra fora
Quando chegar a água
Dos olhos de alguém que chora.
Quando chegar a água
Dos olhos de alguém que chora.
Eu quero apanhar uma rosa
Minha mão já não alcança
Eu choro desesperado
Igualzinho uma criança.
Duvida alguém que não chore
Pela dor de uma saudade
Quero ver quem que não chora
Quando amar de verdade.
O rio de Piracicaba
Vai jorrar água pra fora
Quando chegar a água
Dos olhos de alguém que chora
Quando chegar a água
Dos olhos de alguém que chora.
------------------------------
17. “Piracicaba”– (*) AUTORES: Newton de Almeida Mello
Piracicaba, que eu adoro tanto
Cheia de flores, cheia de encanto
Ninguém compreende
A grande dor que sente
Um filho ausente a suspirar por ti
Uma saudade que punge e mata
Que sorte ingrata, longe daqui
Entre suspiro, triste sem termo
Vivo no ermo, desde que parti
Piracicaba, que eu adoro tanto
Cheia de flores, cheia de encanto
Ninguém compreende
A grande dor que sente
Um filho ausente a suspirar por ti
Só vejo estranhos, meu berço amado
Ter a teu lado o que perdi
Pouco se importam com teu encanto
Que eu amo tanto, desde que nasci
Piracicaba, que eu adoro tanto
Cheia de flores, cheia de encanto
Ninguém compreende
A grande dor que sente
Um filho ausente a suspirar por ti
Em outras plagas, que vale a sorte
Prefiro a morte, junto de ti
Adoro os prados, os horizontes
A serra e os montes onde nasci
Piracicaba, que eu adoro tanto
Cheia de flores, cheia de encanto
Ninguém compreende
A grande dor que sente
Um filho ausente a suspirar por ti
---------------------------------
18.“Mourão da Porteira”– (*) AUTORES: João Pacífico e Raul Torres
Lá no mourão esquerdo da porteira,
Onde encontrei você pra despedir,
Uma lembrança minha derradeira
E um versinho que nele escrevi...
Você às vezes passa esbarrando nele
E a porteira bate pra avisar
Você não lembra que sinal é aquele,
E nem sequer se lembra de olhar...
Aqui tão longe, pego na viola
E aquele verso começo a cantar
Uma saudade é a dor que não consola,
Quanto mais dói, a gente quer lembrar...
No dia que doer seu coração,
Sentirá a dor que também senti,
Você, chorando, passa no mourão
E lê os versos que nele escrevi...
Você talvez não sabe o que é saudade,
Uma lembrança você nunca sentiu
Pois de esquecer às vezes tinha vontade,
Esta vontade o meu peito feriu...
----------------------------
19. “Cuitelinho”– (*) AUTORES: Paulo Vanzolini e Antônio Xandó
Cheguei na beira do porto
Onde as ondas se espáia
As garça dá meia volta
E senta na beira da praia
E o cuitelinho não gosta
Que o botão de rosa caia, ai, ai, ai
Aí quando eu vim de minha terra
Despedi da parentaia
Eu entrei no Mato Grosso
Dei em terras paraguaia
Lá tinha revolução
Enfrentei fortes bataia, ai, ai, ai
A tua saudade corta
Como aço de navaia
O coração fica aflito
Bate uma, a outra faia
Os óio se enche d`água
Que até a vista se atrapaia, ai, ai, ai
------------------
20. “Romaria”– (*) AUTOR: Renato Teixeira
É de sonho e de pó
O destino de um só
Feito eu perdido
Em pensamentos
Sobre o meu cavalo
É de laço e de nó
De jibeira o jiló
Dessa vida
Cumprida a sol
Sou caipira, Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
Sou caipira, Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
O meu pai foi peão
Minha mãe solidão
Meus irmãos
Perderam-se na vida
À custa de aventuras
Descasei, joguei
Investi, desisti
Se há sorte
Eu não sei, nunca vi
Sou caipira, Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
Sou caipira, Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
Me disseram, porém
Que eu viesse aqui
Pra pedir de
Romaria e prece
Paz nos desaventos
Como eu não sei rezar
Só queria mostrar
Meu olhar, meu olhar
Meu olhar
Sou caipira, Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
Sou caipira, Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
-----------------------------
21. “Bom Jesus de Pirapora”– (*) AUTORES: Ado Benatti e Serrinha
(Declamado)
Mãe, nome sagrado que a gente venera e adora
Criatura que mais se ama, depois de Nossa Senhora!
Vendo minha mãe paralítica, sem um sinal de melhora,
Levei ela confiante ao Bom Jesus de Pirapora...
(Cantado)
Num velho carro de boi,
Saímos estrada a fora,
Passamos em toda a viagem
Perigos de hora em hora,
Dormindo nos mataréus
Aonde a pintada mora
Mas quem tem fé neste mundo
Sofre calado e não chora!
Com dez dias de viagem,
Sem a esperança perder,
Do alto dum espigão,
Ouvi um sino gemer...
A mais linda paisagem,
Que nunca hei de esquecer
A Matriz de Pirapora,
Na margem do rio Tietê!
Até a porta da igreja,
Carro de boi nos conduz.
Levei minha mãe no colo,
No altar cheio de luz.
Ali mesmo ajoelhei,
Fazendo o Sinal da Cruz,
Beijei a imagem sagrada
Do abençoado Jesus...
(Declamado)
E a cura milagrosa deu-se ali, na mesma hora:
Minha mãe saiu andando daquela igreja pra fora!
Foi um milagre da fé, juro por Nossa Senhora
Bendito seja pra sempre Bom Jesus de Pirapora!
-----------------------------------
22. “Cheiro de Relva”– (*) AUTORES: Zé Fortuna e Dino Franco
Como é bonito estender-se no verão
As cortinas do sertão na varanda das manhãs
Deixar entrar pedaços de madrugada
E sobre a colcha azulada
Dorme calma a Lua irmã
Cheiro de relva
Traz do campo a brisa mansa
Que nos faz sentir criança
A embalar milhões de ninhos
A relva esconde as florzinhas orvalhadas
Quase sempre abandonadas
Nas encostas dos caminhos
A juriti madrugadeira da floresta
Com seu canto abre a festa
Revoando toda a selva
O rio manso caudaloso se agita
Parecendo achar bonita
A terra cheia de relva
O Sol vermelho se esquenta e aparece
O vergel todo agradece
Pelos ninhos que abrigou
Botões de ouro se desprendem dos seus galhos
São as gotas de orvalho
De uma noite que passou
------------------------
23. “Você vai Gostar”– AUTORES: Almir Satter e Sérgio Reis
Fiz uma casinha branca lá no pé da serra
pra nós dois morar fica perto da barranca
do rio Paraná o lugar é uma beleza
e eu tenho certeza você vai gostar
Fiz uma capela
bem do lado da janela
pra nós dois rezar
quando for tempo de festa
você veste o seu vestido de algodão
quebro o meu chapéu na testa
para arrematar as coisas do leilão
satisfeito vou levar você de braço dado atrás da procissão
vou com meu terno riscado
uma flor do lado
e o meu chapéu na mão
----------
24. “O rei do Café e o Rei do Gado”– (*) AUTOR: Teddy Vieira
Num bar de Ribeirão Preto
eu vi com meus olhos esta passagem
quando a champanhe corria à rodo
nas altas rodas da granfinagem
nisso chegou um peão
trazendo na testa o pó da viagem
pediu uma pinga para o garçom
que era pra rebater a friagem
Levantou um almofadinha
disse pro dono, eu não tenho fé
quando um caboclo que não se enxerga
num lugar deste vem por o pé
senhor que é o dono da casa
não deixe entrar um homem qualquer
principalmente nessa ocasião
que está presente o rei do café
Foi uma salva de palmas
gritaram viva pro fazendeiro
que tem milhões de pés de café
por esse rico chão brasileiro
o seu nome é conhecido
sua safra é uma potência
em nosso mercado e no estrangeiro
portanto veja que esse ambiente
não é pra qualquer tipo rampeiro
Com um modo bem cortês
respondeu o peão pra rapaziada
essa riqueza não me assusta
topo e aposto qualquer parada
em cada pé do seu café
eu amarro um boi da minha boiada
e pra encerrar o assunto eu garanto
que ainda me sobra boi na invernada
Foi um silêncio profundo
o peão deixou o povo mais pasmado
pagando a pinga com mil cruzeiros
disse ao garçom pra guardar o trocado
quem quiser saber meu nome
que não se faça de arrogado
é só chegar lá em Andradina
e perguntar pelo rei do gado
---------------------------------------------
25. “Marvada Pinga”– (*) AUTORA: Zica Bergami
Com a marvada pinga
É que eu me atrapaio
Eu entro na venda e já dou meu taio
Pego no copo e dali nun saio
Ali memo eu bebo
Ali memo eu caio
Só pra carregar é que eu dô trabaio
Oi lá
Venho da cidade e já venho cantando
Trago um garrafão que venho chupando
Venho pros caminho, venho trupicando, xifrando os barranco, venho cambetiando
E no lugar que eu caio já fico roncando
Oi lá
O marido me disse, ele me falo: "largue de bebê, peço por favô"
Prosa de homem nunca dei valô
Bebo com o sor quente pra esfriar o calô
E bebo de noite é prá fazê suadô
Oi lá
Cada vez que eu caio, caio deferente
Meaço pá trás e caio pá frente, caio devagar, caio de repente, vô de corrupio, vô deretamente
Mas sendo de pinga, eu caio contente
Oi lá
Pego o garrafão e já balanceio que é pá mor de vê, se tá memo cheio
Não bebo de vez porque acho feio
No primeiro gorpe chego inté no meio
No segundo trago é que eu desvazeio
Oi lá
Eu bebo da pinga porque gosto dela
Eu bebo da branca, bebo da amarela
Bebo nos copo, bebo na tijela
E bebo temperada com cravo e canela
Seja quarqué tempo, vai pinga na guela
Oi lá
Ê marvada pinga!
Eu fui numa festa no Rio Tietê
Eu lá fui chegando no amanhecê
Já me dero pinga pra mim bebê
Já me dero pinga pra mim bebê e tava sem fervê
Eu bebi demais e fiquei mamada
Eu cai no chão e fiquei deitada
Ai eu fui prá casa de braço dado
Ai de braço dado, ai com dois sordado
Ai muito obrigado!
-----------------------------------fim
(*) músicas caipiras.