LETRAS DE MÚSICA QUE VALEM A PENA LER (SERTANEJA)

01. “TRISTEZA DO JECA” – (*) AUTOR: Angelino de Oliveira

Nestes versos tão singelos

Minha bela, meu amor

Pra você quero contar

O meu sofrer e a minha dor

Eu sou como o sabiá

Quando canta é só tristeza

Desde o galho onde ele está

Nesta viola eu canto e gemo de verdade

Cada toada representa uma saudade

Eu nasci naquela serra

Num ranchinho beira chão

Todo cheio de buraco

Onde a lua faz clarão

Quando chega a madrugada

Lá na mata a passarada

Principia o barulhão

Nesta viola, eu canto e gemo de verdade

Cada toada representa uma saudade

Lá no mato tudo é triste

Desde o jeito de falar

Pois o Jeca quando canta

Dá vontade de chorar

O choro que vem caindo

Devagar vai se sumindo

Como as águas vão pro mar

Nesta viola, eu canto e gemo de verdade

Cada toada representa uma saudade

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02.”PAINEIRA VELHA” –(*) AUTORES: Zé Fortuna e Pitangueira

Paineira velha abandonada

lá na estrada de meu sertão

Tens uma história de meu passado

que está guardada no meu coração

Eu a encontrei eras pequena

Em meio ao mato onde nasceu

Todas as tardes eu a regava

E assim depressa você cresceu

Paineira velha na sua sombra

Com minha amada fui tão feliz

Colhendo as flores que você dava

Mas o destino assim não quis

E numa tarde você murchou

E o canarinho emudeceu

Hoje o seu tronco só encontrei

O nome dela e um adeus

Paineira velha daqueles tempos

Já se passaram muitos janeiros

Ainda és tão boa tua sombra amiga

Hoje é pousada dos boiadeiros

Já não existe mais o terreiro

No meu ranchinho o cipó cobriu

E a sua casca cresceu de novo

O nome dela também sumiu

Paineira velha fiel amiga

Nossos destinos são sempre iguais

Se estou contente você floresce

Quando eu padeço suas flores caem

Nascemos juntos paineira velha

Vamos morrer nesta união

De vossos galhos quero uma cruz

De sua madeira quero caixão

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03. “MÁGOA DE BOIADEIRO” – (*) AUTORES: Índio Vago e Nonô Basílio

Antigamente nem em sonho existia

Tantas pontes sobre os rios

Nem asfalto nas estradas

A gente usava quatro ou cinco sinuelos

Pra trazer o pantaneiro, no rodeio da boiada

Mas hoje em dia, tudo é muito diferente

Com o progresso nossa gente, nem sequer faz uma ideia

Que entre outros, fui peão de boiadeiro

Por este chão brasileiro, os heróis da epopeia

Tenho saudade de rever nas corrutelas

As mocinhas nas janelas, acenando uma flor

Por tudo isso eu lamento e confesso

Que a marcha do progresso, é a minha grande dor

Cada jamanta que eu vejo carregada, transportando

Uma boiada, me aperta o coração

E quando olho minha traia pendurada, de tristeza

Dou risada, pra não chorar de paixão

O meu cavalo relinchando pasto a fora

Que por certo também chora, na mais triste solidão

Meu par de esporas, meu chapéu de aba larga

Uma bruaca de carga, um berrante, um facão

O velho basto o sinete e o apero, o meu laço e o cargueiro

O meu lenço e o gibão,

Ainda resta a guaiaca sem dinheiro

Deste pobre boiadeiro, que perdeu a profissão

Não sou poeta, sou apenas um caipira

E o tema que me inspira é a fibra de peão

Quase chorando, imbuído nesta mágoa

Rabisquei estas palavras e saiu esta canção

Canção que fala da saudade, das pousadas

Que já fiz com a peonada, junto ao fogo de um galpão

Saudade louca de ouvir o som manhoso, de um berrante

Preguiçoso, nos confins do meu sertão

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04. “TRÊS PINGOS D´AGUA” (*) – AUTOR: João Pacífico e Raul Torres

Eu fiz promessa pra que Deus mandasse chuva,

Pra crescer a minha roça e vingar a plantação;

Pois veio a seca e matou meu cafezal,

Matou todo meu arroz e secou todo o algodão.

Nessa colheita, meu carro ficou parado,

Minha boiada carreira quase morre sem pastar;

Eu fiz promessa que o primeiro pingo d'água

Eu molhava a flor da Santa que estava em frente ao altar.

Eu esperei uma semana, um mês inteiro,

A roça estava tão seca, dava pena até de ver;

Olhava o céu, cada nuvem que passava

Eu da Santa me lembrava, pra promessa não esquecer.

Em pouco tempo, a roça ficou viçosa,

A criação já pastava, floresceu meu cafezal;

Fui na capela e levei três pingos d ´água:

- Um foi o pingo da chuva; dois caiu do meu olhar.

05. “ÍNDIA” – (*) AUTORES: Zé Fortuna/ J. A. Flores / M. O. Guerrero

Índia teus cabelos nos ombros caídos

Negros como as noites que não tem luar

Teus lábios de rosa para mim sorrindo

E a doce meiguice desse teu olhar

Índia da pele morena

Tua boca pequena eu quero beijar

Índia sangue tupi tens o cheiro da flor

Vem que eu quero te dar

Todo o meu grande amor

Quando eu for embora para bem distante

E chegar a hora de dizer-te adeus

Fica nos meus braços

Só mais um instante

Deixa os meus lábios se unirem aos teus

Índia levarei saudade da felicidade

Que você me deu

Índia a tua imagem sempre comigo vai

Dentro do meu coração todo o meu Paraguai

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06. “GARÇA BRANCA”– (*) AUTORES: Vieira e Vieirinha

Levantei da minha cama

Depois que o galo cantou

No romper da madrugada

A estrela d'alva apontou

Arriei o meu cavalo

Muito manso e marchador

Fui fazer uma viagem que meu destino mandou

Encontrei com dois amigos

Que na estrada me parou

Me contaram uma passagem

Que meu peito soluçou

Eu não quis acreditar

Até por Deus me jurou

Diz que a minha garça branca bateu asas e avoou

Eu virei o meu cavalo

Ligeiro que nem um vapor

E segui logo no rastro

Aonde a garça passou

Fui entrando num ranchinho

Aonde a garça pousou

E também perdeu a vida nas mãos daquele traidor

Mas ainda cheguei a tempo

Pois de mim não escapou

Quem matou a garça branco

Com a vida também pagou

Puxei do meu parabelo

Resolvido como eu sô

Toquei 10 vez no gatilho

E todas 10 estorô

O valor da garça branca

A sua vida custou

Sem o amor da garça branca

Pra mim o mundo se acabou

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07. “PEÃO DA CIDADE”– (*) AUTORES: Sulino e Marrueiro

Eu vi com meus próprios olhos em um circo de rodeio

Na chegada dos peão que vieram pro torneio

Soltaram tanto foguete, parecia um bombardeio

Na hora da montaria o negócio ficou feio

Toparam um burro famoso que eu nem sei de onde veio

Era só sentar no lombo

Cada pulo era um tombo

Ninguém parou no arreio

Surgiu um moço granfino do meio da multidão

Pelo traje eu vi que era um homem de posição

Cabelo bem penteado e roupa de exportação

Com as unhas toda esmaltada e anel de ouro na mão

Pra montar naquele burro ele pediu permissão

Pode ser que eu também caio

Mas pretendo dar trabaio

Pra fama desse burrão

Os peão que beijou a terra falaram com gozação

Os granfino da cidade quando quer bancar o peão

Não para nem amarrado no lombo de um pagão

Se esse granfino montar pode preparar o caixão

O burro tirou do lombo caboclos da profissão

Não foi um e nem foi dois

Vamo ver o pó de arroz

Bater a cara no chão

O moço entrou na arena e calçou a espora de prata

Pôs o paletó na cerca e apertou bem a reata

Sentou no lombo do burro e bambeou o nó da gravata

Cortou o burro na espora, ainda surrou de chibata

Depois de pular bastante quase que o burro se mata

O moço saltou de lado

E o burrão ficou deitado

Em cima das quatro pata

Ganhou aplauso do povo e ganhou beijo das menina

O moço contou sua vida bebendo numa cantina

Eu já fui peão de fama lá no estado de minas

O dinheiro do papai foi quem mudou minha sina

Eu tenho na minha casa um diploma da medicina

To morando na cidade

Mas a marvada saudade

Até hoje me domina

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08. “CHALANA”– (*) AUTORES: Mário Zan e Arlindo Pinto

La vai a chalana

Bem longe se vai

Navegando no remanso

Do rio do Paraguai

Ah! Chalana sem querer

Tu aumentas minha dor

Nessas águas tão serenas

Vai levando meu amor

Ah! Chalana sem querer

Tu aumentas minha dor

Nessas águas tão serenas

Vai levando meu amor

E assim ela se foi

Nem de mim se despediu

A chalana vai sumindo

Na curva lá do rio

E se ela vai magoada

Eu bem sei que tem razão

Fui ingrato

Eu feri o seu meigo coração

Ah! Chalana sem querer

Tu aumentas minha dor

Nessas águas tão serenas

Vai levando meu amor

Ah! Chalana sem querer

Tu aumentas minha dor

Nessas águas tão serenas

Vai levando meu amor... .

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09. “Casa de Caboclo”– (*) AUTORES: Heckel Tavares e Luiz Peixoto

Vancê tá vendo

Essa casinha simplisinha

Toda branca de sapê

Diz que ela véve do abandono

Não tem dono

E se tem, ninguém não vê

Uma roseira

Cobre a banda da varanda

E num pé de cambucá

Quando o dia se alevanta

Virgem Santa, fica assim de sabiá

Deixa falar

Toda essa gente mal dizente

Vem que tem um morador

Sabe quem mora dentro dela? Zé Gazela

O maior dos cantador

Quando Gazela

Viu Sinhá Rita, tão bonita

Pôs a mão no coração

Ela pegou., não disse nada, deu risada

Pondo os oínho no chão

E se casaram, mau um dia, que agonia

Quando em casa ele voltou

Zé Gazela, viu a sua Rita, muito aflita

Tava lá Mane Sinhô

Tem duas cruz

Entrelaçada na estrada

Escreveram por detrás

Uma casa de caboclo

Um é pouco, dois é bom

Três é demais

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10. “Meu Passarinho”– (*) AUTORES: Zé Rosa e Campanha

Ganhei um passarinho

Foi meu amor quem me deu

Vivia sempre sozinho

De tristeza ele morreu, ai

Nunca mais ele cantou

Mas que saudade ele deixou

Para meu sono despertar

Mas como é triste

Ganhei um passarinho

Foi meu amor quem me deu

Vivia sempre sozinho

De tristeza ele morreu, ai

Nunca mais ele cantou

Mas que saudade ele deixou

Para meu sono despertar

Mas como é triste

Mas como é triste o meu viver

Para o dia amanhecer

Sempre ouvia o seu cantar

Ainda tenho uma esperança

De gozar dos teus carinhos

Também tenho uma lembrança

Do meu pobre passarinho, ai

Nunca mais ele cantou

Mas que saudade ele deixou

Para meu sono despertar

Mas como é triste

Mas como é triste o meu viver

Para o dia amanhecer

Sempre ouvia o seu cantar

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11. “Meu Primeiro Amor”– (*) AUTORES: Zé Fortuna e Hermínio Gimenez

Saudade, palavra triste

Quando se perde um grande amor

Na estrada longa da vida

Eu vou chorando a minha dor

Igual uma borboleta

Vagando triste por sobre a flor

Seu nome sempre em meus lábios

Irei chamando por onde for

Você nem sequer se lembra

De ouvir a voz deste sofredor

Que implora por seus carinhos

Só um pouquinho do seu amor

Meu primeiro amor

Tão cedo acabou

Só a dor deixou

Neste peito meu

Meu primeiro amor

Foi como uma flor

Que desabrochou

E logo morreu

Nesta solidão

Sem ter alegria

O que me alivia

São meus tristes ais

São prantos de dor

Que dos olhos caem

É porque bem sei

Quem eu tanto amei

Não verei jamais.

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12. “As Andorinhas Voltaram”– (*) AUTORES: Alcino Alves e Rossi

As andorinhas voltaram

E eu também voltei

Pousar no velho ninho

Que um dia aqui deixei

Nós somos andorinhas

Que vão e quem vem

À procura de amor

Ás vezes volta cansada

Ferida, machucada

Mas volta pra casa

Batendo suas asas

Com grande dor

Igual a andorinha

Eu parti sonhando

Mas foi tudo em vão

Voltei sem felicidade

Porque, na verdade

Uma andorinha

Voando sozinha

Não faz verão

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13. “Cio da Terra”– AUTORES: Chico Buarque de Holanda e Milton Nascimento

Debulhar o trigo

Recolher cada bago do trigo

Forjar no trigo o milagre do pão

E se fartar de pão

Decepar a cana

Recolher a garapa da cana

Roubar da cana a doçura do mel

Se lambuzar de mel

Afagar a terra

Conhecer os desejos da terra

Cio da terra, a propícia estação

E fecundar o chão

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14. “João de Barro”– (*) AUTORES: Muibo Cury e Teddy Vieira

O João de Barro, pra ser feliz como eu

Certo dia resolveu arranjar uma companheira

No vai-e-vem, com o barro da biquinha

Ele fez sua casinha lá no galho da paineira

Toda manhã, o pedreiro da floresta

Cantava fazendo festa, pra aquela quem tanto amava

Mas quando ele ia buscar o raminho

Pra construir seu ninho o seu amor lhe enganava

Mas neste mundo o mal feito é descoberto

João de Barro viu de perto sua esperança perdida

Cego de dor, trancou a porta da morada

Deixando lá a sua amada presa pro resto da vida

Que semelhança entre o nosso fadário

Só que eu fiz o contrario do que o João de Barro fez

Nosso senhor me deu força nessa hora

A ingrata eu pus pra fora, por onde anda eu não sei

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15. “Flor do Cafezal”– (*) AUTORES: Luis Carlos Paraná

Meu cafezal em flor

Quanta flor, meu cafezal

Ai menina, meu amor

Minha flor do cafezal

Ai menina, meu amor

Branca flor do cafezal

Era florada, lindo véu de

Branca renda

Se estendeu sobre a fazenda

Qual um manto nupcial

E de mãos dadas fomos juntos

Pela estrada

Toda branca e perfumada

Pela flor do cafezal

Passa-se a noite

Vem o sol ardente, bruto

Morre a flor e nasce o fruto

No lugar de cada flor

Passa-se o tempo

Em que a vida é toda encanto

Morre o amor e nasce um pranto

Fruto amargo de uma dor

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16. “Rio das Lágrimas”– (*) AUTORES: Tião Carreiro e Dino Franco

O rio de Piracicaba

Vai jorrar água pra fora

Quando chegar a água

Dos olhos de alguém que chora.

Quando chegar a água

Dos olhos de alguém que chora.

Lá no bairro onde eu moro

Só existe uma nascente

A nascente dos meus olhos

Já formou uma corrente.

Pertinho da minha casa

Já formou uma lagoa

Com lágrimas dos meus olhos

Por causa de uma pessoa.

O rio de Piracicaba

Vai jorrar água pra fora

Quando chegar a água

Dos olhos de alguém que chora.

Quando chegar a água

Dos olhos de alguém que chora.

Eu quero apanhar uma rosa

Minha mão já não alcança

Eu choro desesperado

Igualzinho uma criança.

Duvida alguém que não chore

Pela dor de uma saudade

Quero ver quem que não chora

Quando amar de verdade.

O rio de Piracicaba

Vai jorrar água pra fora

Quando chegar a água

Dos olhos de alguém que chora

Quando chegar a água

Dos olhos de alguém que chora.

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17. “Piracicaba”– (*) AUTORES: Newton de Almeida Mello

Piracicaba, que eu adoro tanto

Cheia de flores, cheia de encanto

Ninguém compreende

A grande dor que sente

Um filho ausente a suspirar por ti

Uma saudade que punge e mata

Que sorte ingrata, longe daqui

Entre suspiro, triste sem termo

Vivo no ermo, desde que parti

Piracicaba, que eu adoro tanto

Cheia de flores, cheia de encanto

Ninguém compreende

A grande dor que sente

Um filho ausente a suspirar por ti

Só vejo estranhos, meu berço amado

Ter a teu lado o que perdi

Pouco se importam com teu encanto

Que eu amo tanto, desde que nasci

Piracicaba, que eu adoro tanto

Cheia de flores, cheia de encanto

Ninguém compreende

A grande dor que sente

Um filho ausente a suspirar por ti

Em outras plagas, que vale a sorte

Prefiro a morte, junto de ti

Adoro os prados, os horizontes

A serra e os montes onde nasci

Piracicaba, que eu adoro tanto

Cheia de flores, cheia de encanto

Ninguém compreende

A grande dor que sente

Um filho ausente a suspirar por ti

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18.“Mourão da Porteira”– (*) AUTORES: João Pacífico e Raul Torres

Lá no mourão esquerdo da porteira,

Onde encontrei você pra despedir,

Uma lembrança minha derradeira

E um versinho que nele escrevi...

Você às vezes passa esbarrando nele

E a porteira bate pra avisar

Você não lembra que sinal é aquele,

E nem sequer se lembra de olhar...

Aqui tão longe, pego na viola

E aquele verso começo a cantar

Uma saudade é a dor que não consola,

Quanto mais dói, a gente quer lembrar...

No dia que doer seu coração,

Sentirá a dor que também senti,

Você, chorando, passa no mourão

E lê os versos que nele escrevi...

Você talvez não sabe o que é saudade,

Uma lembrança você nunca sentiu

Pois de esquecer às vezes tinha vontade,

Esta vontade o meu peito feriu...

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19. “Cuitelinho”– (*) AUTORES: Paulo Vanzolini e Antônio Xandó

Cheguei na beira do porto

Onde as ondas se espáia

As garça dá meia volta

E senta na beira da praia

E o cuitelinho não gosta

Que o botão de rosa caia, ai, ai, ai

Aí quando eu vim de minha terra

Despedi da parentaia

Eu entrei no Mato Grosso

Dei em terras paraguaia

Lá tinha revolução

Enfrentei fortes bataia, ai, ai, ai

A tua saudade corta

Como aço de navaia

O coração fica aflito

Bate uma, a outra faia

Os óio se enche d`água

Que até a vista se atrapaia, ai, ai, ai

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20. “Romaria”– (*) AUTOR: Renato Teixeira

É de sonho e de pó

O destino de um só

Feito eu perdido

Em pensamentos

Sobre o meu cavalo

É de laço e de nó

De jibeira o jiló

Dessa vida

Cumprida a sol

Sou caipira, Pirapora

Nossa Senhora de Aparecida

Ilumina a mina escura e funda

O trem da minha vida

Sou caipira, Pirapora

Nossa Senhora de Aparecida

Ilumina a mina escura e funda

O trem da minha vida

O meu pai foi peão

Minha mãe solidão

Meus irmãos

Perderam-se na vida

À custa de aventuras

Descasei, joguei

Investi, desisti

Se há sorte

Eu não sei, nunca vi

Sou caipira, Pirapora

Nossa Senhora de Aparecida

Ilumina a mina escura e funda

O trem da minha vida

Sou caipira, Pirapora

Nossa Senhora de Aparecida

Ilumina a mina escura e funda

O trem da minha vida

Me disseram, porém

Que eu viesse aqui

Pra pedir de

Romaria e prece

Paz nos desaventos

Como eu não sei rezar

Só queria mostrar

Meu olhar, meu olhar

Meu olhar

Sou caipira, Pirapora

Nossa Senhora de Aparecida

Ilumina a mina escura e funda

O trem da minha vida

Sou caipira, Pirapora

Nossa Senhora de Aparecida

Ilumina a mina escura e funda

O trem da minha vida

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21. “Bom Jesus de Pirapora”– (*) AUTORES: Ado Benatti e Serrinha

(Declamado)

Mãe, nome sagrado que a gente venera e adora

Criatura que mais se ama, depois de Nossa Senhora!

Vendo minha mãe paralítica, sem um sinal de melhora,

Levei ela confiante ao Bom Jesus de Pirapora...

(Cantado)

Num velho carro de boi,

Saímos estrada a fora,

Passamos em toda a viagem

Perigos de hora em hora,

Dormindo nos mataréus

Aonde a pintada mora

Mas quem tem fé neste mundo

Sofre calado e não chora!

Com dez dias de viagem,

Sem a esperança perder,

Do alto dum espigão,

Ouvi um sino gemer...

A mais linda paisagem,

Que nunca hei de esquecer

A Matriz de Pirapora,

Na margem do rio Tietê!

Até a porta da igreja,

Carro de boi nos conduz.

Levei minha mãe no colo,

No altar cheio de luz.

Ali mesmo ajoelhei,

Fazendo o Sinal da Cruz,

Beijei a imagem sagrada

Do abençoado Jesus...

(Declamado)

E a cura milagrosa deu-se ali, na mesma hora:

Minha mãe saiu andando daquela igreja pra fora!

Foi um milagre da fé, juro por Nossa Senhora

Bendito seja pra sempre Bom Jesus de Pirapora!

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22. “Cheiro de Relva”– (*) AUTORES: Zé Fortuna e Dino Franco

Como é bonito estender-se no verão

As cortinas do sertão na varanda das manhãs

Deixar entrar pedaços de madrugada

E sobre a colcha azulada

Dorme calma a Lua irmã

Cheiro de relva

Traz do campo a brisa mansa

Que nos faz sentir criança

A embalar milhões de ninhos

A relva esconde as florzinhas orvalhadas

Quase sempre abandonadas

Nas encostas dos caminhos

A juriti madrugadeira da floresta

Com seu canto abre a festa

Revoando toda a selva

O rio manso caudaloso se agita

Parecendo achar bonita

A terra cheia de relva

O Sol vermelho se esquenta e aparece

O vergel todo agradece

Pelos ninhos que abrigou

Botões de ouro se desprendem dos seus galhos

São as gotas de orvalho

De uma noite que passou

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23. “Você vai Gostar”– AUTORES: Almir Satter e Sérgio Reis

Fiz uma casinha branca lá no pé da serra

pra nós dois morar fica perto da barranca

do rio Paraná o lugar é uma beleza

e eu tenho certeza você vai gostar

Fiz uma capela

bem do lado da janela

pra nós dois rezar

quando for tempo de festa

você veste o seu vestido de algodão

quebro o meu chapéu na testa

para arrematar as coisas do leilão

satisfeito vou levar você de braço dado atrás da procissão

vou com meu terno riscado

uma flor do lado

e o meu chapéu na mão

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24. “O rei do Café e o Rei do Gado”– (*) AUTOR: Teddy Vieira

Num bar de Ribeirão Preto

eu vi com meus olhos esta passagem

quando a champanhe corria à rodo

nas altas rodas da granfinagem

nisso chegou um peão

trazendo na testa o pó da viagem

pediu uma pinga para o garçom

que era pra rebater a friagem

Levantou um almofadinha

disse pro dono, eu não tenho fé

quando um caboclo que não se enxerga

num lugar deste vem por o pé

senhor que é o dono da casa

não deixe entrar um homem qualquer

principalmente nessa ocasião

que está presente o rei do café

Foi uma salva de palmas

gritaram viva pro fazendeiro

que tem milhões de pés de café

por esse rico chão brasileiro

o seu nome é conhecido

sua safra é uma potência

em nosso mercado e no estrangeiro

portanto veja que esse ambiente

não é pra qualquer tipo rampeiro

Com um modo bem cortês

respondeu o peão pra rapaziada

essa riqueza não me assusta

topo e aposto qualquer parada

em cada pé do seu café

eu amarro um boi da minha boiada

e pra encerrar o assunto eu garanto

que ainda me sobra boi na invernada

Foi um silêncio profundo

o peão deixou o povo mais pasmado

pagando a pinga com mil cruzeiros

disse ao garçom pra guardar o trocado

quem quiser saber meu nome

que não se faça de arrogado

é só chegar lá em Andradina

e perguntar pelo rei do gado

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25. “Marvada Pinga”– (*) AUTORA: Zica Bergami

Com a marvada pinga

É que eu me atrapaio

Eu entro na venda e já dou meu taio

Pego no copo e dali nun saio

Ali memo eu bebo

Ali memo eu caio

Só pra carregar é que eu dô trabaio

Oi lá

Venho da cidade e já venho cantando

Trago um garrafão que venho chupando

Venho pros caminho, venho trupicando, xifrando os barranco, venho cambetiando

E no lugar que eu caio já fico roncando

Oi lá

O marido me disse, ele me falo: "largue de bebê, peço por favô"

Prosa de homem nunca dei valô

Bebo com o sor quente pra esfriar o calô

E bebo de noite é prá fazê suadô

Oi lá

Cada vez que eu caio, caio deferente

Meaço pá trás e caio pá frente, caio devagar, caio de repente, vô de corrupio, vô deretamente

Mas sendo de pinga, eu caio contente

Oi lá

Pego o garrafão e já balanceio que é pá mor de vê, se tá memo cheio

Não bebo de vez porque acho feio

No primeiro gorpe chego inté no meio

No segundo trago é que eu desvazeio

Oi lá

Eu bebo da pinga porque gosto dela

Eu bebo da branca, bebo da amarela

Bebo nos copo, bebo na tijela

E bebo temperada com cravo e canela

Seja quarqué tempo, vai pinga na guela

Oi lá

Ê marvada pinga!

Eu fui numa festa no Rio Tietê

Eu lá fui chegando no amanhecê

Já me dero pinga pra mim bebê

Já me dero pinga pra mim bebê e tava sem fervê

Eu bebi demais e fiquei mamada

Eu cai no chão e fiquei deitada

Ai eu fui prá casa de braço dado

Ai de braço dado, ai com dois sordado

Ai muito obrigado!

-----------------------------------fim

(*) músicas caipiras.

Tio Babá
Enviado por Tio Babá em 21/11/2015
Reeditado em 23/11/2015
Código do texto: T5455997
Classificação de conteúdo: seguro
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