LETRAS DE MÚSICA QUE VALEM A PENA LER (MPB)

1. “MUCURIPE”- AUTORES: FAGNER e BELCHIOR

As velas do Mucuripe

Vão sair para pescar

Vou levar as minhas mágoas

Pra águas fundas do mar

Hoje à noite namorar

Sem ter medo de saudade

Sem vontade de casar

Calça nova de riscado

Paletó de linho branco

Que até o mês passado

Lá no campo 'inda era flor

Sob o meu chapéu quebrado

O sorriso ingênuo e franco

De um rapaz novo encantado

Com vinte anos de amor

Aquela estrela é dela

Vida, vento, vela leva-me daqui

2. “Chuá Chuá”- AUTORES: Pedro Sá Pereira e Ary Pavão

Deixa a cidade formosa morena

Linda pequena e volta ao sertão

Beber a água da fonte que canta

Que se levanta do meio do chão.

Se tu nasceste cabocla cheirosa

Cheirando a rosa, no peito da terra

Volta pra vida serena da roça

Daquela palhoça no alto da serra.

E a fonte a cantar, chuá, chuá

E a água a correr, chuê, chuê

Parece que alguém, que cheio de mágoa

Deixasse quem há, de dizer a saudade

No meio das águas, rolando também.

A lua branca de luz prateada

Faz a jornada no alto do céu

Como se fosse uma sombra altaneira

Da cachoeira fazendo escarcéu.

Quando essa luz lá na altura distante

Loira ofegante, no poente cair

Dai essa trova que o pinho descerra

Que eu volto pra serra que eu quero partir

E a fonte a cantar; chuá, chuá

E a água a correr; chuê, chuê

Parece que alguém, que cheio de mágoa

Deixasse quem há, de dizer a saudade

No meio das águas, rolando também.

3. “ROSA” – AUTOR: PIXINGUINHA

Tu és, divina e graciosa

Estátua majestosa do amor

Por Deus esculturada

E formada com ardor

Da alma da mais linda flor

De mais ativo olor

Que na vida é preferida pelo beija-flor

Se Deus me fora tão clemente

Aqui nesse ambiente de luz

Formada numa tela deslumbrante e bela

Teu coração junto ao meu lanceado

Pregado e crucificado sobre a rósea cruz

Do arfante peito seu

Tu és a forma ideal

Estátua magistral oh alma perenal

Do meu primeiro amor, sublime amor

Tu és de Deus a soberana flor

Tu és de Deus a criação

Que em todo coração sepultas um amor

O riso, a fé, a dor

Em sândalos olentes cheios de sabor

Em vozes tão dolentes como um sonho em flor

És láctea estrela

És mãe da realeza

És tudo enfim que tem de belo

Em todo resplendor da santa natureza

Perdão, se ouso confessar-te

Eu hei de sempre amar-te

Oh flor meu peito não resiste

Oh meu Deus o quanto é triste

A incerteza de um amor

Que mais me faz penar em esperar

Em conduzir-te um dia

Ao pé do altar

Jurar, aos pés do onipotente

Em preces comoventes de dor

E receber a unção da tua gratidão

Depois de remir meus desejos

Em nuvens de beijos

Hei de envolver-te até meu padecer

De todo fenecer

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4. “A VIDA É UM MOINHO” – AUTOR: CARTOLA

Ainda é cedo, amor

Mal começaste a conhecer a vida

Já anuncias a hora de partida

Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, querida

Embora eu saiba que estás resolvida

Em cada esquina cai um pouco a tua vida

Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem, amor

Preste atenção, o mundo é um moinho

Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho

Vai reduzir as ilusões a pó

Preste atenção, querida

De cada amor tu herdarás só o cinismo

Quando notares estás à beira do abismo

Abismo que cavaste com os teus pés

5. “AS ROSAS NÃO FALAM” – AUTOR: CARTOLA

Bate outra vez

Com esperanças o meu coração

Pois já vai terminando o verão

Enfim,

Volto ao jardim

Com a certeza que devo chorar

Pois bem sei que não queres voltar

Para mim,

Queixo-me às rosas

Mas que bobagem

As rosas não falam

Simplesmente as rosas exalam

O perfume que roubam de ti, ai,

Devias vir

Para ver os meus olhos tristonhos

E, quem sabe, sonhavas meus sonhos

Por fim!

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6. “LUA BRANCA” – AUTORA: CHIQUINHA GONZAGA

Oh, lua branca de fulgores e de encanto,

Se é verdade que ao amor tu dás abrigo,

Ah, Vem tirar dos olhos meus, o pranto,

Ai, vem matar essa paixão que anda comigo.

Oh, por quem és, desce do céu, ó lua branca,

Essa amargura do meu peito, ó vem, arranca,

Dá-me o luar da tua compaixão,

Ah, vem, por Deus, iluminar meu coração.

E quantas vezes, lá no céu, me aparecias,

A brilhar em noite calma e constelada.

E em tua luz então me surpreendias

Ajoelhado junto aos pés da minha amada.

E ela, a chorar, a soluçar, cheia de pejo,

Vinha em seus lábios me ofertar um doce beijo.

Ela partiu, me abandonou assim,

Oh, lua branca, por quem és; tem dó de mim!

7. ”NO RANCHO FUNDO” – AUTORES: Ary Barroso e Lamartine Babo

No rancho fundo

Bem pra lá do fim do mundo

Onde a dor e a saudade

Contam coisas da cidade...

No rancho fundo

De olhar triste e profundo

Um moreno canta as mágoas

Tendo os olhos rasos d'água...

Pobre moreno

Que de noite no sereno

Espera a lua no terreiro

Tendo um cigarro

Por companheiro...

Sem um aceno

Ele pega na viola

E a lua por esmola

Vem pro quintal

Desse moreno...

No rancho fundo

Bem pra lá do fim do mundo

Nunca mais houve alegria

Nem de noite, nem de dia...

Os arvoredos

Já não contam

Mais segredos

E a última palmeira

Já morreu na cordilheira...

Os passarinhos

Internaram-se nos ninhos

De tão triste esta tristeza

Enche de trevas a natureza...

Tudo por que

Só por causa do moreno

Que era grande, hoje é pequeno

Pra uma casa de sapê...

Se Deus soubesse

Da tristeza lá serra

Mandaria lá pra cima

Todo o amor que há na terra...

Porque o moreno

Vive louco de saudade

Só por causa do veneno

Das mulheres da cidade...

Ele que era

O cantor da primavera

E que fez do rancho fundo

O céu melhor

Que tem no mundo...

Se uma flor desabrocha

E o sol queima

A montanha vai gelando

Lembra o cheiro

Da morena...

8. ”LUAR DO SERTÃO” – AUTORES: Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco

Não há, ó gente, ó não

Luar como esse do sertão

Não há, ó gente, ó não

Luar como esse do sertão

Oh! que saudade do luar da minha terra

Lá na serra branquejando folhas secas pelo chão

Este luar cá da cidade tão escuro

Não tem aquela saudade do luar lá do sertão

Não há, ó gente, ó não

Luar como esse do sertão

Não há, ó gente, ó não

Luar como esse do sertão

Se a lua nasce por detrás da verde mata

Mais parece um sol de prata prateando a solidão

E a gente pega na viola que ponteia

E a canção e a lua cheia a nos nascer do coração

Não há, ó gente, ó não

Luar como esse do sertão

Não há, ó gente, ó não

Luar como esse do sertão

Mas como é lindo ver depois por entre o mato

Deslizar calmo, regato, transparente como um véu

No leito azul das suas águas murmurando

E por sua vez roubando as estrelas lá do céu

Não há, ó gente, ó não

Luar como esse do sertão

Não há, ó gente, ó não

Luar como esse do sertão

9. “CARINHOSO” – AUTOR: Pixinguinha e João de Barro

Meu coração, não sei por que

Bate feliz quando te vê

E os meus olhos ficam sorrindo

E pelas ruas vão te seguindo

Mas mesmo assim foges de mim

Ah, se tu soubesses

Como sou tão carinhoso

E o muito, muito que te quero

E como é sincero o meu amor

Eu sei que tu não fugirias mais de mim

Vem, vem, vem, vem

Vem sentir o calor dos lábios meus

À procura dos teus

Vem matar essa paixão

Que me devora o coração

E só assim então serei feliz

Bem feliz

10. “TRISTEZA DO JECA” – (*) AUTOR: Angelino de Oliveira

Nestes versos tão singelos

Minha bela, meu amor

Pra você quero contar

O meu sofrer e a minha dor

Eu sou como o sabiá

Quando canta é só tristeza

Desde o galho onde ele está

Nesta viola eu canto e gemo de verdade

Cada toada representa uma saudade

Eu nasci naquela serra

Num ranchinho beira chão

Todo cheio de buraco

Onde a lua faz clarão

Quando chega a madrugada

Lá na mata a passarada

Principia o barulhão

Nesta viola, eu canto e gemo de verdade

Cada toada representa uma saudade

Lá no mato tudo é triste

Desde o jeito de falar

Pois o Jeca quando canta

Dá vontade de chorar

O choro que vem caindo

Devagar vai se sumindo

Como as águas vão pro mar

Nesta viola, eu canto e gemo de verdade

Cada toada representa uma saudade

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11. “CANÇÃO DA AMÉRICA” – AUTORES: Fernando Brandt e Milton Nascimento

Amigo é coisa para se guardar

Debaixo de sete chaves

Dentro do coração

Assim falava a canção, que na América ouvi

Mas quem cantava chorou

Ao ver o seu amigo partir... .

Mas quem ficou, no pensamento voou

Com seu canto que o outro lembrou

E quem voou, no pensamento ficou

Com a lembrança que o outro cantou

Amigo é coisa para se guardar

No lado esquerdo do peito

Mesmo que o tempo e a distância digam: "não"!

Mesmo esquecendo a canção ... .

O que importa é ouvir

A voz que vem do coração

Pois seja o que vier, venha o que vier

Qualquer dia, amigo, eu volto

A te encontrar

- Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar!

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12. “Cio da Terra”– AUTORES: Chico Buarque de Holanda e Milton Nascimento

Debulhar o trigo

Recolher cada bago do trigo

Forjar no trigo o milagre do pão

E se fartar de pão

Decepar a cana

Recolher a garapa da cana

Roubar da cana a doçura do mel

Se lambuzar de mel

Afagar a terra

Conhecer os desejos da terra

Cio da terra, a propícia estação

E fecundar o chão

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13. “Chovendo na Roseira”– AUTOR: Tom Jobim

Olha, está chovendo na roseira

Que só dá rosa, mas não cheira

A frescura das gotas úmidas

Que é de Luisa

Que é de Paulinho

Que é de João

Que é de ninguém

Pétalas de rosa carregadas pelo vento

Um amor tão puro carregou meu pensamento

Olha, um tico-tico mora ao lado

E passeando no molhado

Adivinhou a primavera

Olha que chuva boa prazenteira

Que vem molhar minha roseira

Chuva boa criadeira

Que molha a terra

Que enche o rio

Que limpa o céu

Que traz o azul

Olha o jasmineiro está florido

E o riachinho de água esperta

Se lança em vasto rio de águas calmas

Ah, você é de ninguém

Ah, você é de ninguém

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14. “Você vai Gostar”– AUTORES: Almir Satter e Sérgio Reis

Fiz uma casinha branca lá no pé da serra

pra nós dois morar fica perto da barranca

do rio Paraná o lugar é uma beleza

e eu tenho certeza você vai gostar

Fiz uma capela

bem do lado da janela

pra nós dois rezar

quando for tempo de festa

você veste o seu vestido de algodão

quebro o meu chapéu na testa

para arrematar as coisas do leilão

satisfeito vou levar você de braço dado atrás da procissão

vou com meu terno riscado

uma flor do lado

e o meu chapéu na mão

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15. “Um Índio”– AUTOR: Caetano Veloso

Um índio descerá de uma estrela colorida, brilhante

De uma estrela que virá numa velocidade estonteante

E pousará no coração do hemisfério sul

Na América, num claro instante

Depois de exterminada a última nação indígena

E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida

Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias

Virá

Impávido que nem Muhammad Ali

Virá que eu vi

Apaixonadamente como Peri

Virá que eu vi

Tranquilo e infalível como Bruce Lee

Virá que eu vi

O axé do afoxé Filhos de Gandhi

Virá

Um índio preservado em pleno corpo físico

Em todo sólido, todo gás e todo líquido

Em átomos, palavras, alma, cor

Em gesto, em cheiro, em sombra, em luz, em som magnífico

Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico

Do objeto-sim resplandecente descerá o índio

E as coisas que eu sei que ele dirá, fará

Não sei dizer assim de um modo explícito

Virá

Impávido que nem Muhammad Ali

Virá que eu vi

Apaixonadamente como Peri

Virá que eu vi

Tranquilo e infalível como Bruce Lee

Virá que eu vi

O axé do afoxé Filhos de Gandhi

Virá

E aquilo que nesse momento se revelará aos povos

Surpreenderá a todos não por ser exótico

Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto

Quando terá sido o óbvio

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16) “Tudo é Magnífico” –Haroldo Barbosa (1915-1979)

Magnífica é aquela tragada puxada depois do café

Magnífica é a escola de bola de um homem chamado Pelé

Magnífico é o papo da tarde, na mesa de amigos no bar

Magnífico é o barco voltando, depois dos castigos do

Mar

Magnífica é a lágrima calma, que tantos segredos

Contém

Magnífico é o homem do espaço, voando no céu de

Ninguém

Formidável sou eu, que abraço no espaço, a saudade de

Alguém

Formidável sou eu esperando, querendo, sofrendo,

Sabendo que você não vem

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17) “Asa Branca” – Luis Gonzaga e Humberto Teixeira

Quando oiei a terra ardendo

Com a fogueira de São João

Eu preguntei, a Deus do céu, ai

Por que tamanha judiação

Que braseiro, que fornaia

Nem um pé de prantação

Por farta d'água perdi meu gado

Morreu de sede meu alazão

Inté mesmo a asa branca

Bateu asas do sertão

Entonce eu disse adeus Rosinha

Guarda contigo meu coração

Hoje longe muitas légua

Numa triste solidão

Espero a chuva cair de novo

Para mim vorta pro meu sertão

Quando o verde dos teus oios

Se espaiar na prantação

Eu te asseguro não chore não, viu

Que eu vortarei, viu

Meu coração

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18) “É” – Gonzaguinha

Eu acredito é na rapaziada

Que segue em frente e segura o rojão

Eu ponho fé é na fé da moçada

Que não foge da fera e enfrenta o leão

Eu vou à luta com essa juventude

Que não corre da raia a troco de nada

Eu vou no bloco dessa mocidade

Que não tá na saudade e constrói

A manhã desejada

Aquele que sabe que é negro

o coro da gente

E segura a batida da vida o ano inteiro

Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro

E apesar dos pesares ainda se orgulha de ser brasileiro

Aquele que sai da batalha

Entra no botequim, pede uma cerva gelada

E agita na mesa logo uma batucada

Aquele que manda o pagode

E sacode a poeira suada da luta e faz a brincadeira

Pois o resto é besteira

E nós estamos pelaí...

Eu acredito é na rapaziada

Que segue em frente e segura o rojão

Eu ponho fé é na fé da moçada

Que não foge da fera e enfrenta o leão

Eu vou á luta com essa juventude

Que não corre da raia a troco de nada

Eu vou no bloco dessa mocidade

Que não tá na saudade e constrói

A manhã desejada

Aquele que sabe que é negro

o coro da gente

E segura a batida da vida o ano inteiro

Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro

E apesar dos pesares ainda se orgulha de ser brasileiro

Aquele que sai da batalha

Entra no botequim, pede uma cerva gelada

E agita na mesa logo uma batucada

Aquele que manda o pagode

E sacode a poeira suada da luta e faz a brincadeira

Pois o resto é besteira

E nós estamos pelaí...

Eu acredito é na rapaziada

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19) “Alegria, Alegria” – Caetano Veloso

Caminhando contra o vento

Sem lenço e sem documento

Num sol de quase dezembro... eu vou...

O sol se reparte em crimes espaçonaves

Guerrilhas em Cardinales bonitas... eu vou...

Em caras de Presidentes

Em grandes beijos de amor

Em dentes pernas bandeiras

Bomba e Brigitte Bardot

O sol nas bancas de revista

Me enche de alegria e preguiça

Quem lê tanta notícia.. eu vou..

Por entre fotos e nomes

Os olhos cheios de cores

O peito cheio de amores... vãos...

Eu vou.. porque não.. porque não..

Ela pensa em casamento

E eu nunca mais fui à escola

Sem lenço e sem documento... eu vou...

Eu tomo uma coca-cola

Ela pensa em casamento

E uma canção me consola... eu vou...

Por entre fotos e nomes sem livros e sem fuzil

Sem fome sem telefone no coração do Brasil

Ela nem sabe até pensei

Em cantar na televisão

O sol é tão bonito.. eu vou

Sem lenço e sem documento

Nada no bolso ou nas mãos

Eu quero seguir vivendo... amor...

Eu vou.. porque não.. porque não..

Porque não.. porque não.. porque não..

Porque não...

40) “Esse Cara” – Chico Buarque de Holanda

Ah! Que esse cara tem me consumido

A mim e a tudo que eu quis

Com seus olhinhos infantis

Como os olhos de um bandido

Ele está na minha vida porque quer

Eu estou pra o que der e vier

Ele chega ao anoitecer

Quando vem a madrugada ele some

Ele é quem quer

Ele é o homem

Eu sou apenas uma mulher

---------------------------------------------------------fim

Tio Babá
Enviado por Tio Babá em 21/11/2015
Reeditado em 23/11/2015
Código do texto: T5455993
Classificação de conteúdo: seguro
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