Caderno Vermelho - O Coração de Papel 3°
Brigas...
Eu me lembro de muitas brigas, e todas elas com Joffrey. A coisa mais irritante que aquele ser tinha em si era que acreditava ser o dono da razão. SEEEMPRE!
Por mais errado que ele soubesse estar ele nunca admitiria. E isso era ridículo, tantas foram as vezes que preferi me calar e somente deixar que ele discutisse sozinho, mas ele tinha aquilo por vitória.
Me perguntava sempre até onde ele achava que iria com essa aditude de criança. Se aquilo era verdade ou mais uma máscara pra esconder os mals tratos que sofreu quando era criança pelas atitudes medíevais do pai.
Nos raros momentos em que ele e eu não brigávamos, ele me contava sobre como tinha sido a sua infância e eu me lembava a cada história de pensar em contar pra ele ou não a minha opinião a respeito do comportamento infantil dele ter relação com as agressões que ele sofria do pai. Mas aí eu me lembrava que ele ficaria na defensiva como sempre fazia quando eu falava sobre ele para ele.
Ele nunca foi do tipo que se abre, nunca foi do tipo sentimental e também nunca foi cortês, o que sempre fez e ainda me faz questionar;"Por que eu fui me apaixonar por Joffrey? "
Eu ainda lembro daquele dia, do dia em que eu percebi o que sentia por ele.
Como Sam e eu, Joffrey também já sofrera de paixão.
E não havia muito tempo. Então éramos amigos que serviam de amparo uns aos outros. Isso não nos causou mal, pelo contrário, foi benéfico. Nós saímos todas as noites para tomar sorvete, e neste dia não foi diferente.
Quando terminamos ficamos lá por um momento, discutindo sobre coisas que não tinham nem nunca terão relevância alguma para alguém, mas nos fazia sentir presentes alí, naquele momento. Foi quando Joffrey tirou da bolsa alguns papéis e eu, de costume curiosa, foleei-os e dentre os papéis, um coração caíra no chão. Era um origami, uma arte japonesa de dobradura de papel, era muito bonito, e eu lembro de ter mencionado o elogio como se hoje fosse, e pergunto a ele:
- Você que fez?
E ele me respondeu enquanto eu admirava o trabalho.( Confesso que sou grande fã de arte e também de lógica, origamis são o casamento perfeito da lógica e da arte.)
- Não, foi Brienne. Ela me entregou e pediu que abrisse em casa.
Quando Joffrey acatara de dizer essas palavras, eu havia acabado também de desfazer o trabalho de Brienne.
- Desculpa. Tive curiosidade de saber como funcionava cada dobradura.
- Tudo bem.
Havia algo escrito. Não, DESENHADO no papel. E Joffrey também havia notado.
- O que está escrito. Perguntou ele
- É JOFFREY. Ela escreveu seu nome.
E depois disso é um borrão em minha memória. Mas ainda consigo me lembrar do que senti. Incômodo. Não gostei do que aquilo poderia significar. Talvez tivesse medo do que Brienne, uma garota que era duas vezes mais alta, bonita e magra do que eu um dia poderia ser, sentia por Joffrey. Talvez tivesse medo pelo que eu mesma sentia por ele.
Talvez naquele instante eu devesse ter notado a ironia do destino em ação. Aquele coração de papel, um dia viria a ser os cacos que hoje é o meu.