Ésoj em busca do coração de ônix- Capítulo Quatr- encrencado
Tahta e Oris chegam à casa Real. Está uma balburdia, todos falam ao mesmo tempo e o Rei está conversando com todos os soldados reais. As fadas entram atordoadas no castelo atrás de Áurea, a Rainha.
- Precisamos montar uma equipe de busca. Quais inimigos você acha que seriam os primeiros e teriam motivos para nos atacar? – perguntava Liuka ao pai e aos generais da Guarda.
- As fadas têm muita mágoa de nós por terem perdido quase toda sua população em outros tempos. Fae com certeza teria motivos...- Siliak delibera.
- Sim, Fae tem todos os motivos, mas não se esqueça que os gigantes foram contra nossa estadia em Edadh e ficaram do lado delas quando quiseram nos atacar.
- Basicamente todos os povos ficaram contra os Edadhianos. Poderíamos começar a procurar nas terras mágicas das fadas e depois...
- Não foi Fae Majestade! – Tahta e Oris adentram o salão do palácio.
- Tahta! Oris! Sabem para onde Ésoj foi levado?
- Acreditamos que sim meu Rei.
- Ah, por favor, são amigos do meu neto não me chamem deste jeito.
- Desculpe, é o costume.
- Prossigam. Disseram que não foi Fae. Como têm tanta certeza?
Viram quem o levou?
- Vimos mais do que isso. – Oris está ofegante da corrida.
- A babá de Ésoj foi falar com ele ontem na praia e ele aceitou.
- Babá? Ésoj não tem babá.
- Aquela que vivia na casa quando nós éramos pequenos...
- Mariet?
- Isso, essa mesma.
- Não acredito! O que Mariet poderia querer com ele? E por que Ésoj foi ao seu encontro?
- Ele disse que a conhecia e que ela não lhe faria mal. Disse que ela queria matar a saudade e era só.
- Mas eles conversaram tempo demais para ser apenas saudade e quem mata saudade não precisa cochichar como estavam fazendo. – intervém Tahta.
- Onde vocês a viram mesmo?
- Na praia depois da aula.
- Mariet foi mandada embora daqui por tentar roubar o coração, só não contei isso para Ésoj porque ele era apegado demais a ela e não entenderia. Não quis magoá-lo sendo tão novo. Ele era jovem demais para conhecer um coração maldoso. Mariet nunca gostou de Ésoj como ele pensa, foi tudo parte de um plano... – resmunga Liuka em suas lembranças.
- Teria Mariet o levado consigo?
- Não vejo por quê.
- Desta forma conseguiria manipular o Rei.
- É uma possibilidade...
- Você não acha que ela o mataria, acha?
- Não, creio que não. Mariet pode ser perversa ou melhor, inescrupulosa, mas não acho que seja assassina.
- Espero que esteja certo Siliak. – uma ruga de expressão aparece na testa mágica e jovial da Rainha.
- Bem, então o que estão esperando? Vamos procurar meu neto. – o Rei é enfático e logo a guarda começa a se movimentar. Tahta e Oris correm para a praia, por ter visto Mariet lá acreditam que o lugar seja propício para que tenha retornado já que a vigilância ali era fraca.
- Tem certeza de que quer procurar primeiro aqui Tahta? – Oris pergunta tentando acompanhar os passos apressados da amiga.
- Se eu fosse Mariet e não pudesse voltar para cá, iria para um lugar onde ninguém me veria e onde qualquer ajuda ou pedido de socorro fosse ignorada. Olhe bem aquela praia! Tem apenas o mar e as árvores quem iria ouvir Ésoj berrando? – eles se aproximam das rochas. – E outra, essas rochas são muito limosas qualquer um que se arriscar a correr fácil se machucaria.
Nesse momento eles escutam um grito. Mas, não qualquer grito. Era um grito de desespero feito pela voz tão familiar do amigo.
- Socorro!!! Socorro!!!
- Ésoj!
Tahta e Oris correm o mais rápido que o terreno perigoso permite.
Depois de atravessarem a última rocha, visualizam os cabelos de fogo do amigo imersos na água do mar.
- Ésoj. Estamos aqui! – Oris se atira sobre ele, puxando para fora.
Ésoj mantém os olhos fechados.
Oris o chacoalha inteiro enquanto Tahta tenta desamarrá-lo.
- Está muito apertado!
- Ésoj? Ésoj, você está bem? Amigão fala comigo!!!
- Sim, se você parar de chacoalhar minha cabeça... Está me dando enjoo.
- Ah... foi mal.
- Onde está Mariet? – pergunta Oris finalmente desatando os nós.
- Ela se foi. Ela pegou a pedra! Minha nossa! Estou perdido. Meu vô vai me matar. E o meu pai deve estar furioso.
- Por hora todos te procuram, estão achando que foi raptado por ela.
- Seria melhor que tivesse sido. Pelo menos teria uma desculpa.
- Credo Ésoj.
- Mas também! Por que confiar naquela bruxa? Nós te dissemos...
- Tahta!- Oris a fuzila. – Pelo menos ele está bem.
Tahta entorta uma careta e revira os olhos.
- Argh. Eu sei. É bom que esteja bem Ésoj. É só que...
- Eu fui burro. Eu sei. Thata nem quero imaginar a aldeia agora.
- Eles já sabem. A guarda teve que ser acionada para procurar tanto você quanto o coração.
- O que será de nós sem ele?
- Bem... possivelmente vamos nos tornar agressivos de novo e um pouco intolerantes, até nos virarmos uns contra os outros e nos atacar, isso é claro se as fadas não conseguirem criar alguma solução.
- Tahta! Foi uma pergunta retórica! Não era para responder!!!!
- Ah... desculpe. Foi o impulso.
- Mariet disse que fazia isso para poupá-lo. Para poupar meu vô de uma guerra que se aproximava. Tahta... Oris... eu nunca faria isso sem uma boa razão. Acreditei nela.
- Só espero que seus pais acreditem também Ésoj.
Eles voltam todos calados. Tahta estava feliz por ver o amigo bem, mas estava muito preocupada com o que estava por vir. Não sabia como os Edadhianos ficariam tendo o coração sido roubado. Oris ao contrário mal pensava na pedra.
Quando eles chegam à aldeia todos estão espelhados em busca incessante. Os três entram no palácio aguardando no salão principal. Não há uma vivalma.
De repente a porta se escancara e os quatro entram esbaforidos.
- Ésoj! Meu filho! Até que enfim! Onde estava?
- Ele foi amarrado na praia.
- Amarrado? Aquela Mariet!
- O que deu em você para ouvi-la? – repreende-o Liuka.
- Ela me parecia boa, pai. Disse que ia ajudar vovô a impedir uma guerra.
- Impedir uma guerra Ésoj? – berrava o Rei Siliak, que a esta altura era uma pilha de nervos. – Você acabou de recomeçá-la. Teremos que reaver o coração e isso não será fácil. Você! Tinha que ser tão xereta?!
- Pai, acalme-se.
- Não é de hoje que digo que esse garoto nos traz problemas e que precisa saber controlá-lo Liuka!
- Ele é apenas uma criança pai.
- Pois é. Imagine quando crescer. Até lá nem mais cabelos eu terei.
- Desculpe vô.
- Você é muito irresponsável Ésoj.
- Ora Siliak ele não teria corrido atrás de Mariet se soubesse que tipo de pessoa ela era.
Ésoj, que agora se sentia menor do que de fato era, apenas assentia, porque para ele o vô Siliak tinha razão. Se não acreditasse em Mariet jamais teria perdido o coração. Então ele decidiu que custasse, ainda que fosse a própria vida, ele o traria de volta.